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latakiaSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Nos últimos dias, Netanyahu, o primeiro-ministro israelense, foi à Rússia. O imperialismo reclamou dos “excessos” dos russos. Putin se encontrou, em Sochi, com o Ministro da Defesa saudita, Mohammed bin Salman, e o Comandante Supremo das Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed al-Nuhayyan.


Força aérea russa marca presença em Latakia para ajudar governo sírio. Foto: Mil.ru/Wikimedia Commons (CC BY 4.0) 

A reação mundial continua muito preocupada com a entrada em cena, com vigor, da Rússia numa das áreas mais disputadas do mundo, o Oriente Médio. Por trás das declarações conjuntas mirabolantes estão colocados interesses econômicos e políticos fundamentais para a sobrevivência desses países como potências regionais.

O Oriente Médio aparece no primeiro plano da “política do salve-se quem puder” impulsionada pelo aprofundamento da crise capitalista mundial. Uma espécie de ninho de cobras onde cada um tenta engolir os inimigos e, quando não há alternativas, também os “amigos”.

Os sauditas e a Síria

A disputa pelo controle do Oriente Médio se tornou um dos componentes fundamentais das potências regionais e do imperialismo devido ao petróleo, à posição estratégica no comércio mundial e à posição de entre-mercado no Novo Caminho da Seda chinês que busca acelerar as trocas entre a China e a Europa.

Primeiramente, as monarquias do Golfo buscam reduzir a influência do Irã na região. Nisso compartilham a mesma política dos sionistas israelenses.

Há negócios muito lucrativos envolvendo não somente o petróleo, mas também o fornecimento de gás a partir do mega-campo de Pars, que compartilham o Irã e o Catar. Os gasodutos passam pela Arábia Saudita e a Síria.

O Irã representa um fator de desestabilização em todos os países da região onde existem minorias xiitas. Estas tendem a se alinhar ao regime dos aiatolás e a entrar em contradição com as monarquias do Golfo. Na Faixa de Gaza, houve uma ruptura adicional ao frágil equilíbrio devido à proximidade do Hamas (sunita) com a poderosa milícia libanesa Hizbollah (xiita) e o Irã.

A Arábia Saudita reprimiu a sangue e fogo enormes manifestações que aconteceram em 2011 e 2012, na Província Oriental, habitada majoritariamente por xiitas, onde se encontram as principais reservas de petróleo. O mesmo foi feito em Bahrein e no Kuwait. A política genocida contra os Houthis, no Iêmen, está conseguindo prosperar, mas tendo como custo a vietnamização do conflito, um verdadeiro pântano para os sauditas, que já estão enfrentando a extensão do conflito no próprio território.

Os principais inimigos dos sauditas são os iranianos, que também o são das demais monarquias do Golfo e dos sionistas israelenses. O Irã é um aliado próximo da Rússia, mas, quando se trata da disputa por mercados, as políticas vão além das “amizades”. Tanto a Arábia Saudita como a Federação Russa estão batendo recordes na produção de petróleo, acima dos 10 milhões de barris diários, apesar dos preços terem despencado, mostrando a baixa intenção de abrir espaço para os novos volumes de petróleo e também de gás iraniano que o Irã deverá colocar no mercado assim que as sanções forem efetivamente levantadas.

Os sauditas têm importantes contradições com a política da Administração Obama para o Oriente Médio, assim como acontece com Israel. Obama orientou a aliança para o Irã, a Rússia e a China, na tentativa de estabilizar o Oriente Médio. Mas no ninho de cobras, a “fila anda” e também há voltas e reviravoltas. Conforme a crise se aprofunda, as alternativas ficam cada vez mais restritas, mas se amplia o vale tudo.

Deter a ofensiva da aviação russa?

Nas reuniões com os representantes dos sauditas e os Emirados Árabes Unidos, Putin colocou como linha vermelha o fornecimento dos mísseis portáteis de defesa anti-aérea para os “rebeldes”.

Os russos já instalaram o sistema de mísseis S-300, na Síria, a partir de um navio estacionado em Latakia, com o objetivo de blindar o espaço aéreo. Os mísseis terra-ar SA-22 proveem defesa adicional contra os ataques aéreos orientados a atacar as tropas em terra.

A política de Putin conta com o apoio da Administração Obama que também colocou como linha vermelha o fornecimento de mísseis terra-ar para os “rebeldes”. As experiências passadas, em vários países, mostraram a facilidade com que o armamento de ponta vai parar nas mãos dos “rebeldes” que se encontram mais longe do controle do imperialismo e da reação, principalmente, Jabhat al-Nusra (a al-Qaeda na Síria) e o Estado Islâmico. A própria aviação norte-americana ficaria exposta não somente na Síria, mas também no Iraque.

Os sauditas tinham fornecido aos “rebeldes” os sistemas antitanques BGM-71E TOW, acelerando o enfraquecimento do exército. A mesma política foi aplicada pelos sauditas para combater a invasão do Afeganistão pela União Soviética e para apoiar os “rebeldes islâmicos” da Tchetchênia na década de 1990.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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