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diamulherDiário Liberdade - [C.C.] Ainda que popularmente a celebraçom do 8 de março se relacione com a morte de 129 operárias têxtis queimadas vivas durante umha greve na fábrica Cotton de Nova Iorque (no ano 1857 segundo umhas fontes ou em 1908 segundo outras), diversos estudos demonstrárom que se trata de um mito nascido durante os anos 50 do século XX, em plena Guerra Fria, com o objetivo de eliminar o caráter socialista e revolucionário do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.


O mito dessa greve foi forjado por volta de umha confusom intencionada de factos posteriores bem documentados. Um desses factos seria a greve de costureiras ocorrida precisamente em Nova Iorque de 27 de setembro de 1909 a 15 de fevereiro de 1910, em demanda de melhores condiçons laborais. O outro, o incêndio da fábrica da Triangle Shirtwaist Company no 25 de março de 1911 que custou a vida a mais de um centenar de empregadas, na sua maioria mulheres imigrantes de entre 17 e 24 anos. Porém, nengum deles foi origem desta data comemorativa.

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O certo é que já em 1908 se falava da comemoraçom do Dia da Mulher nos círculos de mulheres socialistas de Chicago, vinculado ao movimento sufragista, e o Partido Socialista chegou a celebrar por primeira vez o Dia da Mulher (National Women's Day) em 28 de fevereiro de 1909. Em 1910 foi celebrado de novo, coincidindo com o fim da greve de costureiras. A finalidade desta convocatória era a reivindicaçom do direito das mulheres ao voto, que nom foi reconhecido nos Estados Unidos até a ratificaçom da Decima-Nona Emenda à Constituição em agosto de 1920.

zetkinluxemburgEm Europa, em 1907, Clara Zetkin, Rosa Luxemburgo e Alexandra Kollontai encabeçavam a luita polo voto feminino dentro da Internacional, organizando a I Conferência Internacional das Mulheres Socialistas.  Na II Conferência, celebrada em Copenhaga nos dias 26 e 27 de agosto de 1910 e à que assistírom 100 delegadas por 17 países, acordou-se a celebraçom unitária do Dia da Mulher tomando exemplo das socialistas estadunidenses. Atendendo à proposiçom defendida por Clara Zetkin e Luise Zietz, a Conferência decidiu que todos os países deviam celebrar todos os anos um Dia Internacional da Mulher no mesmo dia, ainda sem definir, e com a mesma legenda: "O voto para as mulheres unirá as nossas forças na luita polo socialismo". Na primeira celebraçom internacional, o 19 de março de 1911, participárom mais de um milhom de mulheres na Alemanha, Áustria, a Dinamarca e a Suécia, onde fôrom organizadas manifestaçons e reunions nas que se debatia sobre a situaçom das mulheres e as suas luitas e objetivos, fundamentalmente o direito ao voto universal feminino e o direito ao trabalho.

Em 1914, a petiçom das socialistas alemãs, o Dia da Mulher celebrou-se por primeira vez a 8 de março na Alemanha, a Suécia e a Rússia. Mas os acontecimentos que dérom lugar ao estabelecimento definitivo da data ocorrêrom na Rússia três anos mais tarde, em plena I Guerra Mundial. Assim, no dia 8 de março de 1917 (27 de fevereiro segundo o calendário juliano, vigente na altura) estalou em Petrogrado um movimento de tecelás e costureiras que, contrariando a decisom do Partido, saiu à rua declarando-se em greve: foi o início da conhecida como Revoluçom de Fevereiro.

Tendo como referência estes factos, a Conferência da Mulheres Comunistas celebrada em Moscovo em 1921 adotou o 8 de março como Dia Internacional das Operárias e a III Internacional apoiou a data, que foi proclamada feriado oficial nacional na URSS. Apesar da desmobilizaçom durante a II Guerra Mundial, a comemoraçom foi posteriormente recuperada polo feminismo de classe, especialmente na República Democrática Alemã.

Durante anos, os países ocidentais mostrárom-se relutantes a aceitar o 8 de março como Dia da Mulher por se tratar de um símbolo da revoluçom das mulheres trabalhadoras. Nom foi até 1975, quando as Naçons Unidas celebrárom o Ano Internacional da Mulher, que a data ficou também instaurada nos países capitalistas. Porém, o Dia Internacional das Operárias chegou aos nossos dias convertido em simplesmente Dia da Mulher e desprovido de qualquer conteúdo revolucionário e de classe graças à manipulaçom intencionada a que foi submetido para ocultar a sua ligaçom com o movimento socialista e comunista internacional e eliminar referentes para a classe operária. Por isso, recuperar o significado originário do 8 de março é recuperar umha parte da história das mulheres trabalhadoras na luita pola sua emancipaçom.


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