Ma lidera o Kuomintang, o partido nacionalista que tem buscado a aproximação com a China, desde a vitória eleitoral de 2008, e, principalmente, desde o amplo acordo de cooperação econômica de 2010. No próximo dia 16 de janeiro acontecerão eleições na Ilha e o Kuomintang está ameaçado de sofrer uma humilhante derrota para a direita pró-norte-americana.
Por trás da tentativa de “consolidar a paz entre ambos os lados do Estreito e manter o status quo”, se encontra a política chinesa de contenção do cerco imposto pelos Estados Unidos. Na reunião, não está prevista a assinatura de acordos nem a emissão de comunicados conjuntos.
Em maio, Xi já tinha se reunido, em Pequim, com o presidente do Kuomintang, Eric Chu, que acabou substituindo o candidato eleito para disputar as eleições.
Xi se transformou no grande impulsionador do Novo Caminho da Seda chinês, a política de contenção da crise por meio de facilidades logísticas para aumentar o comércio com a Europa, integrando vários países do Oriente Médio, da Ásia Central e do sul da Ásia.
Xi, além de ter visitado os Estados Unidos, esteve, recentemente, na Inglaterra, e encabeçou as reuniões com os mandatários do Japão e da Coreia do Sul, os três aliados de primeira ordem dos Estados Unidos.
A visita de Xi a Taiwan acontecerá a continuação da visita de Xi ao Vietnã na tentativa de desescalar as tensões no Mar do Sul da China e aumentar as relações comerciais. O Vietnã participa da TPP (Parceria do Trans Pacífico) impulsionada pelos Estados Unidos com o objetivo de conter o expansionismo econômico chinês. Mas dois dos principais parceiros econômicos do Vietnã, a Rússia e a Coreia do Sul, têm se transformado em parceiros muito próximos da China.
Ao mesmo tempo, a Administração Obama também busca reduzir as tensões na região. A visita antecede a próxima reunião do Partido dos Trabalhadores do Vietnã, que deverá escolher o próximo líder do país.
Xi Jinping: um político "inovador"?
O presidente Xi tem “inovado” em relação aos antecessores. A movimentação que significa a reunião com o presidente de Taiwan é arriscada, pois implica num certo reconhecimento e legitimação do governo. Implica num certo afastamento da política de “uma China com várias políticas”. Taiwan é considerada como uma “província rebelde”, que deverá voltar a fazer parte da China, mesmo que se para isso for necessário usar a força.
O problema colocado é que a vitória da oposição de direita, do Partido Democrático Progressista, liderado por Tsai Ing-wen, fortaleceria a pressão imperialista contra a China diretamente no Mar da China. A movimentação do governo chinês, além de fortalecer o Kuomintang, busca também forçar Tsai a colocar às claras as relações bilaterais. Desta maneira, abriria o flanco para o aumento das pressões.
O Pentágono direcionou para a região Pacífico da Ásia nada menos que a metade do orçamento, em grande medida alocando bases militares e porta-aviões em pontos estratégicos para os chineses, como o Mar do Sul da China e o Estreito de Malaca, uma faixa de 30 quilômetros, entre a Malásia e a Indonésia, que é controlada pela Marinha norte-americana, e por onde circula mais de 80% do petróleo consumido na China.
O imperialismo norte-americano tem provocado o acirramento das contradições na região em cima das disputas territoriais. Enquanto as tensões com o Vietnã, as Filipinas, Brunei e outros têm escalado, para a política chinesa acalmar as tensões com Taiwan desempenha um papel central. Essas questões também foram tratadas na recente visita de Xi aos Estados Unidos.
A Obama também lhe interessa a estabilização da região. Ele lidera a ala da direita tradicional do imperialismo que busca fortalecer essa alternativa perante o fortalecimento da extrema-direita às vésperas das eleições nacionais que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano.
Durante os oito anos de governo do Partido Democrático Progressista, entre 2000 a 2008, as relações atingiram um nível muito baixo e as tensões escalaram. Um ano após a reeleição do PDP em 2004, a China aprovou uma lei que tornou ilegal a declaração de independência por Taiwan, autorizando inclusive o uso das armas.
O governo dos Estados Unidos só deixou de reconhecer Taiwan como o legítimo governo chinês em 1979.
O aprofundamento da crise capitalista está por trás da escalada do descontentamento em Taiwan. No ano passado, estouraram grandes manifestações estudantis que, durante três anos, tomaram vários prédios públicos. O Kuomintang sofreu uma importante derrota nas eleições locais que aconteceram no mês de novembro. A direita colocou no eixo da política as relações com a China.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.