No mesmo dia em que os meios espanhóis pormenorizavam como continuará o processo contra o Presidente da Generalitat Artur Mas - a quem Madrid ameaça mesmo com a prisão por ter convocado uma consulta popular em novembro de 2014 -, o candidato da CUP, Antonio Baños, explicava como a organização focará a negociação para empreender o caminho para a República Catalã. A CUP é a aposta da esquerda anticapitalista e independentista com presença nas instituições do Principado logo após as históricas eleições de passado dia 27, e iniciar o caminho da separação do Reino da Espanha requer do acordo dessa força e a coalição independentista - ganhadora das eleições - Junts pel Sí.
Numa entrevista na TV3 catalã, disse, que "Teremos parlamento e governação independentista pela primeira vez na Catalunha. Alegremos-nos desta vitória que a imprensa de Madrid não entendeu". Disse que a CUP já tinha teve telefónicos para começar a conversar. E assegurou: "Isto sairá bem".
Não haverá declaração unilateral de independência por enquanto
A CUP não vê possível uma declaração de independência unilateral agora . "A DUI imediata subordinava-se a mais de 50% dos votos. A comunidade internacional não entenderia que agora fizéssemos esta DUI. Mas temos um roteiro com um plano de choque" que inclui política social para que "não haja despejos e que todo mundo possa fazer três refeições por dia. Temos de ter um país digno. E faz falta desobedecer leis". "Não temos que obedecer leis de um tribunal exterior", frisou Baños esta manhã na TV3. A CUP só dará o seu apoio sob cumprimento dessas condições.
Sobre o Governo de Concentração
A CUP, explicou Baños, está de acordo com JxS no estabelecimento de um Governo de Concentração que até um ano e meio comece um processo constituínte para a proclamació da república catalã e a votação em referendo d uma constituição catalã. A CUP não fará parte deste governo, mas dará apoio parlamentar. E o Governo, diz, não deve ser presidido por Mas - neoliberal e atual presidente em funções da Generalitat da Catalunha - mas por uma figura de consenso.
Sobre a negociação com Madrid
"Em condição de que iremos a Madri a negociar? Como autonomia espanhola? Já sabemos o quê nos darão. Nós propomos ir a todo por todos os lados a negociar como governação independentista, como governação soberana. O mandato de dia 27 é que a Catalunha já é soberana. Temos de ver desde qual posição vamos". Baños considera que o melhor será fazer "um referendo sobre a constituição catalã. Mas o mandato [para a independência] já o temos, o independentismo já ganhou. Não esperamos Madrid. Vamos avançando. Há muitas leis para desobedecer".
Reino de Espanha quer processar Artur Mas por consultar o povo. CUP dá suporte a Mas frente à repressão, mas não permitirá uma nova presidência dele
No mesmo dia em que Baños concedia a entrevista à TV3, conhecia-se a notícia do processamento do Presidente Mas como consequência da convocatória de umha consulta popular sobre a independência em 9 de novembro de 2014. Madrid tentou na altura deter a dita consulta, sem sucesso. Agora, tenciona levar perante as cortes espanholas o máximo responsável institucional dela. A CUP deu um apoio nídio a Artur Mas, e Baños disse ontem que "teremos o maior prazer se querem processar-nos a todos". Esclareceu, no entanto, que isso não muda em nada a sua opinião a respeito do nomeamento de Mas como Presidente do novo governo: não vão permitir.
Baños exprimiu as razões para não investir Artur Mas: "Estou de acordo com algumas coisas que disse o Presidente Mas. Temos uma responsabilidade compartilhada com JxS. Mas nós tínhamos tomado o acordo de não dar apoio à investidura de Mas. Agora temos um mandato democrático; começamos uma nova época. (...) "Nós não votaremos sim à investidura de Mas. Por isso temos de negociar. Encontraria surpreendente não encontrarmos uma figura de consenso. Devemos encontrar um acordo entre todos, porque assim é como construímos o processo entre todos".
"Temos as condições para que isto saia bem. Agora só se trata de fazer política" - esclarecia Baños na entrevista de hoje, demonstrando muito às claras como a Catalunha avança no seu plano face à liberdade.
Blockout informativo no Estado espanhol
Logo da vitória independentista e o ascenso das opçons revolucionárias no cenário institucional catalão, o blockout informativo sobre a Catalunha é absoluto no Reino da Espanha, onde se diz, contra os dados reais, que o independentismo saiu derrotado da cita eleitoral. Essa opinião parece doutro planeta na Catalunha, onde quer em assentos quer em votos, os e as partidárias do 'Sim' ultrapassárom as partidárias do 'Não'.
Com informações de Vilaweb