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10166612075 62b85fe879 zDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] O Estado Islâmico deverá ser contido e expulso das cidades principais que controla, tanto no Iraque como na Síria. Mas o pitch bull foi solto e será muito difícil de ser derrotado.


Rei saudita Salman bin Abdulaziz. Foto: Tribes of the World (CC BY-SA 2.0)

Esse grupo, assim como os demais grupos salafistas ou tafkiris, continuarão muito ativos em todo o Oriente Médio e nos países vizinhos, com eventuais incursões e atentados nos países desenvolvidos, como a Europa e os Estados Unidos, e nas potências regionais, principalmente a Rússia, a China, a Turquia e o Paquistão. Em grande medida, a atividade desses grupos continuará sendo utilizada para justificar a “guerra contra o terror”, que implica no aumento dos gastos militares, nas intervenções militares no exterior e no aperto do regime político.

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Os estados nacionais implodidos continuarão implodidos. Isso acontecerá com a Somália, a Líbia, a Síria, o Iêmen, o Iraque e os países do Sahel (localizados ao sul do Deserto do Saara), em primeiro lugar o Mali e o Niger.

Na Síria, haverá um certo acordo entre o governo central e os chamados “rebeldes moderados”, que, na realidade, representam interesses de potências estrangeiras em algum grau. Mas a Síria será transformada numa espécie de Líbia. Será muito difícil desarmar as milícias e eliminar o Estado Islâmico, a al-Qaeda (Jabbat al-Nusra) e seus amigos. As potências regionais continuarão subsidiando-os com o objetivo de usá-los para os próprios interesses. A situação ficará ainda mais explosiva, pois o controle desses grupos é bastante relativo, pois eles têm interesses próprios.

Rússia e Turquia

A Rússia e a Turquia desescalarão as tensões, mas a situação continuará altamente explosiva dependendo da ameaça dos curdos avançarem na direção de um estado nacional. Os curdos iraquianos continuarão como aliados próximos do imperialismo e da reação, tentando ampliar a influência sobre os curdos sírios. Mas a pressão do governo turco contra os curdos turcos manterá forte uma ala esquerda dos curdos sírios, ligada ao PKK (Partido dos Trabalhadores) turco, que deverá aumentar as contradições com a ala direita conforme os confrontos com o Estado Islâmico e os demais grupos muçulmanos forem reduzindo e as políticas da ala direita começarem a ser colocadas em prática.

O governo da Turquia, encabeçado pelo primeiro-ministro Erdogan, deverá avançar no controle militar da fronteira norte, ao oeste do Rio Eufrates, contra o Estado Islâmico. Mas, a partir dessa operação, aparecerá o principal objetivo, conter a expansão dos curdos no norte da Síria por meio de uma manobra, a criação de uma “zona segura” para os refugiados sírios. Por meio da pressão sobre a Europa em relação aos refugiados, Erdogan tentará manter o apoio para essas operações militares e deverá se aproximar da Arábia Saudita por causa da política russa de apoio ao governo alawita sírio e de atacar não somente o Estado Islâmico, mas também os demais grupos "rebeldes”. Mas a Turquia, assim como a Rússia, não pode avançar para um confronto aberto. A crise econômica dificulta a possibilidade de confrontos militares abertos.

Irã

Ao mesmo tempo, a tendência é ao aumento das contradições com o Irã e seus aliados, a Síria e o Iraque. Um dos componentes que ficará colocado no centro das disputas será o Curdistão Iraquiano.

O retorno do Irã ao mercado mundial de petróleo aumentará o estresse sobre os preços porque aumentará o volume da oferta. Por esse motivo, dificilmente a Arábia Saudita se posicionará a favor da redução da produção na perspectiva de impulsionar o aumento dos preços. Os crescentes déficits fiscais continuarão provocando a aplicação de programas de austeridade na Arábia Saudita.

Nas eleições que acontecerão em fevereiro, para o parlamento e a Assembleia dos Expertos, o grupo ligado ao Presidente Hassan Rouhani deverá ser o grande vencedor por causa dos acordos em relação à questão nuclear. Mas o poder do Conselho dos Guardiões e do Corpo da Guarda Revolucionária continuará como o poder onipresente no Irã, tanto no aspecto político como econômico, pelo menos até os investimentos estrangeiros não chegarem em grande volume.

O Irã experimentará uma melhoria da situação econômica devido ao levantamento das sanções, ao aumento dos investimentos e do comércio com o exterior. O movimento guerrilheiro do curdistão iraniano, que foi derrotado na década de 1980, ainda não conseguirá se levantar novamente. O mesmo acontecerá com o contágio proveniente dos guerrilheiros balochis, que atuam no sul do Paquistão, sobre as minorias que habitam o Irã.

Arábia Saudita

A Arábia Saudita, que representa o coração do Oriente Médio, continuará enfrentando o aumento do déficit fiscal por causa da queda dos preços do petróleo. Uma possível redução da produção para impulsionar o aumento dos preços não poderá ser feita até o último trimestre de 2016 por causa da entrada do Irã no mercado, entre outras questões.

Os Estados Unidos enfrentaram dificuldades para manter a produção do petróleo a partir do xisto e poderão aumentar, um pouco, as importações a partir da Arábia Saudita.

O aprofundamento da crise capitalista continuará impactando o aumento da carestia da vida, principalmente no custo da moradia e dos alimentos.

A desestabilização do Oriente Médio continuará apertando os sauditas. A crise no Iêmen continuará desestabilizando o sul do país de maioria xiita.

Uma retomada dos protestos na Província Oriental possivelmente não acontecerá em 2016, mas sim em 2017.

Israel

O aprofundamento da crise econômica provocará o aumento das políticas pragmáticas por parte dos sionistas israelenses. Da mesma maneira que o governo Netanyahu manobra para manter os US$ 3,5 bilhões de ajuda militar dos Estados Unidos e a aliança estreita, os laços têm se estendido à Rússia, tanto em relação a acordos comerciais como militares, principalmente na tentativa de manter a milícia libanesa Hizbollah distante das armas russas. Além de apoiar vários grupos “rebeldes”, como a própria al-Nusra, a al-Qaeda na Síria, na região de Quneitra, os sionistas tentam apertar o cerco para se apropriar do gás dos palestinos, do Chipre e até do Líbano; neste caso, com mais dificuldades por causa das ameaças do Hizbollah. Israel continuará apoiando os Curdos Iraquianos, que lhe fornecem o grosso do petróleo que consomem.

A questão palestina manterá o ritmo atual sem confrontos em larga escala. Pelo menos é essa a política tanto dos sionistas quanto do Hamas. A novidade poderá ser o estouro de uma nova Intifada por causa do sufocamento da população palestina.

Egito

O governo golpista do Egito continuará sendo uma marionete dos sauditas. O investimento aprovado recentemente para a construção de uma central nuclear, pela Rússia, por US$ 26 bilhões, avançará como parte dos acordos mais gerais entre a Arábia Saudita e a Rússia. A pressão sobre a economia egípcia será reduzida por causa da queda dos preços do petróleo, mas a paralisia da economia levará à redução dos subsídios sobre os serviços públicos. A desestabilização política provocada pelo Estado Islâmico, a partir da Península do Sinai, continuará contida, como eventuais atentados nas demais regiões do país, mas não será eliminada.

Líbano

No Líbano, os grupos salafistas/ tafkiris continuarão atuando de maneira limitada, contidos pelas várias milícias armadas que representam os interesses dos vários grupos sectários do país. O Hizbollah continuará representando um dos principais mecanismos de contenção, nas mãos dos xiitas, aliados do Irã, contra as agressões dos sionistas israelenses e do imperialismo. As contradições entre os grupos continuarão aumentando e colocando em xeque os acordos de 2008 sobre a divisão do poder político. Novas manifestações de massas, como os protestos sobre a questão do lixo, que aconteceram em 2015, poderão implodir os principais blocos políticos do país, o “Movimento 14 de Março”, que representa a ala direita, e o “Movimento 8 de Março”, do qual participa o Hizbollah. As dificuldades para eleger um novo presidente da República continuarão em aberto, pois dependem, em última instância, de um acordo mais geral entre o Irã e a Arábia Saudita. E este é um dos fatores da crise para manter o frágil equilíbrio político no país.

Iraque

No Iraque, as milícias xiitas deverão controlar o país com o apoio do regime dos aiatolás iranianos. Mas as contradições sectárias, entre a maioria xiita que está no governo, e que já apresenta contradições internas, e os sunitas, entre os quais há líderes tribais que apoiam o Estado Islâmico, não serão eliminadas. Sobre esta base, novos reagrupamentos e confrontos deverão acontecer, no próximo período, conforme a crise capitalista continuar avançando.

Iêmen

A coalizão encabeçada pelos sauditas não conseguirá estabilizar o Iêmen. Os Houthis seguirão organizados em milícias e controlarão as regiões do interior do noroeste do país, mesmo se os sauditas conseguirem conquistar a capital, Sanaa, o que somente será conseguido com sangrentos enfrentamentos nas regiões montanhosas e a um custo muito alto. A ação dos Houthis e o fortalecimento da al-Qaeda nas regiões do leste do país impulsionarão o fortalecimento dos movimentos guerrilheiros no sul da Arábia Saudita.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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