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putinassadSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Síria é o novo Afeganistão da Rússia?


Putin é aliado de Assad, cujo país representa uma região estratégica para a Rússia no Oriente Médio. Foto: Kremlin

O governo Putin tem apoiado o regime de al-Assad desde o início dos protestos, em março de 2011. O apoio tem acontecido em paralelo com o apoio do Irã e, mais recentemente, com o envolvimento direto do Hizbollah, a poderosa milícia libanesa, e as milícias xiitas iraquianas ligadas à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. O regime da família al-Assad tem sido um aliado de várias décadas da Rússia e da antiga União Soviética. Pelo menos cem mil russos moram na Síria. As empresas russas têm, pelo menos, US$ 20 bilhões investidos na Síria. A única base naval russa no Mar Mediterrâneo está localizada na Síria, no porto de Tartus, ao norte do Líbano.

As posições da Rússia e do Irã se encontram ameaçadas pelo grupos islâmicos que, em grande medida, são financiados pela reação do Oriente Médio e o imperialismo.

O governo sírio de al-Assad só se mantém em pé por causa da ajuda militar da Rússia e do Irã.

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A criação de um novo enclave “bunkerizado” na Síria coloca a questão da situação e da evolução desses semiestados congelados. Se tratam de estados muito pequenos que dependem visceralmente da ajuda da Federação Russa. Essa tem sido a garantia de que os estados que se encontram ameaçados pelos enclaves tenham sido contidos em relação às investidas do imperialismo para apertar o cerco contra a Rússia.

Conforme a crise capitalista tem se aprofundado, o governo russo enfrenta a necessidade de enfrentar os crescentes déficits públicos. Por esse motivo, busca o levantamento das sanções, se aproximou do governo chinês e tenta avançar para acordos, como está acontecendo na Ucrânia e com o governo do Azerbaijão.

Estratégicos "insignificantes" semiestados

A Ossétia do Sul, um enclave localizado na Geórgia, conta com apenas 3.900 quilômetros quadrados e menos de 50 mil habitantes. A Abkhazia, outro enclave localizado na Geórgia, conta com menos de 15 mil quilômetros quadrados e uma população de 240 mil habitantes. A Transnístria, o enclave localizado na região oriental da Moldávia, tem pouco mais de quatro mil quilômetros quadrados e 555 mil habitantes.

A Península da Crimeia é uma região que fazia parte da Federação Russa até o então dirigente máximo da antiga União Soviética, Nikita Kruschev, em 1954, a repassar para a Ucrânia por meio de um decreto. A atual República Autônoma da Crimeia tem 26 mil quilômetros quadrados e uma população de dois milhões de habitantes.

No Donbass, as autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk contam, em conjunto, com 16 mil quilômetros quadrados e 3,5 milhões de habitantes.

Os custos relacionados com a manutenção desses enclaves têm escalado conforme as tensões militares têm aumentado. Eles dependem integralmente da ajuda da Federação Russa. Os maiores custos, obviamente, têm sido direcionados ao leste da Ucrânia.

No caso da Ucrânia, a política do governo russo não é a anexação das duas repúblicas do Donbass, mas a manutenção dessas repúblicas na Ucrânia com status de autonomia similar ao da Província Autônoma da Crimeia, antes da anexação. O objetivo é que essas repúblicas sejam transformadas em províncias autônomas, com direito a veto em questões fundamentais da política nacional, como o ingresso na União Europeia ou na OTAN por exemplo.

A Rússia não conta com força econômica suficiente para promover uma guerra ofensiva contra a Ucrânia, nem mesmo conta com a capacidade militar para isso. Os custos envolvidos na reconstrução assim como o esforço bélico relacionado com o enfrentamento da OTAN seriam gigantescos, além da capacidade da Rússia. Na prática, o que tem acontecido, é que, dependendo dos interesses do governo russo, respondendo à pressão do imperialismo, a guerra tem escalado ou refluído. A linha vermelha para os russos é a entrada da Ucrânia na OTAN já que escalaria a pressão militar sobre a capital da Rússia, Moscou.

Karabakh: Armênia versus Azerbaijão?

Após o colapso da União Soviética a Armênia e o Azerbaijão entraram em guerra pelo controle de Nagorno Karabakh, uma região habitada majoritariamente por armênios.

Karabakh conta apenas com 4.400 quilômetros quadrados e 150 mil habitantes; antes da guerra eram 350 mil. Após o cessar-fogo de 1994, a região ficou sob controle da Armênia, que é o único país que a reconhece como um país independente, como um enclave dentro de Azerbaijão.

A Rússia mantém estacionados cinco mil soldados na Armênia, além de farto fornecimento de material bélico. A Armênia conta com dois milhões de habitantes, mas três milhões de imigrantes armênios vivem na Rússia.

No último período, o governo russo mudou a política para o Cáucaso. A Rússia passou a fornecer armas também para o Azerbaijão e está pressionando por uma solução da questão.

O Azerbaijão representa uma das peças fundamentais da política do imperialismo europeu para implodir o monopólio da Gazprom (o gigante russo do gás). A isso se soma o levantamento das sanções contra o Irã que buscará escoar parte da produção de gás pelo Cáucaso e a Turquia.

Baku é a capital do Azerbaijão, onde existe um enorme campo de gás e petróleo, no Mar Cáspio. Essa política se tornou fundamental por causa da implosão do projeto do Gasoduto do Sul (South Stream), que teria como primeiro destino a Bulgária, por causa das sanções. A Rússia contra-atacou com o Gasoduto Turco (Turk Stream). Mas o aprofundamento da crise capitalista na Rússia e as crescentes dificuldades para o acesso ao crédito têm adiado o início do projeto. Por esse motivo, a contenção do projeto BTC (Baku-Tbilisi-Ceylan) se tornou um dos componentes fundamentais da política russa para o Cáucaso.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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