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290814 uc0Ucrânia - Resistir - [Jacques Sapir] A situação militar continua a evoluir a favor dos insurrectos, tal como o descrevem agora múltiplas fontes, tanto ocidentais como dos insurrectos. A situação militar pode ser interpretada como se segue:


(a) Ao sul de DONETSK, as forças de Kiev estão evidentemente em plena derrota. Um cerco considerável está em vias de acontecer. As unidades cercadas provavelmente não terão outra escolha senão a destruição ou irem para a Rússia depois de terem sido desarmadas. Um correspondente estima entre 4000 e 5000 homens as forças cercadas, com um material considerável. Para o lado do Mar de Azov, o pânico que atinge as tropas de Kiev levou os insurrectos a avançarem muito rapidamente e a tomar o controle de Novoazovsk. Contudo, a falta de efectivos entre os insurrectos limita os ganhos territoriais e é duvidoso, no momento actual, que tenham forças para tomar Mariupol, salvo se esta cidade fosse abandonada pelas forças de Kiev. Entretanto, parecem estar a ser efectuadas operações ao norte de Volnobakha, na estrada que vai de Donetsk para Mariupol.

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(b) Na parte norte da frente, os insurrectos cercaram várias unidades que atacavam Lugansk pelo sul e parece terem liquidado pelo menos um dos "bolsões". Isto teria como efeito reabrir a grande estrada que vai de Lugansk à fronteira russa, passando por Krasniy Luch e Antracit. Constituíram-se vários bolsões, com um total de 3000 a 5000 homens. No global, provavelmente são 10 mil soldados de Kiev (exército regular e Guarda Nacional) que estão cercados e deverão render-se daqui a alguns dias. Os insurrectos conduzem actualmente operações ofensiva em direcção a Lisichansk, a leste mas na altura de Slavyansk.

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No total, entre as forças cercadas e as unidades que foram destruídas nos combates destes últimos dias, as forças de Kiev teriam perdido cerca de 12 a 15 mil homens, ou seja, um terço dos efectivos envolvidos nas operações dos insurrectos. Quantidades importantes de material militar foram capturadas. É uma grande vitória para estes últimos, cujas consequências políticas são consideráveis.

1. Está claro que a insurreição não será esmagada militarmente. Deste ponto de vista, a insurreição venceu. Kiev não dispõe mais de reservas suficientes para retomar a ofensiva. No máximo as forças de Kiev podem esperar estabilizar a frente em torno de um "semi-quadrado" cujo flanco oeste iria de Mariupol a Slavyansk e o flanco norte de Slavyansk à fronteira russa. Entretanto, para isso, eles deverão ultrapassar a grave crise de comando e de credibilidade que experimentam hoje.

2. A questão de um cessar-fogo coloca-se e este será sem dúvida tornado possível pelo esgotamento progressivo das forças insurrectas. Se estas últimas estão hoje na ofensiva, serão constrangidas a parar por falta de efectivos e falta de meios daqui ao princípio do mês de Setembro.

3. Se um cessar-fogo se impõe, ainda que não fosse senão por razões humanitárias, a questão do devir político da entidade constituída pelos insurrectos (Novorússia) coloca-se. Após os combates do Verão, e os ataques sistemáticos de que as populações civis têm sido objecto, a hipótese federal doravante está obsoleta. A constituição de uma ou de várias províncias autónomas, formalmente reconhecendo o governo de Kiev mas, na prática, estabelecendo por si mesmas suas próprias leis e seus próprios acordos comerciais, parece agora a solução mais razoável. Isso não quer dizer, infelizmente, que será o que prevalecerá.

4. Pode-se recear que se instale uma situação "nem paz, nem guerra", com incidentes constantes ao longo da linha de contacto entre as forças de Kiev e as dos insurrectos. Esta situação faria correr o risco de uma retomada da ofensiva de Kiev ou da parte dos insurrectos. Seria preciso, então, recorrer a forças de interposição, que fossem aceitáveis por uma e pela outra das partes. Considerando o empenhamento dos países da UE em favor de Kiev, é pouco provável que esta força de interposição possa ser europeia. Ela deverá ser encontrada, sob a autoridade das Nações Unidas, entre países emergentes (Brasil, China, Índia).

5. Uma tal evolução seria uma grande derrota política e simbólica das autoridades da União Europeia, obrigadas a aceitar que potências não europeias viessem manter a paz na Europa. Isto seria um forte símbolo do apagamento político progressivo da UE sobre o continente europeu.


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