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8033641249 734b8ecc92 zEstados Unidos - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Até o momento, o Partido Republicano teve quatro debates entre os pré-candidatos contra apenas um debate do Partido Democrata.


Jeb Bush é um dos representantes do chamado “conservadorismo compassivo”, que inclui a atenção aos programas sociais, mas os governos do irmão e do pai foram fortemente influenciados pelos chamados “neoconservadores”. Foto: The World Affairs Council of Philadelphia (CC BY 2.0)

O último debate entre os republicanos, promovido pela rede de televisão CNBC, que aconteceu no dia 28 de outubro, teve forte “cheiro de fritura”. O pré-candidato Jeb Bush, ex-governador da Flórida, irmão do ex-presidente George Bush Jr e filho do ex-presidente George Bush, foi transformado numa espécie de fantasma e alvo preferencial do senador Marco Rubio, o novo queridinho republicano dos monopólios. Além de Rubio, os outros candidatos que tiveram destaque foram o governador de New Jersey, Chris Christie, e o senador por Texas, Ted Cruz.

Quando Bush tentava se recuperar no debate foi nocauteado por Christie, que ridicularizou uma pergunta do moderador que Bush estava levando a sério. Da regulamentação do futebol de fantasia à luta contra o Estado Islâmico e a disparada do endividamento público, Bush continuou no mundo dos mortos vivos. Foi uma repetição da fraca atuação no debate anterior.

Ben Carson, o candidato negro que se encontra à frente das pesquisas junto com Donald Trump, ficou em segundo plano. O máximo que conseguiu explicar, e ainda medianamente, foram as “maravilhas” conseguidas com a exploração ultra depredadora de petróleo e de gás a partir do xisto. Carson, assim como todos os demais principais candidatos, é radicalmente contra o aborto, em quaisquer circunstâncias, considera que a mudança climática, ocasionada pela “ação humana”, não existe, pretende conter o galopante endividamento público por meio de um imposto único, é a favor de um maior endurecimento da educação, principalmente das matérias humanas (“a maior parte dos estudantes, quando finalizam o curso [de História] estão prontos para entrar no ISIS [Estado Islâmico]”), se opõe à legalização da maconha e ao casamento entre homossexuais.

O “cachorro louco” Donald Trump, líder das pesquisas eleitorais, está sendo jogado para fora de cena. O “showman” dos dois primeiros debates, abordando de maneira ultra direitista todos os assuntos colocados, teve um papel muito secundário nos dois últimos debates.

Carly Fiorina, a ex-presidente da HP, continua tentando se apresentar como a eficiente empresária, mas sem conseguir nenhum brilho. O ”esquerdista” republicano Rand Paul, senador por Kentucky, continua relegado a um papel folclórico, da mesma maneira que tem atuado nos últimos anos.

A burguesia ainda não parece muito empolgada em arriscar os “assuntos públicos” para a extrema-direita. Ainda busca a carta da direita tradicional, centrista, e até acena com a “carta esquerdista” de Sanders, o candidato do Partido Democrata.

Direita tradicional ou extrema-direita?

Os setores hegemônicos da burguesia imperialista norte-americana tentam direcionar a campanha eleitoral para o centro, contendo o avanço dos setores de extrema-direita. Os pré-candidatos que estão recebendo os holofotes são defensores do chamado “conservadorismo compassivo”, que inclui a atenção aos programas sociais. Marco Rubio, Chris Christie e Ted Cruz são típicos representantes desta ala. Jeb Bush também, mas os governos do irmão e do pai foram fortemente influenciados pelos chamados “neoconservadores”, o que conduziu às derrotas nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

A derrota do Partido Republicano nas últimas eleições presidenciais mostrou não somente que uma parcela importante da população repudia o Tea Party, mas que os monopólios ainda têm receio da “solução final” desses “cachorros loucos”, apesar de continuarem a impulsionar essa carta. Nas eleições legislativas, o Partido Republicano, impulsionado pela extrema-direita, agrupada no Tea Party, passou a dominar as duas câmaras do Congresso, cerceando o papel da Administração Obama.

O sistema eleitoral norte-americano é um dos mais controlados pelo poder do capital. O voto distrital, o financiamento das campanhas, a blindagem dos dois partidos tradicionais e outros mecanismos fazem deste país um dos mais anti-democráticos no mundo.

A Administração Obama incorporou ao primeiro escalão do governo figurões do Partido Republicano, da direita tradicional, principalmente após a “fritura” dos generais David Petraeus e Allen, e da embaixadora nas Nações Unidas, Susan Rice. Agora, as duas políticas do imperialismo ficam claras no Oriente Médio. A Administração Obama tem se aliado aos russos, ao Irã e aos chineses, deixando de lado os aliados tradicionais, a Arábia Saudita, Israel e até a Turquia, para desespero da ala direita.

A ascensão da extrema-direita no Partido Republicano tem ficado evidente no último período, tentando impor políticas de força que visam salvar os lucros dos monopólios a qualquer custo.

A extrema-direita também se movimenta por fora das instituições. Um exemplo foi o abandono do Senado por Jim DeMint, um dos principais líderes do Tea Party, no meio do mandato, para presidir a ultra conservadora Heritage Foundation, uma espécie de Instituto Millenium nos Estados Unidos. O papel da Heritage Foundation, da mesma maneira que acontece com o Instituto Millenium no Brasil, que é um filhote da Heritage Foundation, é criar um polo aglutinador da extrema-direita, além de um partido político específico, visando não somente vencer as eleições, mas, principalmente, demostrando que a visão de futuro é a viabilização de um movimento de cunho fascista. No último período, os recursos provenientes dos monopólios começaram a jogar com maior intensidade.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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