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rp cup 5Paísos Cataláns - La Directa - [Silvia Abadia. Traduçom do Diário Liberdade] O gesto dum grupo de mulheres da esquerda independentista catalá de denunciar publicamente a vaga de insultos machistas e sexistas que recebem da imprensa e das redes sociais, evidencia os espaços de poder ainda dominados polo imaginário masculino.


Fotos: Roser Gamonal (La Directa)

Juntas e decididas. As mulheres de três organizaçons da esquerda independentista saírom publicamente para dizer ‘basta’ aos ataques machistas. Nom tenhem sido meses fáceis para muitas destas mulheres que pola primeira vez som caras públicas na esfera política catalá. Sabiam que levantar a voz de maneira combativa seria difícil. O que talvez nom esperavam é que a estratégia de desacretidaçom política que receberiam teria um caráter tam claramente machista e ‘objetivizador’. Por isso, a passada quarta-feira as mulheres da esquerda independentista catalá mostrárom as garras. Militantes da Candidatura d’Unitat Popular – Crida Constituent, de Arran e de Endavant convocárom os meios de comunicaçom para denunciar “a vaga de insultos, desqualificaçons e menosprezo machista”, da qual tenhem sido objeto durante os últimos meses nas redes sociais e nalguns meios de comunicaçom.

“Chamo-me Gabriela Serra, sou velha, feia e gorda”, exclamava a deputada da CUP perante dezenas de jornalistas, fazendo clara alusom aos insultos que tinha recebido nas redes sociais. As suas companheiras figérom o mesmo e listárom, um após o outro, insultos como perra, sarnosíssima, retrassada, estúpida, puta, traidora, amargada ou "malfollada". As sistemáticas agressons contra as mulheres políticas de diferentes partidos tenhem destacado nos últimos meses especialmente em redes sociais como Twitter, onde as respostas nom se figérom esperar. Após as múltiplas agressons, com um tom claramente machista e pejorativo, muitas usuárias de Twitter respondérom exigindo respeito, ao ponto de criar uma conta chamada @esmasclisme, para visibilizar todos os tweets sexistas feitos na rede. Mesmo Ada Colau escreveu um tweet a exigir a “rejeiçom dos ataques machistas contra as mulheres da CUP”.

Putas, feias e “flequis”, argumentos do século XIX

No entanto, estas agressons nom se limitárom às redes sociais. Cabeçalhos de imprensa de toda a vida como o ABC, com artigos de opiniom como “Las Flequis”, assinado polo colunista Antonio Burgos, apoiarom juízos de opiniom meramente estéticos onde se agride a deputadas de partidos independentistas como a CUP ou Bildu. “Agora só há feias, feíssimas, ‘nekanes pelotarras’ e ‘flequis’ da CUP. Nom é que queiram separar-se de Espanha: querem que as botemos fora. Por horrorosas e antiestéticas”, escrevia Burgos sem remordimentos.

No comunicado de resposta à vaga de ataques machistas, Natàlia Càmara, de Arran, denunciava: “somos desacreditadas polo nosso físico e nom polo nosso discurso político”. De facto, boa parte dos ataques que receberom as militantes da CUP falavam do seu aspecto físico, mas também havia outros insultos como puta ou “malfollada”, com umha clara conotaçom sexual. Càmara continuava: “a finalidade de todos estes comentários machistas é converter as mulheres nom em sujeitos, mas em objetos”.

Isaber Muntané, jornalista e coordenadora dos estudos de género e comunicaçom da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB), explica o porquê destas agressons: “se os homens aceitam dialogar com umha mulher, estám a dar-lhe o poder que ela reclama, portanto nom falam, insultam desde a cousificaçom, infantilizaçom ou sexualizaçom”. E acrescenta: “já no século XIX se nos insultava assim, dizendo-nos histéricas, bruxas, e hoje é o mesmo, nom progredimos nada”.

Instituiçons políticas, território comanche para o patriarcado

Poucas vezes na história dos Paísos Cataláns houvo tantas figuras femininas à cabeça da esfera política. “Durante estes meses as nossas companheiras tiverom umha projeçom mediática, representatividade e autoridade política que explodirom os fusíveis desta sociedade”, declarava Maria Colera de Endavant, durante a conferência de imprensa da quarta-feira. “As novas mulheres que fam política hoje em dia ocupam um espaço de poder que até agora os machistas pensavam que estava reservado para eles, e neste momento está-se a atacar a base do patriarcado e fai muito mal”, analisa Muntané.

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Dolors Calvet, ex-deputada do PSUC no Congresso espanhol entre os anos 1977 e 1979 e depois no Parlamento de Catalunha, e única mulher no grupo dos vinte que escreverom o Estatuto de Autonomia de Catalunha de 1979, opina na mesma linha: “os homens tenhem medo da chegada das mulheres às instituiçons, e da chegada das mulheres à vida”. A ex-deputada descreve o ambiente político em Madrid como um ambiente “de homens”, e refere como a princípios dos oitenta tivo que marcar posiçom para que Heribert Barrera, na altura presidente do Parlamento, a chamasse ‘senhora’ e nom ‘senhorita’: “dixem-lhe que até que nom chamasse ‘senhorito’ ao Xirinacs, a mim me chamasse ‘senhora’”.

Hoje em dia, as cousas nom mudarom tanto. “A passada legislatura, a junta de porta-vozes denunciou que, de maneira sistemática, quando falava umha mulher ao hemiciclo as pessoas nom atendiam, começavam a falar, a comentar entre si, ao ponto de ter que lhes chamar a atençom”, relatava Isabel Vallet, ex-deputada da CUP, quarta-feira a meio-dia. “Umha vez que estás no lugar e exerces a autoridade do cargo, funciona se nom deixas passar nengumha”, adverte Calvet a respeito da sua etapa como presidenta da Comissom de Direitos Humanos do Parlamento de Catalunha.

O feminismo entra em cena

Mas as cousas estám a mudar, tanto dentro como fora das instituiçons políticas. Os movimentos sociais e o movimento 15M forom agentes chave para a introduçom de novas formas de fazer política dentro dos partidos, mais libertárias, mais horizontais, e onde as mulheres entram com tanta força ou mais que os homens. A política tradicional, “patriarcal”, segundo define Muntané, está a encontrar à frente umha ideologia que antes nom tinha relevância dentro da política de partidos: o feminismo. “Esta conferência de imprensa fixo muito dano, as mulheres nom só se colocarom de igual a igual, mas também por cima”, sentencia Muntané. E conclui que “para a política tradicional é um perigo que as militantes da CUP nom só se definam como feministas, mas que também ajam como feministas e isso ainda fai mais dano”.


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