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jinpingInglaterra - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] No mesmo dia em que o presidente chinês, Xi Jinping, chegou à Inglaterra, David Cameron, o primeiro-ministro britânico, anunciou a incorporação de um chinês aos grupo de conselheiros de economia.


Xi Jinping declarou que a “competição é necessária para um negócio crescer". Foto: Casa Branca/Wikimedia Commons (Domínio Público)

Mas quem é esse chinês? Jack Ma, o presidente da Alibaba, uma importante empresa chinesa do setor varejista, que atua fundamentalmente na Internet. Ma é o segundo homem mais rico da China, estreitamente ligado ao Partido Comunista Chinês e à família do presidente Xi. Ele chegou a declarar que abriria mão das suas empresas caso o Partido o pedisse.

O presidente Xi Jinping está sendo recebido com toda a pompa real. Ele ficará hospedado no Palácio de Buckingham, como hóspede da Rainha Elizabeth II, e manterá reuniões com o primeiro-ministro.

A direita inglesa deixou de lado as clássicas denúncias sobre a “violação dos direitos humanos” na China. Coube ao novo presidente do Partido Trabalhista levantar o assunto.

As declarações neoliberais marcaram a pauta. Xi Jinping declarou que a “competição é necessária para um negócio crescer.” “Esperamos que essa competição seja benigna e baseada no mercado.” Sobre as acusações de favorecimento estatal agregou: “Mesmo nas condições de mercado, os países suportam o crescimento das suas empresas de várias maneiras e essas medidas não deveriam ser consideradas subsídios governamentais.”

Um dos principais negócios que deverão ser fechados é investimento de duas empresas chinesas, por US$ 25 bilhões, numa planta nuclear que se encontra em construção pela francesa EDF, localizada em Hinkley, no sudoeste da Inglaterra.

A Inglaterra no "Novo Caminho da Seda"?

A crise capitalista avança a todo vapor no mundo. A “locomotiva do crescimento mundial” está perdendo fôlego, como o mostram todos os indicadores. A especulação financeira, que representa o coração do capitalismo mundial, se encontra por um fio. Todos os programas e políticas que foram colocadas em pé para conter a crise capitalista mundial se enfraqueceram a partir de 2012 e, neste ano, ficou clara a ameaça real de um novo colapso mundial ainda pior que o de 2008.

Os chineses tentam conter a crise por meio do chamado “Novo Caminho da Seda” que tem como objetivo facilitar o comércio com a Europa por meio de uma série de mecanismos. Dentre eles, a criação de um trem bala de Beijing até Berlin, o desenvolvimento de outras rotas de comércio alternativas, como a rota do Ártico, a incorporação de uma série de países fornecedores de matérias-primas no sul da Ásia, no Oriente Médio e na Ásia Central.

Os Estados Unidos se contrapõem ao Novo Caminho da Seda já que implica no enfraquecimento da política de dominação da região Ásia Pacífico, para onde foi direcionado a metade do orçamento do Pentágono. Os chineses, além de evitar a armadilha do Estreito de Malaca, que é controlado pela Marinha norte-americano e por onde circula uma boa parte das exportações e das importações, têm impulsionado organismos por fora dos controles imperialistas tradicionais, como o Banco de Investimento em Infraestrutura, o Banco dos BRICS e o Banco de Desenvolvimento.

No eixo da aliança com o imperialismo europeu estão a Alemanha e a França, com a Rússia como pivô. Mas a Grã-Bretanha, um dos principais aliados dos Estados Unidos, foi um dos primeiros países (o primeiro país ocidental) a fazer parte do Banco de Infraestrutura.

Qual é o significado da aproximação entre China e Grã-Bretanha?

O aprofundamento da crise capitalista mundial tem provocado o enfraquecimento dos controles imperialistas, principalmente dos Estados Unidos. Na década passada, o enfraquecimento do chamado neoliberalismo, que colapsou em 2008, levou ao fortalecimento das potências regionais. As derrotas militares no Iraque e no Afeganistão têm levado ao colapso da política norte-americana para o Oriente Médio. Aliados tradicionais e pilares do controle mundial têm se aproximado dos chineses e dos russos, como a Arábia Saudita, que se converteu no principal fornecedor de petróleo aos chineses, em moedas locais.

A Inglaterra é o principal país aliado dos Estados Unidos em termos militares, comerciais, principalmente em relação à especulação financeira, e políticos. A aproximação com a China revela a gigantesca crise que a Grã-Bretanha como um todo enfrenta e a busca por alternativas e “saídas” a qualquer custo. O mesmo pode ser dito sobre a China. Trata-se da conhecida política do “salve-se quem puder” que tem ficado cada vez mais clara conforme a crise capitalista se aprofunda. No capitalismo, tudo é movido a dinheiro. Todas as alas da burguesia buscam salvar os lucros a qualquer custo.

A Administração Obama, que representa a direita tradicional norte-americana, ou seja a “ala esquerda” do imperialismo, tem buscado conter a crise focando o problema principal, o Oriente Médio. Com esse objetivo, encabeçou a estruturação da frente única com os russos, o Irã e os chineses, para conter as “loucuras” que a reação estava fazendo na Síria e em outros países, ameaçando botar fogo em todo o Oriente Médio. Mas a ala direita se opõe a essa política. No último debate do Partido Republicano, as políticas levantadas pelos principais candidatos iam desde o desconhecimento dos acordos nucleares com o Irã até a guerra, inclusive nuclear, não somente contra o Irã, mas também contra a Rússia e a China. O quão longe essa política irá depende do aprofundamento da crise. Os monopólios a colocarão em prática se as outras políticas fracassarem em manter os lucros. Conforme a recessão industrial aumenta, fica claro que a alternativa é acelerar os ataques contra os trabalhadores em todo o mundo.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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