O documento, apresentado pelo congressista Adam Kinzinger em 18 de Novembro, foi aprovado logo a seguir à mensagem de Vladimir Putin à Assembleia Federal da Federação da Rússia.
A resolução, aprovada por esmagadora maioria, está redigida ao melhor estilo da Guerra Fria, com referências à «agressão política, económica e militar» da Rússia e exigências de retaliação, como o apoio ao exército ucraniano com meios de defesa e de vigilância, o fim das relações da NATO e dos seus aliados com a Rússia, e o aumento da pressão sobre outros países para que se juntem à «coligação de sanções» contra a Rússia. O texto – que escancara a porta a nova corrida aos armamentos – propõe ainda que os EUA exerçam uma «pressão agressiva» sobre o presidente russo de forma a obrigá-lo a «comportar-se de outra maneira».
De acordo com o perito militar Boris Podoprigora, citado pela Voz da Rússia, Washington desenterrou o machado da Guerra Fria e tem vindo a manobrar no seio da NATO de forma a silenciar as vozes mais favoráveis a um entendimento com Moscovo. E se algumas persistem, considera o perito, são provavelmente para manter a imagem.
«Nenhuma das discussões entre os aliados da NATO irão impedir os Estados Unidos, como principal país da Aliança, de tomarem em nome da Aliança Atlântica as decisões que eles próprios consideram correctas. Dessa forma, eu não diria que há qualquer divisão no seio da NATO. Realmente, no contexto de um pretenso consenso, os Estados Unidos estimulam mesmo algumas declarações de carácter duvidoso, consideremo-lo assim. Mas isso está ligado, mais uma vez, a uma determinada linha político-informativa e não à sua essência. Portanto, devemos separar a parte propagandística da parte que é propriamente de trabalho.»
Segundo outros analistas, as contradições no seio da Aliança não podem no entanto ser ignoradas. Ainda na recente reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da NATO, o chefe da diplomacia alemã Frank-Walter Steinmeier manifestou a sua preocupação pela «ausência, em condições de uma crise política, de mecanismos de interacção com Moscovo».
Steinmeier apelou a que se «ultrapasse o estado actual e se procure soluções para o restabelecimento dos contactos com a Rússia». Esta posição não será alheia aos interesses económicos em jogo, já que as sanções a Moscovo têm um efeito de boomerang na economia europeia.