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100814 jornalunitaItália - Avante! - [Albano Nunes] O L'Unità, fundado em 1924 como órgão do Partido Comunista Italiano mas que há muito deixara de existir como jornal comunista, "suspendeu definitivamente" a sua publicação. A notícia, que conheceu larga repercussão e teve mesmo chamada de primeira página no Expresso, não nos pode deixar indiferentes.


Se por um lado, e descontando os graves problemas criados aos trabalhadores do jornal, é positivo que um título prestigiado da imprensa operária e comunista deixe de ser utilizado para veicular posições sociais-democratas, por outro lado fica a confirmação de uma derrota e de um vazio que os esforços corajosos dos camaradas italianos ainda não conseguiram preencher.

O verdadeiro L´Unità, comunista, passará à história pelo papel que efetivamente desempenhou ao serviço dos trabalhadores em duríssimos combates de classe contra o fascismo e a grande burguesia italiana. Do outro, daquele cuja trajetória de adaptação ao sistema capitalista agora termina, se não ficarão saudades, ficam-nos importantes lições.

Ainda estamos bem recordados como o L'Unità, acompanhando o processo de degenerescência do PCI, defendia o "eurocomunismo" como "via para o socialismo nos países capitalistas desenvolvidos", numa concepção contraposta à Revolução de Outubro e às experiências históricas do socialismo, dispensando o papel dirigente da classe operária e o partido de vanguarda marxista-leninista, opondo Marx a Lênine para depois o renegar, privilegiando o terreno eleitoral e parlamentar de luta e acordos de cúpula para alcançar um "compromisso histórico" acima da luta de classes. Como recordados estamos do progressivo abandono do objetivo de liquidação dos monopólios (apenas a "limitação do seu poder") e da dissolução da Otan ao mesmo tempo que – abrindo uma profunda brecha naquela que era a posição do movimento comunista – passava a defender uma opção "europeísta", de apoio à CEE/União Europeia e às suas estruturas e políticas federalistas supranacionais considerando "caduco" o marco nacional e a necessidade de fortalecer uma "Europa autônoma" frente aos EUA, argumentos que a prática já derrotou.

No momento em que se anuncia o seu desaparecimento vale a pena refletir sobre o caminho percorrido pelo L'Unità. As concepções reformistas que a partir dos anos 1970 veiculou e que após as derrotas do socialismo se tornaram abertamente liquidacionistas, conduziram, pela mão de dirigentes sem princípios como Ochetto, D'Alema e outros, à dolorosa dissolução do partido fundado por Gramsci e Togliatti. De degrau em degrau no abandono das teses centrais do movimento comunista internacional, de cedência em cedência para se tornar aceitável pelo grande capital, o PCI, aquele que foi um dos mais importantes partidos operários da Europa, com fortes raízes populares e com uma expressão eleitoral que chegou a ultrapassar os 30%, transformou-se sucessivamente em PDS, DS e finalmente no Partido Democrático atual em completa e assumida ruptura com o passado heroico dos comunistas italianos e diluído numa fétida sopa social-democrata que não desdenha incluir entre os seus membros um dos partidos que em Israel está a conduzir o hediondo massacre do povo palestino e que apoia o regime golpista-fascista instalado em Kiev.

É triste e doloroso. Mas como a experiência ensina mesmo as mais amargas derrotas das forças do progresso social não conseguem impedir a marcha da História para diante. O movimento operário e os comunistas italianos, herdeiros de honrosas tradições revolucionárias, encontrarão o seu caminho.

Albano Nunes é membro do Secretariado do Comitê Central do Partido Comunista Português.


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