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150814 avionsIraque - Prensa Latina - Os ataques aéreos estadunidenses contra as forças do Estado Islâmico (EI) no Iraque têm tido poucos resultados concretos, constituem sérios riscos e são insuficientes para deter a ofensiva insurgente sem a ação de tropas terrestres, estimam especialistas.


As atividades da aviação norte-americana se centram no momento em apoiar às forças locais que combatem aos jihadistas nas proximidades de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, ainda que incluem certas missões em outras zonas, informou o departamento de Defesa.

Mas segundo o general retirado Carter Ham, especialista em contrainsurgência, "será muito difícil proteger os norte-americanos no Iraque, deter a crise humanitária e eliminar as áreas seguras dos insurgentes sem o emprego de tropas terrestres nossas ou de outro país".

Os ataques diminuíram o ritmo de avanço dos extremistas islâmicos, mas será necessário um esforço superior para atingir um resultado de mais longo prazo, estimou Ham, após recordar que o presidente Barack Obama descartou o uso de unidades no terreno nestas operações.

Aviões estadunidenses realizaram ataques contra uma vintena de objetivos do EI desde que o presidente autorizou sua realização em 7 de agosto passado.

De acordo com uma nota oficial do Pentágono, os ataques foram realizados por aviões F-15E Strike Eagles, F/A-18 Super Hornets e aeronaves teleguiadas (drones) MQ-1 Predators.

Grande parte dessas missões são cumpridas através dos meios aéreos da Marinha a bordo do porta-aviões USS George H.W. Bush (CVN-77), que desde junho permanece no golfo Pérsico, disse o jornal Stars and Stripes, especializado em temas militares.

As aeronaves destruíram peças de artilharia autopropulsadas, veículos de transporte em poder dos extremistas e quatro pontos de controle que dão acesso às áreas onde se mantêm encurralados milhares de civis nas montanhas, que tentam escapar da violência.

Apesar de que os bombardeios diminuíram temporariamente o ritmo da ofensiva do EI, é pouco provável que afetem as capacidades gerais dos insurgentes em outras áreas do Iraque e da Síria, considera o general William Mayville, diretor de operações da Junta de Chefes de Estado Maior.

Segundo Mayville, cada vez fica mais difícil para a aviação estadunidense detectar os possíveis alvos insurgentes, porque estes começaram a se dispersar em pequenos grupos no terreno.

Com o fim de manter em tempo quase real a informação sobre as unidades jihadistas, o Pentágono realiza mais de 60 missões diárias de exploração com aviões de espionagem sobre os quais Mayville não especificou detalhes.

Ao mesmo tempo, diante do crescimento da ofensiva das milícias fundamentalistas, Washington admitiu em 11 de agosto que começou a entregar armas diretamente às forças curdas, o que se considera uma mudança de política, pois anteriormente as tinham vendido somente para as autoridades centrais iraquianas.

Funcionários do governo estadunidense que falaram aos meios de imprensa na condição de anonimato se negaram a afirmar que a agência entrega esses meios, mas especialistas asseguram que poderia ser a Agência Central de Inteligência (CIA), como fez em situações similares anteriores.

Por sua parte, as agências de espionagem estadunidenses confirmaram que vários elementos da organização extremista Al-Qaeda no Iêmen e outros países se uniram aos grupos do EI.

Estes movimentos são percebidos como um sinal preocupante da expansão dos insurgentes que operam em territórios do Iraque e da Síria que segundo o jornal The Washington Post "agora estão em um conflito direto com os Estados Unidos".

Esta intensificação nas ações de Washington contra os jihadistas, como em outras ocasiões, pode provocar reações contra interesses estadunidenses não só no Oriente Médio, senão que dentro do país norte-americano.

Especialistas estadunidenses advertem que os serviços de espionagem norte-americanos erram ao subestimar a possibilidade de que membros do EI realizem ataque terroristas contra objetivos militares e civis em território continental norte-americano.

Segundo Thomas Sanderson, co-diretor do Projeto sobre Ameaças Multinacionais do Centro de Estudos Internacionais e de Segurança, um dos chamados tanques pensantes com sede em Washington, "o EI está recrutando cidadãos estadunidenses para suas filas".

Fora a retórica belicosa dos extremistas islâmicos, o grupo tem recuperado grandes quantidades de armamentos, equipamentos e milhões de dólares em várias cidades que tem ocupado e esses ganhos facilitam a atração de novos membros, acrescenta Sanderson.

De forma similar pensa a senadora democrata Dianne Feinstein, presidenta do Comitê de Inteligência da Câmara alta, que considera que os extremistas recrutam combatentes "para nos atacar em nosso próprio quintal".

Frederic Wehrey, especialista em Oriente Médio da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, considera que o EI atrai recrutas com um determinado nível de preparação técnica, inclusive engenheiros que os ajudem na fabricação de bombas de alto poder explosivo.

Com estas capacidades podem realizar atividades violentas dentro dos Estados Unidos e de outros países aliados, advertem os especialistas.

Outro aspecto que preocupa os assessores da Casa Branca são as consequências legais que poderia ter para Obama a continuação das incursões no Iraque sem a aprovação do Congresso, que atualmente cumpre um recesso legislativo até setembro.

Segundo a Lei de Poderes de Guerra, o governante está obrigado a informar ao Capitólio os resultados dos ataques aéreos após 48 horas de seu início e, a partir de então, dispõe de 60 dias para convencê-lo de continuar as operações ou, caso contrário, cessá-las de imediato.

Assim, apontou ao jornal digital The Hill o especialista Louis Fisher, do Projeto de Direito Constitucional, que acrescentou que Obama pode estender esse período por outros 30 dias se demonstrar que uma retirada imediata implicaria pôr em risco a vida das tropas.

Para uma operação desta envergadura, o líder do Executivo deve ir ao Capitólio e procurar apoio, ainda que em 2011 lançou uma campanha aérea durante sete meses contra a Líbia e ajudou na derrubada do Governo desse país, tudo sem a aprovação legislativa, recordou Fisher.

A maioria dos analistas neste tema asseguram que Obama atuou dentro de suas prerrogativas constitucionais para defender os cidadãos que estavam em perigo imediato em Erbil, mas os críticos do governante afirmam que este deveria pedir autorização ao Legislativo para uma ação que poderia durar meses.

Fischer coincide com outros especialistas em direito constitucional em que Obama caminha por uma estreita linha ao empregar a força contra os grupos do EI no Iraque, acrescenta The Hill.

O uso defensivo do poder bélico está limitado a uma resposta imediata a um ataque determinado, disse Peter Raven-Hansen, professor de segurança nacional na Escola de Direito da Universidade George Washington, na capital.

Ninguém põe em dúvida que o presidente Franklyn D. Roosevelt em 1941 pôde ordenar que a Armada respondesse com força ao Japão após o ataque japonês contra a base de Pearl Harbor no Havaí, acrescentou.

Mas isso não significa que dito presidente poderia realizar uma guerra durante cinco anos sem a aprovação do Congresso, concluiu Raven-Hansen.

Tal situação vê-se agravada nos últimos dias pelo o que a emissora CNN chama de "batalha política em Bagdá", diante da rejeição do primeiro-ministro Nuri Kamal al-Maliki às pressões de Washington para que renuncie.

Neste sentido, o secretário de Estado, John Kerry, e o de Defesa, Charles Hagel, condicionaram o aumento do apoio militar e político ao país mesoriental com a retirada de Al-Maliki e a formação de um governo multissetorial encabeçado por Haider al-Abadi.

Estamos preparados para considerar opções adicionais no plano político, militar e de segurança, manifestou Kerry, que reiterou que os Estados Unidos e a comunidade internacional cortariam todo tipo de ajuda se Al-Maliki utilizar as forças de segurança para se manter no poder.


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