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milSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Após os sucessos dos bombardeios promovidos pela aviação russa, apareceram as dificuldades militares em solo.


Avião russo em base aérea na Síria. Foto: Ministério da Defesa da Rússia (CC BY 4.0)

Os “rebeldes” do chamado Exército Sírio Livre, recentemente conseguiram conter uma ofensiva do Exército sírio, apoiado pela Rússia e o Irã, na província de Hama. E ainda pior, esses “rebeldes” empreenderam a contraofensiva e passaram a controlar territórios importantes no norte da Província, em torno da cidade de Morek. Dificuldades similares apareceram nos confrontos com a al-Nusra (a al-Qaeda na Síria) e com outros grupos.

A política russa da criação de um enclave alawita na Síria, nas regiões mediterrâneas, localizadas ao norte do Líbano, e nas regiões em torno da capital, Damasco, avançaram com sucesso. Mas avançar sobre as demais regiões apresenta muitos entraves, em primeiro lugar o apoio da reação local e do imperialismo a vários dos grupos “rebeldes”.

Perante a resistência, os russos já duplicaram o número de soldados para 4.000, além de três bases militares a mais. O Irã ajudou a colocar em pé as Forças de Defesa Nacional com a participação da Guarda Islâmica Revolucionária e das milícias xiitas. O avanço aconteceu com mais facilidade nas regiões localizadas ao sul de Aleppo, a província cuja capital é a segunda maior cidade do país, mas em Homs e Hama já não aparece mais o “passeio” inicial.

O objetivo da frente única, que a Administração Obama colocou em pé, passa pela saída negociada à crise. Enquanto isso, a guerra se torna “pantanosa”. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, aliados à extrema-direita imperialista, o Catar e até a Turquia buscam fortalecer as posições, por meio dos próprios rebeldes antes de viabilizar a saída negociada.

O Oriente Médio se tornou o grande ponto das contradições entre as várias potências, regionais e imperialistas. Obama tenta a saída negociada, mas essas contradições são muito profundas e poderão vir a se acirrarem ainda mais. Os resultados das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que acontecerão no próximo ano, a crise política na Alemanha, a desestabilização da Arábia Saudita por causa da guerra no Iêmen e, no geral, o aprofundamento da crise capitalista que deverá se refletir na crise dos regimes políticos.

Frente única ou guerra no Oriente Médio?

A Administração Obama está tentando colocar em pé uma frente única no Oriente Médio com o objetivo de conter a enorme desestabilização da região. Mas essa política, ao mesmo tempo, entra em conflito com o pântano das contradições entre as alas do imperialismo, e as potências regionais, que disputam a influência. A disputa entre as potências regionais têm se exacerbado.

A obscurantista monarquia da Arábia Saudita, ligada estreitamente à ala direita do imperialismo, financia vários grupos guerrilheiros que atuam principalmente na fronteira sul da Síria. No norte, predominam os grupos financiados pela Turquia que, às vezes, coincidem com os que são financiados pela Arábia Saudita ou pelo Catar.

Os curdos iraquianos mantêm proximidade com o imperialismo norte-americano e europeu, e os sionistas israelenses, e uma proximidade menor com o governo turco. Mas os curdos sírios são ligados aos curdos turcos do PKK (o Partido dos Trabalhadores) e, portanto, considerados como inimigos pelo governo turco apesar de terem contado com o apoio da aviação norte-americana nos combates contra o Estado Islâmico.

O Irã atua em frente única com a Rússia em apoio ao regime de al-Assad. O papel principal de apoio ao Exército Sírio cabe ao Hizbollah, a poderosa milícia libanesa, e às milícias xiitas. Obviamente, os assessores russos e os Quds iranianos, a força de operações especiais da Guarda da Revolução Islâmica, se encontram em plena atividade.

A tentativa do governo russo de criar um enclave alawita na Síria disparou os alarmes da reação no Oriente Médio.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, viajou a Moscou para se encontrar com o presidente Putin, devido à preocupação do fortalecimento do Hizbollah no caso de que armas de última geração caíssem nas suas mãos.

Além dos sionistas israelenses, também os turcos, os sauditas, o Catar, o imperialismo norte-americano e europeu.

A criação de uma nova Transnístria, Ossétia do Sul, Donbass ou Karabakh, na Síria, enfrentará muito maiores dificuldades.

A ala dominante do imperialismo europeu apoia essa política. Não por acaso, o presidente francês, François Hollande, ordenou a retomada dos bombardeios contra o Estado Islâmico. Os governos da França e da Alemanha também buscam o fim das sanções contra a Rússia, o que poderá acontecer no próximo mês de janeiro. Mas há a forte pressão da direita na Europa e do imperialismo norte-americano.

A ala direita do imperialismo europeu e norte-americano é impulsionada pelos monopólios com o objetivo de conter o aprofundamento da crise. Para o próximo período, está previsto um colapso capitalista de gigantescas proporções.

O acirramento das contradições na Síria poderá levar a Rússia a se meter num pântano parecido como o que a antiga União Soviética enfrentou no Afeganistão. O acirramento do confronto militar entre os grupos guerrilheiros deverá levar ao envolvimento cada vez maior do Exército russo na Síria. Ao mesmo tempo, o aprofundamento da crise capitalista pode levar a ala direita do imperialismo aos governos de países centrais. Uma eventual retomada dos conflitos na Ucrânia obrigará a Rússia a lutar em duas frentes simultaneamente.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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