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180611_costademarfimCosta do Marfim - PCO - Aumenta o número de assassinatos sob a cobertura das Nações Unidas. O objetivo: o saque do cacau e outras matérias primas.


Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) declarou, em 13 de junho, há "mais de 200 mil refugiados da Costa do Marfim em diversos países da África Ocidental[em campos de refugiados das Nações Unidasque] não podem ainda regressar". Os conflitos ainda persistem em regiões como Sassandra, no sudoeste, onde mais de 280 civis foram assassinados no início de maio. Em 9 de junho, a Missão da ONU na Costa do Marfim (ONUCI) declarou que as Forças Republicanas marfinenses (FRCI) têm perpetuado ataques e agressões contra a população de vários bairros de Abidjan, a capital do país, e aldeias que consideram partidárias do ex-presidente Laurent Gbagbo. Segundo o diretor interino da Divisão dos Direitos Humanos, Guillaume Ngefa, teriam sido usadas armas pesadas, detenções em massa de jovens e pilhagens, que provocaram a fuga da população.

Na origem do conflito está a perda de influência política da França na sua antiga colônia desde 2005.

Laurent Koudou Gbagbo, antigo professor de história e sindicalista, que por várias vezes desafiou os governos pró-imperialistas o que lhe custou várias prisões, assumiu o poder após forte mobilização popular quando nas eleições de outubro de 2000 o líder da Junta militar Robert Guei se autodeclarou vencedor. Gbagbo iniciou algumas medidas de cunho nacionalistas que, apesar de tímidas, afetavam os interesses do imperialismo francês, como por exemplo, a pretensão de abrir o mercado da Costa de Marfim às empresas americanas, britânicas e chinesas.

Em 2002, estourou uma guerra civil que dividiu o país nas regiões norte e sul. Os rebeldes provenientes do norte, de Burkina Fasso, acabaram dominando o norte do país com o apoio velado da França, que em 2004 enviou tropas sob a cobertura das Nações Unidas. Em março de 2007, foi assinado um acordo que visava à reunificação do país e a convocatória de eleições que acabaram acontecendo em novembro de 2010. Laurent Gbagbo foi declarado vencedor pelo Conselho Constitucional que, segundo a lei eleitoral da Costa do Marfim, é o órgão competente para certificar os resultados eleitorais. Allassane Ouattara, ex-vice-governador no BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental) e ex-diretor para África no FMI (Fundo Monetário Internacional), sob fortes denuncias de fraude eleitoral nas regiões do norte do país, foi declarado vencedor no segundo turno das eleições pela Comissão Eleitoral Independente e seguidamente pelas Nações Unidas, sob pressão dos EUA e da França. Uma semana depois, o presidente francês Sarkozy, declarou que se Gbagbo não aceitasse a vitória de Ouattara em 48 horas, sofreria sanções da União Européia.

Em março de 2011, a França bombardeu pesadamente a cidade de Abdijã durante vários dias para facilitar a entrada das tropas pró-Ouattara. Foi denunciado que Ouattara, teria financiado a sua ofensiva-relâmpago mediante um empréstimo de U$1 milhão concedido pelo Banco Central da África Ocidental com o aval da França e dos EUA.

Neste contexto, Alassane Ouattara assumiu como quinto Presidente da República em 21 de maio de 2011 com o apoio do imperialismo sob a cobertura da resolução 1975 das Nações Unidas de 30 de março de 2011. As tropas de Ouattara, que estão agora na capital do país, Abidjã, são compostas de três facções rebeldes que desde 2002 não depuseram armas. São desertores do exército nacional originários do norte, mercenários e guerrilheiros tradicionais. Um dos chefes militares desse grupo, Martin Kouakou Fofié sofreu sanções da ONU em 2006 por ter sido considerado culpado pelo recrutamento de crianças-soldados, por violência sexual, prisões arbitrárias e massacres.

O verdadeiro objetivo do imperialismo francês por trás da invasão da Costa de Marfim: garantir altos lucros para as suas empresas

A Costa de Marfim é o país economicamente mais forte da antiga colônia África Ocidental Francesa composta pelo Senegal, Mauritânia, Níger, Burkina Faso, Benin, Guiné e Costa do Marfim. É o maior produtor mundial de cacau, representando 35% da produção mundial, e um grande exportador de café, algodão e óleo de palma. Possui ouro e petróleo.

Entre 50 e 60% dos investimentos estrangeiros na Costa do Marfim são franceses. Multinacionais imperialistas francesas dominam setores importantes do petróleo (Total), das comunicações (France Telecom), eletricidade (Eletricidade de França), transportes (Bolloré), e água (Bouygues), entre outros. Desde a independência em 1960, a França mantém uma base militar em Abidjã.

O imperialismo francês, tal como o tem feito em outros países africanos, tem recorrido à velha tática de fomentar as divisões internas, e incitar as guerras e massacres entre diversos grupos da população, tais como entre as regiões norte e sul, entre muçulmanos e cristãos, e até o incentivo, na década de 1990, à adoção do conceito de "marfinidade" pelo então presidenteHenri Konan Bédié para limitar os direitos de pessoas supostamente etnicamente impuras.

Enquanto os imperialistas franceses manobram para proteger os lucros das suas empresas e justificar a sua presença militar, a economia de Costa de Marfim sofre grave crise desde a década de 1980. O preço do cacau caiu 80% entre 1984 e 1993, e 30% entre 1998 e 1999. O PIB per capita entre 1980 e 2009 caiu 44%, o que se reflete na piora das condições de vida da populaçaõ. Entre 1990 e 2002 a mortalidade de crianças com menos de 5 anos aumentou de 155 para 176 por 1000; mais de 50% da população é analfabeta e a expectativa de vida é de menos de 50 anos; o desemprego atinge mais de 40% e quase 45% da população vive com menos de U$1 por dia.

Os governos franceses que se sucederam depois de 2002 sempre tentaram substituir Gbagbo por Ouattara. E conforme aumenta a intervenção imperialista, também aumenta a resistência contra a agressão militarfrancesa.


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