Nesta quinta-feira, 16 de julho, Pablo Iglesias, líder do Podemos, partido da esquerda pequeno-burguesa centrista do Estado espanhol, afirmou durante um evento em Madri que o acordo aceito pelo Syriza nas negociações com a troica foi “tristemente o que se podia fazer”. Segundo Iglesias, “os que mandam na Europa são antidemocráticos”. No entanto, assim como o Syriza, o Podemos vende a ideia de que seria possível resolver os problemas dos trabalhadores por dentro desse mesmo sistema antidemocrático.
A afirmação de Iglesias mostra que seu partido é consciente dos limites de sua própria política, que se mostra como pura farsa demagógica. Essas frases foram ditas no lançamento de um livro entitulado “Redes de indignação e esperança”, e a elas o líder do Podemos acrescentou que “a política é abjeta”. É “abjeta” mas o Podemos participa dela, assim como o Syriza.
O Podemos surgiu como partido político na Espanha há aproximadamente um ano. Nas últimas eleições europeias, obteve 8% dos votos e já aparece à cabeça das pesquisas eleitorais de intenções de voto para as eleições legislativas de novembro. O Podemos fica à frente do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e à frente do PP (Partido Popular), do atual primeiro-ministro, o neofranquista Mariano Rajoy. Este havia conquistado 45% dos votos nas últimas eleições.
Em maio, foram realizadas as eleições municipais na Espanha. O Partido Popular (PP), partido conservador do primeiro-ministro Mariano Rajoy, perdeu a maioria em todas as "comunidades autônomas" do Estado espanhol. Com 27% dos votos, o PP ainda é a maior força eleitoral do Estado espanhol, mas com 10,5 pontos a menos da participação nos votos em relação a 2011.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), partido da esquerda tradicional do regime político espanhol, herdado da ditadura franquista em uma transição pacífica, ficou com 25% dos votos, dois pontos a menos do que nas últimas eleições.
Nesses mesmas eleições, o Podemos conseguiu eleger prefeitos em Madri, Barcelona e Zaragoza. Fundado há apenas um ano, o Podemos, partido de esquerda que se considera "irmão" do grego Syriza, teve um crescimento eleitoral bastante rápido, sintoma da crise política e econômica na Espanha.
Para as eleições europeias, o Podemos apresentava em seu programa algumas reivindicações sociais, como a proibição das demissões em empresas com lucros e a supressão das empresas de trabalho temporário. Tudo isso sumiu do mapa da disputa eleitoral no Estado espanhol.
Como partido que se diz de esquerda e que adota uma política de colaboração de classes, o Podemos tem como objetivo chegar ao governo pela via eleitoral mantendo acordos com o grande capital e se valendo de uma base eleitoral de massas. Conforme avançam eleitoralmente, e sob a pressão dos monopólios, torna-se mais conservador.
A situação da Grécia demonstrou de maneira dramática os limites desse tipo de política. O governo de Alexis Tsipras, se não acabar devido à crise gerada pela capitulação nas negociações, governará com o programa imposto pelo imperialismo alemão nas negociações do “resgate” da dívida grega. Esse é um resultado inevitável para partidos como o Syriza, o Podemos ou, aqui no Brasil, o PT ou o Psol. Como disse Iglesias, “é o que se podia fazer”. A única saída para os trabalhadores diante da ofensiva do capitalismo em crise, seja na Grécia, no Estado espanhol ou no Brasil, é a luta da classe operária apoiada em um programa elementar: não pagamento da dívida, ruptura com a União Europeia, estatização dos bancos e de todo sistema financeiro sob controle da população, cancelamento do "plano de austeridade", por um governo dos trabalhadores.