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Foto de Ximena González, observadora internacional de Mar de Lumes - Após as eleições, mobilizações denunciam a farsa.

Avaliaçom da delegaçom galega sobre as eleiçons na Turquia

A seguir, reproduzimos integramente o relatório elaborado pola observaçom internacional galega de Mar de Lumes:

Convidada pelo Partido da Democracia dos Povos (HDP), junto com outras delegaçons da esquerda transformadora e de outras naçons sem Estado como Galiza, a nossa organizaçom de solidariedade internacionalista estivo presente o dia 1 de novembro nas eleiçons ao parlamento turco. Umhas eleiçons que se repetiam cinco meses depois das anteriores, após as quais o Partido da Justiça e do Progresso (AKP) do presidente Recep Tayyip Erdogan foi incapaz de - ou nom quijo - formar governo. Antes de proceder à necessária avaliaçom dos factos que presenciamos ali, desde Mar de Lumes queremos agradecer ao HDP o seu convite e a confiança depositada.

As delegaçons internacionais respondíamos o apelo desta coligaçom de forças curdas, doutras minorias nacionais e da esquerda transformadora turca em frente a umha mais que provável estratégia suja da parte do partido do governo para a jornada eleitoral, tal como logo se verificou. As delegaçons fômos repartidas por todo o território para monitorar até que ponto o AKP empregava a força bruta do Estado para os seus próprios interesses partidários, com o objetivo de se assegurar a maioria absoluta necessária para as controvertidas reformas constitucionais que Erdogan e o seu partido impulsionam.

A delegaçom galega estivo, em concreto, em Estambul, visitando vários colégios eleitorais, principalmente nos bairros de Eyüp e Gaziosmanpasa, sem que nos pugessem verdadeiros problemas para entrar e fazer o nosso trabalho, que era observar e anotar as irregularidades. A tranquilidade geral na que discorreu a jornada para a nossa delegaçom contrastou desde o princípio, porém, com os relatórios que continuadamente chegavam de outras delegaçons em zonas de maioria curda em que se impedia o acesso aos colégios ou que enfrentaron diversos tipos de abusos: um observador grego em Estambul, a cidade em que estávamos, e três observadores do Curdistám iraquiano (Basur) em Diyarbakir chegaram a ser detidos pela polícia turca já nas primeiras horas das votaçons. A presença policial e militar, contudo, foi constante durante toda a jornada, com intensidade variábel: de agentes armados nos acessos e no interior dos colégios - o qual está proibido pela lei eleitoral turca - até tanquetas e veículos militares estacionados às portas ou diretamente dentro dos recintos. Esta presença contribuiu, sem dúvida, a gerar o clima de tensom que percebemos já na jornada prévia.

Irregularidades por toda a parte

Os primeiros colégios eleitorais que visitámos estavam no bairro de Eyüp, numha situaçom de calma tensa, enquanto nos chegavam as notícias e imagens dos problemas que polícia e exército estavam a pôr às delegaçons internacionais deslocadas para a zona Leste. Lá informamos da carretagem de pessoas com doenças mentais por parte de quadros do AKP para votarem num dos colégios. Em Gaziosmanpasa, o outro distrito que visitámos, um dos mais deprimidos da cidade, acompanhámos a advogada de zona do HDP para denunciar umha mesa na qual se estava a permitir o voto de pessoas que nom figuravam no censo, na linha com os dados que chegavam de outras delegaçons sobre pessoas que votavam em várias mesas.

Estes episódios, ainda sendo os mais graves, nom tinham nada de isolados, senom que se acompanhavam de irregularidades que também pudemos contrastar de primeira mao: de papeletas seladas previamente ou atas cobertas e assinadas antes mesmo de começar as contagens à manipulaçom directa das listagens do censo - listagens que imediatamente desapareciam quando eram requeridas por interventoras do HDP, sem que o pessoal da mesa pudesse explicar o cómo. Estas práticas verificavam-se, à medida que passavam as horas de votaçom, também noutras zonas, de forma mais clara e descarada quanto mais para o Leste, isto é, quanto mais maioritária era na zona a "minoria" curda, e circulavam pelas redes sociais imagens de papeletas deitadas no lixo, militancia do AKP roubando sacos inteiros de voto recontado em lugar de transportá-los à sé do organismo eleitoral, etc.

O momento da contagem deu para a vista mais irregularidades. A nossa delegaçom reuniu-se com militancia do HDP e outras observadoras internacionais na sé central do partido em Taksim, onde comprovámos que o Estado filtrava resultados que davam om AKP mais de 50% em mesas antes de sequer ter terminado a votaçom, evidenciando que o uso de atas feitas previamente, até duas horas antes, em alguns casos, foi maciço. Outro dado destacado é que mal se tardou duas horas em contar 95% das papeletas, e mais de uma hora em contar 5% restante, o que era percebido como mais uma evidência de manipulaçom dos resultados.

À medida que os resultados se iam conhecendo - e embora o Conselho Eleitoral Supremo (YSK) decidiu desligar o seu sistema de contagem online quando ainda faltava uma boa parte das mesas por ser contadas - era mais palpável a preocupaçom, nom tanto polos resultados que davam a maioria absoluta om AKP, como pola informaçom vinda de cidades curdas como Diyarbakir, onde a polícia estava a carregar contra pessoas concentradas na rua em protesto pola manipulaçom, tal como denunciavam as observadoras internacionais e jornalistas independentes nas redes sociais. A jornada eleitoral terminou confirmando que o HDP mantinha os resultados acima do 10% necessário para ter presença no parlamento turco, e que o AKP conseguia o seu objetivo de maioria absoluta que lhe permite governar sem acordos e continuar a sua onda repressiva contra as minorias nacionais: a curda, a alevi, asíria ou arménia.

Avaliaçom da delegaçom galega

A tarefa de fazer uma avaliaçom nestas circunstâncias é singela. Como delegaçom observadora internacional, nom se nos pedia que avaliássemos os resultados, senom o processo tal como ele se produziu, diante dos nossos olhos. Com certeza, pudemos comprovar realmente a importáncia das delegaçons internacionais de observaçom para poder continuar a reclamar processos transparentes e verdadeiramente democráticos. Por isso, o relato do que temos observado até aqui, conjuntamente com os dados facilitados pelo resto das quase 300 observadoras internacionais que acudiram om chamado do HDP permitem só falar destas eleiçons em termos de fraude, e dos seus resultados como claramente ilegítimos. Esta é a única conclusom possível para o conjunto das delegaçons internacionais, sem exceçom; e isto é que tem denunciado mesmo om HDP malia aceitar o resultado final.

Doutro lado, avaliamos positivamente a capacidade do povo curdo e do resto de minorias nacionais e da esquerda que fazem parte do HDP para ultrapassarem meses de repressom e ataques sistemáticos contra sedes do partido, contra manifestantes e base social (com as massacres de Suruç e Ancara como exemplos mais brutais, mas nom únicos) e contra quadros políticos (mais de 600 deles detidos convenientemente antes das eleiçons), assim como à guerra "oculta" decretada no Curdistám Norte, que para além de várias mortes, gerou mais de meio milhom de pessoas deslocadas que, portanto, nom tivêrom direito efetivo a voto.


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