Costas Zachariadis interveio na sessão do Bloco de Esquerda, realizada neste sábado no Fórum Lisboa, na capital, onde falaram também Rafa Mayoral do Podemos de Espanha, Catarina Martins, Marisa Matias e outros/as dirigentes do Bloco de Esquerda.
Zachariadis começou por referir que "a vitória eleitoral do Syriza a 25 de janeiro deu uma nova esperança a milhões de pessoas que sofrem com a austeridade na Europa" e sublinhou que é preciso "respeitar a democracia e a expressão da livre vontade dos povos".
"Para a Grécia, a era da austeridade, dos memorandos e da troika terminou", afirmou então o dirigente do Syriza, considerando que "aqueles que agem como se os gregos nunca tivessem votado ou como se o seu voto fosse reversível, mais não fazem do que tornar a Europa irrelevante aos olhos dos seus próprios cidadãos".
Salientando que, "ao longo dos últimos 5 anos", a Grécia foi usada como "campo de experimentação para o estabelecimento da nova estratégia europeia neoliberal da austeridade", o dirigente do Syriza enumerou alguns dados fundamentais da situação do país e da crise humanitária que vive.
Zachariadis referiu que o seu país está em recessão há seis anos, que a dívida pública aumentou de 120% para 178% do PIB, que o PIB caiu 25% em 4 anos, que a taxa de desemprego é de 27% e 60% na juventude, que "um terço da população grega perdeu acesso à segurança social e saúde gratuita, incluindo a vacinação gratuita das crianças", que "a taxa de suicídios aumentou 40% desde 2007" e que "centenas de milhares de famílias perderam o acesso à eletricidade".
"Confrontado com uma crise humanitária sem precedentes, o povo grego deu um passo histórico a 25 de janeiro: Rejeitou massivamente a austeridade e deu ao Syriza a oportunidade de se tornar no primeiro partido da esquerda grega na história a assumir responsabilidades governativas", afirmou Zachariadis, realçando no entanto que "depois de cinco anos de declínio económico e catástrofe social, o nosso país permanece num situação económica desesperada".
Considerando que "é absolutamente vital para a Grécia ter a sua dívida pública reestruturada", o dirigente do Syriza salientou que o país "precisa de margem de manobra orçamental para voltar a ganhar capacidade para planear e organizar a sua economia".
Costas Zachariadis referiu no entanto que "mesmo que fossemos capazes de eliminar a totalidade da dívida pública, esta voltaria a crescer, se não erradicássemos as suas causas subjacentes" e apontou que por isso precisam de "reformas", de "concretizar o Contrato para a recuperação e o crescimento para que possamos garantir que, se conseguirmos a sustentabilidade da dívida e uma margem de manobra orçamental adequada, teremos um modelo que seja sustentável do ponto de vista económico e sensível às aspirações democráticas, sociais e ecológicas".
"As prioridades imediatas do nosso movimento de reformas visam responder à crise humanitária e à necessidade desesperada de confrontar os problemas crónicos da Grécia ao nível da evasão fiscal e corrupção" afirmou o dirigente do Syriza, realçando que "o núcleo das nossa políticas não é reformar a Grécia; é transformar a Grécia".
"Nos últimos dias, o governo de direita alemão e os seus aliados mais próximos, como o Sr. Rajoy e o Sr. Coelho, intensificaram a sua ofensiva e a sua rigidez contra a Grécia, numa tentativa desesperada de evitar um gesto político de tolerância em relação às reivindicações gregas", denunciou o dirigente do Syriza, sublinhando: "Estamos confiante e estamos determinados, porque sabemos que a maioria esmagadora da sociedade grega está ao nosso lado. De acordo com o primeiro estudo de opinião depois das eleições, a tática de negociação e exigências do governo recolhem um apoio impressionante de 70% dos gregos, enquanto o Syriza atinge os 46% de intenções de voto".