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caçaSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Após o colapso da União Soviética, o governo russo tem tentado conter o aumento da pressão do imperialismo, norte-americano, europeu e da OTAN, por meio de estados semi congelados.


Caça Su-30 é enviado pela Rússia como parte das operações militares na Síria. Foto: Maxim Blinov/Sputnik

O Estado alauíta, que o governo russo tem fortalecido, em frente única com o governo do Irã, é muito parecido com os demais estados semicongelados que os russos apoiam. A Transnístria na Moldávia. A Ossétia do Sul e a Abkhazia na Geórgia. Nagorno Karabakh que é um enclave da Armênia, aliado muito próximo da Rússia, no Azerbaijão. As autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk (Donbass) na Ucrânia. Kaliningrado, apesar de ser parte integrante da Rússia, funciona como um enclave em relação às repúblicas do Báltico e à Polônia que são governadas por uma direita recalcitrante que atua como a ala direita da OTAN. A Península da Crimeia, após o referendo de 2013, passou a fazer parte da Federação Russa. A Crimeia cumpre um papel chave na política militar e exterior russa por causa da presença da Frota Russa do Mar Negro.

O novo enclave contempla o fortalecimento militar de toda a região controlada pelos alauítas. O norte do Líbano, que compreende toda a costa do Mediterrâneo. A região oriental do Líbano, inclusive Damasco, a capital da Síria. Parte da região sudeste do Líbano, criando uma espécie de sanduiche contra as posições controladas por grupos ligados a al-Nusra (a al-Qaeda na Síria), apoiados pelos sionistas israelenses, na fronteira com Israel.

Leia também: Síria: um Estado alauíta?

Por causa do aprofundamento da crise capitalista, o governo Putin tenta aliviar a pressão das sanções, impostas a partir da crise aberta na Ucrânia com o golpe fascista, e dos repasses a esses semiestados.

No caso da Ucrânia, a Rússia tem se envolvido em negociações com o imperialismo europeu, a Administração Obama e o governo ucraniano na tentativa de conter a escalada do conflito. A visita do chefe do Departamento de Estado norte-americano, John Kerry, a Sochi (sul da Rússia), que aconteceu em junho, marcou uma virada na situação política que acabou se materializando nos acordos de cessar-fogo assinados no dia 1 de setembro.

A Administração Obama busca estruturar uma frente única com o objetivo de conter a desestabilização no Oriente Médio como uma das principais políticas para manter a “ala centrista” dos partidos burgueses tradicionais nos Estados Unidos à frente do cenário político, perante o rápido crescimento da ala direita, principalmente no contexto das eleições que acontecerão no próximo ano.

A moeda de negociação do governo russo com o imperialismo é a participação na guerra pela contenção dos grupos islâmicos no Oriente Médio na busca do alívio das sanções.

Frente única ou guerra no Oriente Médio?

A Administração Obama está tentando colocar em pé uma frente única no Oriente Médio com o objetivo de conter a enorme desestabilização da região. Mas essa política, ao mesmo tempo, entra em conflito com o pântano das contradições entre as alas do imperialismo, e as potências regionais, que disputam a influência. A disputa entre as potências regionais têm se exacerbado.

A obscurantista monarquia da Arábia Saudita, ligada estreitamente à ala direita do imperialismo, financia vários grupos guerrilheiros que atuam principalmente na fronteira sul da Síria. No norte, predominam os grupos financiados pela Turquia que, às vezes, coincidem com os que são financiados pela Arábia Saudita ou pelo Catar.

Os curdos iraquianos mantêm proximidade com o imperialismo norte-americano e europeu, e os sionistas israelenses, e uma proximidade menor com o governo turco. Mas os curdos sírios são ligados aos curdos turcos do PKK (o Partido dos Trabalhadores) e, portanto, considerados como inimigos pelo governo turco apesar de terem contado com o apoio da aviação norte-americana nos combates contra o Estado Islâmico.

O Irã atua em frente única com a Rússia em apoio ao regime de al-Assad. O papel principal de apoio ao Exército Sírio cabe ao Hizbollah, a poderosa milícia libanesa, e às milícias xiitas. Obviamente, os assessores russos e os Quds iranianos, a força de operações especiais da Guarda da Revolução Islâmica, se encontram em plena atividade.

A tentativa do governo russo de criar um enclave alauíta na Síria disparou os alarmes da reação no Oriente Médio.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou a Moscou, para se encontrar com o presidente Putin, devido à preocupação do fortalecimento do Hizbollah no caso de que armas de última geração caíssem nas suas mãos.

Além dos sionistas israelenses, também os turcos, os sauditas, o Catar, o imperialismo norte-americano e europeu.

A criação de uma nova Transnístria, Ossétia do Sul, Donbass ou Karabakh, na Síria, enfrentará muito maiores dificuldades.

A ala dominante do imperialismo europeu apoia essa política. Não por acaso, o presidente francês, François Hollande, ordenou a retomada dos bombardeios contra o Estado Islâmico. Os governos da França e da Alemanha também buscam o fim das sanções contra a Rússia, o que poderá acontecer no próximo mês de janeiro. Mas há a forte pressão da direita na Europa e do imperialismo norte-americano.

A ala direita do imperialismo europeu e norte-americano é impulsionada pelos monopólios com o objetivo de conter o aprofundamento da crise. Para o próximo período, está previsto um colapso capitalista de gigantescas proporções.

O acirramento das contradições na Síria poderá levar a Rússia a se meter num pântano parecido como o que a antiga União Soviética enfrentou no Afeganistão. O acirramento do confronto militar entre os grupos guerrilheiros deverá levar ao envolvimento cada vez maior do Exército russo na Síria. Ao mesmo tempo, o aprofundamento da crise capitalista pode levar a ala direita do imperialismo aos governos de países centrais. Uma eventual retomada dos conflitos na Ucrânia obrigará a Rússia a lutar em duas frentes simultaneamente.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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