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rússiasançõesRússia - Voz da Rússia - [Andrei Fedyashin] A seguir aos "homens gentis" na Crimeia, a Rússia introduz suas próprias "sanções cuidadosas" contra o Ocidente e a Ucrânia. Por indicação do presidente Vladimir Putin, o governo preparou uma lista de produtos agroalimentares que terão sua importação proibida.


Foto: Colagem - Burov Vladimir.

Os produtores russos, cansados do domínio das importações alimentares, já aplaudiram as medidas. Na prática, a União Europeia e os EUA obrigaram Moscou, não apenas a responder à pressão injustificada devido à crise ucraniana, mas começar aplicando o princípio "comemos aquilo que é nosso". As cadeias russas de supermercados irão precisar de uns dois meses para encontrar substituição para os produtos importados que foram interditados.

As "antissanções" de Moscou abrangem frutas, legumes, carne, lacticínios e matérias-primas dos países que introduziram anteriormente sanções discriminatórias contra a Rússia. Foram proibidos pelo período de um ano os fornecimentos de carne de bovino e suíno, queijo, carne de aves, leite e enchidos da União Europeia, EUA, Austrália, Canadá, Noruega e Japão. A lista final não inclui alimentos para crianças, nela também não figuram os vinhos europeus e bebidas espirituosas. Para alguns importadores serão introduzidas quotas quantitativas em vez da proibição das importações.

A Rússia foi coagida a introduzir limitações. Ela própria não estava interessada, declarou o vice-presidente Dmitri Rogozin:

"Todas as nossas medidas de resposta irão ter um caráter protetor da nossa indústria. A Rússia não tenciona em absoluto dificultar a vida das empresas ocidentais e da civilização ocidental. Isso não nos interessa e ninguém define isso como um objetivo."

O principal "contragolpe" russo terá de ser aparado pelos produtores e exportadores europeus de frutas e legumes, enchidos, queijos, manteiga e outros lacticínios. A União Europeia é responsável, segundo dados da Comissão Europeia, por 30% das importações russas de frutas e por mais de 20% de legumes, por exemplo. No total a Rússia importa anualmente produtos agroalimentares no valor de cerca de 30 bilhões de dólares. Apenas 2% cabem aos EUA.

Os mais prejudicados pelas limitações às importações serão os fornecedores tradicionais de frutas e legumes para a Rússia como a Bélgica e a Grécia. Nestes países os prejuízos previstos devem atingir o meio bilhão de dólares. Pode haver consequências catastróficas das limitações às importações de lacticínios e legumes na Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia. Esses países eram os que apoiavam mais inflamadamente os apelos dos EUA em "castigar" Moscou pela sua "política ucraniana". Já na Ucrânia, a qual exportava para a Rússia de 50 a 80% de toda a sua produção de lacticínios e leguminosas, o mercado poderá simplesmente colapsar.

A Rússia aguentou pacientemente, e durante bastante tempo, golpes e alfinetadas políticas que eram efetuadas sob cobertura de proibições e limitações completamente ilegais, diz o analista político Semion Bagdasarov:

"Foram a União Europeia e os EUA que declararam uma "guerra econômica" contra a Rússia. Nós apenas tomámos nossas medidas de resposta. Quando a União Europeia agora se refere às regras da OMC, gostaria de recordar: a Rússia já tinha avisado que as sanções da União Europeia contra a Rússia contrariavam as regras dessa organização. Agora já é tarde para falar de OMC, deviam ter começado por si próprios."

A Rússia tem muitos parceiros que ajudarão a substituir as importações de produtos europeus, diz o analista político Pavel Svyatenkov:

"Antes de mais são os países do BRICS e os nossos vizinhos e parceiros da União Aduaneira. Mas, mesmo assim, a Rússia não deve simplesmente substituir os produtos de um país por produtos de outro: substituir a carne de um país pela carne de outro. Como do Brasil, por exemplo. A Rússia tem de desenvolver sua própria produção.

Nesse aspeto as sanções são uma boa oportunidade de dar aos produtores nacionais uma possibilidade para se desenvolverem. O fato de nós importarmos do estrangeiro essa quantidade de bens alimentares é uma vergonha. Isso destrói nossa segurança alimentar."

As novas medidas tonificaram claramente as economias dos vizinhos próximos e distantes da Rússia (que não fazem parte do grupo das sanções). As cadeias de varejo russas já estão realizando negociações com a África do Sul, Argentina, Brasil, Chile, China, e outros países da Ásia, para a substituição da carne de bovino e suíno, frutas e legumes europeus e norte-americanos.

O vice-ministro da Agricultura da Bielorrússia Leonid Marinich considera mesmo que a Rússia é agora para a Bielorrússia uma "mina de ouro". O país está disposto a substituir as importações da Polônia e do Báltico na maioria das denominações. Foi mais ou menos esse o espírito dos comentários no Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Turquia, Egito e Israel.

Por mais que se iludam os europeus, as medidas russas de resposta irão provocar perdas significativas para as economias da União Europeia, diz o catedrático de ciência política geral da Escola Superior de Economia Leonid Polyakov:

"Eles irão perceber muito em breve que terão de escolher seriamente se devem continuar a se submeter passivamente às diretrizes de Washington ou se se devem guiar pelos seus próprios interesses empresariais. Nós temos cálculos rigorosos: nós iremos sem qualquer dúvida substituir as importações europeias. Seja em novos mercados, seja garantindo os abastecimentos pelos nossos próprios produtores. Eles não serão de pior qualidade e por vezes serão mesmo melhores."

Particularmente, os peritos russos sugerem que Moscou estará pronta para responder a quaisquer novas sanções antirrussas, se elas se verificarem. Teoricamente elas poderão atingir áreas das importações como os produtos químicos, farmacêuticos, materiais de construção e automóveis. Há muitos ramos da economia onde vale a pena apoiar o produtor russo.

Entretanto Moscou estuda a perspetiva de poder proibir às companhias aéreas ocidentais a utilização do espaço aéreo da Rússia nas rotas da Europa para a Ásia, assim como alterar os pontos de entrada e saída no espaço aéreo russo para os voos fretados. Mas a decisão sobre essas proibições ainda não foi tomada. Isso é sobretudo um aviso.


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