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020615 pdEstado espanhol - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] As últimas eleições autonômicas no Reino de Espanha, que aconteceram em 13 das 17 autonomias, debilitaram o bipartidarismo, às vésperas das eleições estatais que acontecerão no final deste ano.


Foto: Candidatas da esquerda antiausteridade vencedoras em Barcelona (Ada Colau) e Madri (Manuela Carmena)

A crise do regime político reflete o aprofundamento da crise capitalista. O Estado espanhol se encontra em recessão há seis anos.

O PP (Partido Popular), do primeiro ministro Mariano Rajoi, ganhou na maioria dos lugares, mas não conseguiu maioria em nenhum dos parlamentos autonômicos e na maioria das assembleias municipais.
O voto de protesto foi canalizado para o Podemos, o Cidadãos e para vários partidos autonômicos. A desagregação do imperialismo espanhol avança e a desagregação das comunidades nacionais, em relação ao governo central, se acelera.

O desemprego tem sido mantido nos 26% dos últimos anos, mas os novos empregos são cada vez de pior qualidade. A qualidade da vida está piorando enquanto avançam as políticas de austeridade.
Em Barcelona e Madri, as votações obtidas pelo Podemos e outras organizações aliadas, com Ada Colau e Manuela Carmona, trouxeram a cena indivíduos ligados aos "Indignados".

Em Valência, Astúrias, Extremadura e Castilla-La Mancha o PSOE (social-liberais) e Podemos deverão formar governos de coalizão sem o PP. O PP buscou formar governos com Cidadãos (direita chauvinista espanhola) em Madri, Murcia, Castilla y Leon e La Rioja.

Qual é o significado do debilitamento do bipartidarismo?

No centro da política desses governos autonômicos para o próximo período estarão os planos de austeridade, os cortes de despesas no setor público, os despejos, o aumento dos impostos. O aprofundamento da crise capitalista está colocado, assim como o repúdio da esmagadora maioria da população a essas políticas que levaram ao completo sucateamento das condições de vida: 26% de desemprego (oficial), queda dos salários e aposentadorias, pioria dos serviços públicos, imigração em massa. E tudo para continuar garantindo os lucros de um punhado de parasitas. As massas farão a própria experiência no próprio período, mas deve esperar-se crises em larga escala.

Uma política possível para Podemos e Cidadãos será não participar diretamente dos governos regionais, com o objetivo de tirar proveito tendo em vista às eleições estatais. Seria algo assim como "empurrar com a barriga".

Em algumas comunidades, a crise do regime político foi às alturas. Em Andalucia, o PSOE não conseguiu formar governo há vários meses. Em Navarra, o novo governo precisará de uma coligação de três partidos, o que não tinha acontecido antes nessa comunidade.

Na Catalunha, acontecerão eleições autonômicas em setembro, que deverão dar novo fôlego ao independentismo, nos moldes do que tem sido visto com o independentismo escocês. Apesar do partido Convergência e União ter ganho a maioria das eleições municipais, ele tem perdido apoio para os partidos de esquerda que se focaram nas questões da crise econômica, mas o conjunto de forças independentistas continua sendo muito majoritário na Catalunha e tenciona avançar para a declaração unilateral de independência, vista a recusa espanhola a aceitar a livre determinação catalã. Dentre as forças independentistas, destaca o resultado da CUP, esquerda anticapitalista que triplicou sua representação em toda a Catalunha.

Por trás, se encontra o desgaste sofrido por causa da incapacidade para chamar o referendo em novembro, devido às pressões do governo central e a uma certa "estabilização", conseguido em cima dos gigantescos repasses dos BCE (Banco Central Europeu) aos bancos. Mas essa política está com os dias contados. Ela já fracassou nos Estados Unidos e na Grã Bretanha, e no Japão, a economia segue no chão. As últimas medidas do BCE refletem a falta de alternativas, na tentativa de salvar os lucros dos monopólios, a não ser atacar cada vez em maior escala as condições de vida da população. Os crescentes déficit e o governo fraco são os ingredientes para a União Europeia aumentar os apertos contra o Estado espanhol, o que somente pode conduzir a novas e mais profundas crises. Os novos trilhões de euros são direcionados para a especulação financeira por meio das conhecidas medidas ultra podres de QE (quantitative easing ou alívio quantitativo).

Uma eventual implosão do bipartidarismo poderá revelar claramente os problemas que lhe são inerentes, como a corrupção generalizada, a incapacidade de resolver os gravíssimos problemas que atingem o Estado espanhol e o crescente esgotamento dos colchões de controle social, entre outros.

O bipartidarismo espanhol atual foi criado no final da ditadura de Francisco Franco, na década de 1970. A fragmentação parlamentar e dos novos governos reflete o fracasso das políticas de austeridade. A evolução da situação política revela que a crise tem como tendência se acentuar.


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