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7080738053 8784ddc96a zPrensa Latina - Além da falta de reconhecimento, da expulsão de seus habitats e da discriminação, os povos indígenas enfrentam em todo o mundo o perigo do desaparecimento de seus idiomas, uma situação que denunciam na ONU.


Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), das mais de seis mil línguas originárias existentes, a metade poderia desaparecer neste século.

A perda desses idiomas não escritos nem documentados implica não só no fim de riquezas culturais da humanidade, mas também dos importantes conhecimentos ancestrais reunidos nos mesmos, adverte a agência especializada.

Nesse sentido, a Unesco faz um chamado à implementação de políticas bem planificadas para garantir que as línguas passem para as novas gerações, "porque o processo não é inevitável nem irreversível".

Para o grande chefe Edward John, da nação Tl'azt'em, da Columbia Britânica, no Canadá, a situação merece ser considerada como um genocídio cultural.

O líder originário recordou no final de janeiro a intervenção do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em uma sessão de 2011 do Forum Permanente para Assuntos Indígenas, onde disse que a cada duas semanas morre uma língua aborígene.

Precisamos de mais atenção e apoio para lidar com este problema, afirmou aos jornalistas no contexto de uma reunião de especialistas sobre o futuro das línguas originárias, na sede das Nações Unidas.

John lamentou que praticamente passe inadvertido o desaparecimento de uma parte tão importante do patrimônio da humanidade, justo quando a comunidade internacional realiza esforços para preservar lugares.

Sabemos a importância de manter maravilhas da antiguidade, mas não podemos esquecer que os idiomas indígenas são um componente essencial desse patrimônio, explicou.

SITUAÇÃO GRAVE

Em muitas comunidades indígenas, restam apenas poucas pessoas que falam as línguas autóctones, em sua imensa maioria indivíduos de idade avançada.

"Nosso caso são apenas cinco idosas que dominam o idioma, porque um grupo de até 15 pessoas cresceu o escutando, mas eles não se consideram a si próprios como falantes", comentou Tatiana Degay, uma ativista da etnia Itelmen, da Península de Kamchatka, na Rússia.

A jovem realizou esforços em seu país para fazer uma legislação relacionada com os idiomas originários, ainda que disse que falta caminho por andar para protegê-los.

O problema não é somente dos Itelmen, uma grande parte dos 47 povos indígenas russos, localizados na Sibéria e no longínquo leste, enfrentam problemas relativos à preservação de seus dialetos, disse.

Por sua vez, o grande chefe da nação Tl'azt'em compartilhou suas vivências infantis no Canadá, onde lhe proibiram falar em uma escola para aborígenes o Dene, uma língua também de originários do Alaska.

Durante a reunião de especialistas, representantes indígenas compartilharam boas experiências na recuperação de idiomas ancestrais, como no Havaí e na Nova Zelândia.

Em meados do século passado, talvez haviam 30 pessoas abaixo dos 18 anos que falavam o havaiano nativo, mas houve um renascimento no final dos anos 70 e princípios dos 80, destacou a ativista local Amy Kalili.

No caso neozelandês, os maoríes (uma etnia de origem polinésia) conseguiram resgatar sua língua, e hoje contam com emissoras de rádio e canais de televisão respaldados financeiramente pelo Governo.

"Os povos são apaixonados para não deixar morrer suas tradições. Queremos coexistir junto a elas de maneira pacífica, porque temos muito que oferecer", destacou Kalili.

ESPERANÇAS DE QUE SUAS VOZES SEJAM ESCUTADAS

Em entrevista para a Prensa Latina, John considerou 2015 como um bom ano para os originários, a partir da adoção da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo Climático de Paris.

Ambos os instrumentos internacionais representam uma oportunidade para os povos originários, que estão entre os mais empobrecidos e atingidos pela mudança climática, explicou.

De acordo com o líder da nação Tl'azt'em, na província canadense da Columbia Britânica, apesar de que ainda fica muito a ser feito em matéria de reconhecimento aos aborígenes, suas tradições e sua cultura, existem claros progressos.

"Após tantos anos, as vozes dos indígenas são escutadas com mais frequência e respeito, isso é positivo e construtivo, porque somos parte da família humana", disse.

Para o grande chefe, há expectativas de que o atual contexto ajude a preservar as línguas originárias.

Por exemplo, os smartphones e outras tecnologias poderiam virar ferramentas para ajudar os jovens a aprender seus idiomas nativos, ilustrou.

Segundo declarou aos jornalistas, no encontro de especialistas na ONU, para debater o futuro das línguas indígenas, insistiu-se na questão da importância da fluidez.

Reconhecemos os esforços no ensino e na impressão de livros e dicionários para preservar os idiomas de nossos povos, mas não vemos ações suficientes para garantir a fluidez na hora de falá-los, disse.

John manifestou suas esperanças de que os pedidos indígenas de ajuda para perpetuar suas tradições, incluindo as línguas ancestrais, sejam escutados.

Precisamos de mais compromisso de todos, e os governos deveriam ter um papel ativo, afirmou.

As recomendações do evento serão apresentadas em maio ao Fórum Permanente para Assuntos Indígenas, e em julho ao Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.

Foto: Frans Harren.


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