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18817652771 287c551d49 zEstados Unidos - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Os debates das primárias do Partido Democrata, que aconteceram recentemente em Las Vegas, ficaram concentrados entre o senador do Estado de Vermont, Bernie Sanders, e a ex-secretária do Departamento de Estado, Hillary Clinton.


Hillary Clinton, candidata nas primárias do Partido Democrata. Foto: Gregory Hauenstein (CC BY-NC-ND 2.0)

Os principais pontos discutidos foram a crise econômica, a crise no Oriente Médio e outras questões domésticas, como o aumento das restrições para a venda de armas. Predominou no debate uma política à direita da política aplicada pela Administração Obama sobre estes assuntos. Se fez sentir a pressão do Partido Republicano, que, por sua vez, se encontra pressionado pela ala de extrema-direita agrupada no Tea Party. Essa ala já controla as duas câmaras do Congresso.

Por causa do rápido aprofundamento da crise capitalista, a ala direita do imperialismo pressiona por uma saída de força. Do debate das primárias do Partido Republicano essa política ficou evidente. A “solução” da crise no Oriente Médio passaria pelo desconhecimento dos acordos com o Irã, o envio de tropas, o fortalecimento da pressão dos sionistas israelenses sobre o Irã, incluindo a possibilidade de ataques nucleares. A Rússia e a China também seriam alvos desses ataques. O presidente Obama é pintado como um “fracote”, “um incompetente”, responsável pelo fortalecimento do ISIS, dos russos e dos iranianos.

O Oriente Médio no centro dos debates

Um dos pontos mais candentes dos debates foi a crise no Oriente Médio. Clinton disse que iria impor uma zona de exclusão aérea na Síria, que é uma reivindicação não somente do governo turco, mas também da extrema-direita. O objetivo principal seria se contrapor ao avanço da Rússia na região, aumentando a presença militar norte-americana. Sanders se opôs ao envio de tropas e à zona de exclusão aérea.

A Administração Obama impulsiona uma frente única com a Rússia, o Irã e a China na tentativa de estabilizar o Oriente Médio. As demais potências da região apoiam, em alguma medida, os próprios rebeldes, inclusive a al-Qaeda e o Estado Islâmico. A Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e os sionistas israelenses têm vínculos estreitos com o Partido Republicano e a extrema-direita norte-americana. O Catar apoia, fundamentalmente, os guerrilheiros da Irmandade Muçulmana que atuam principalmente no ESL (Exército Sírio Livre). Obama gastou US$ 500 milhões para fazer decolar os “próprios rebeldes”, mas fracassou rotundamente.

Os protestos populares de 2011 e 2012 foram rapidamente cooptados pelos serviços de inteligência do imperialismo e das potências regionais. A estabilização do Oriente Médio, o aperto do controle sobre a América Latina e a desescalação dos conflitos na Ucrânia e no Mar da China se encontram na base da política da Administração Obama para consolidar a política da ala “democrática” do imperialismo em vista às eleições nacionais que acontecerão no próximo ano.

Clinton: a queridinha da ala "democrática" do imperialismo

O apoio financeiro à candidatura de Hillary Clinton é disparadamente o maior, o que mostra que ela conta com a confiança dos monopólios. Sanders tem conseguido mobilizar comícios com milhares de pessoas em vários locais; os seus contribuintes têm sido, principalmente, pequenos doadores.

Hillary Clinton foi transformada na queridinha da ala "democrática” do imperialismo. Os órgãos da imprensa que a representam, tais como os jornais The New York Times e Los Angeles Times, têm se engajado na promoção.

Sobre o sistema financeiro, Sanders, que se autodefine como um “democrata socialista”, disse que se trata de “um casino capitalista que faz com que poucos tenham muito”. Clinton disse que seria um “erro grave” dar as costas para um sistema que construiu a classe média norte-americana.

O governo do esposo de Hillary, Bill Clinton, representou uma continuidade da política neoliberal dos governos de Ronald Reagan. Os Clinton contam com a confiança dos grandes bancos em primeiro lugar.

A questão do vazamento dos e-mails confidenciais por Hillary Clinton, que está na base da propaganda da ala direita, foi minimizada no debate, ao mesmo tempo em que foi colocada em primeiro plano a necessidade de manter as políticas sociais. Mas continua sendo uma arma nas mãos da direita que poderá apertá-la, caso o julgar necessário, contra as políticas tradicionais do Partido Democrata, como a defesa dos direitos dos gays, dos imigrantes, do direito ao aborto

O FBI pode desenvolver o caso para que dois dos principais assessores de Clinton sejam presos, e, dependendo, da evolução das investigações, até ela mesma. Se trata do mesmo instrumento usado em relação à campanha contra a corrupção como acontece em vários países. Trata-se de um jogo de cartas marcadas, onde os monopólios poderão apostar as fichas em um ou outro candidato, com mais força, dependendo dos riscos que devam assumir, fundamentalmente, perante o aprofundamento da crise capitalista mundial.

A ficha do candidato democrata de última hora, o vice presidente Joe Biden, no jogo eleitoral, representa uma carta ainda mais à direita que a de Clinton que poderá substitui-la caso as candidaturas abertamente direitistas do Partido Republicano não decolarem ou o “esquerdista” Sanders escapar ao controle desejado.

Biden não apareceu no debate. Os demais pré-candidatos desempenharam um papel secundário. Foram eles: o ex-governador do estado de Maryland, Martin O’Malley; o ex-secretário da Marinha e senador pelo estado da Virgínia, Jim Webb; e o ex-governador e senador republicano por Rhode Island, que, após ter se tornado independente, ingressou ao Partido Democrata.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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