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articoRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Aquecimento global, petróleo e o controle das rotas do Novo Caminho da Seda.


Marinha norte-americana no Oceano Ártico. Foto: Wikimedia Commons (Domínio Público)

Conforme o aquecimento global avança no nosso planeta, o Ártico começa a ficar mais acessível relevando grandes riquezas em hidrocarbonetos de minerais. Longe das grandes cidades é um candidato natural para aplicar os métodos ultra depredadores de produção que permitem reduzir significativamente os custos de produtos. Experiências neste sentido já têm sido testadas pela Shell enquanto os russos tentam desbloquear as sanções que lhes permitiria ter acesso a essas “tecnologias”, com as chamadas fratura horizontal e fratura hidráulica. Ao mesmo tempo, o Ártico será uma das rotas do Chamado Novo Caminho da Seda, impulsionado pelos chineses com o objetivo de facilitar o comércio com a Europa e garantir o suprimento de matérias-primas sem passar pelo “campo minado” do Estreito de Malaca que é controlado pela frota de guerra dos Estados Unidos.

No último período, as contradições pelo controle do Ártico têm escalado. Os monopólios norte-americanos e europeus tentam avançar na exploração das riquezas naturais e buscam obter licenças e concessões que evitem os custos ambientais e na segurança.

A Shell já detém essas licenças, outorgadas pelo governo Obama em tempo recorde sob a alegação dos altos preços do petróleo e a suposta geração de 54.000 novos postos de emprego nos Estados Unidos. Não houve exigências de planos de desastres adequado para o caso de um vazamento de petróleo. Não foram exigidos padrões de exploração compatíveis com as caraterísticas extremas do Ártico nem processos de testes pilotos e certificações que os atestem.

30% das reservas mundiais de gás, 15% do petróleo e rota do Caminho da Seda

O aquecimento global tem liberado vastas extensões para o acesso a gigantescas reservas de petróleo e minerais no Ártico, incluindo 30% das reservas mundiais de gás e 13% das reservas de petróleo. Além disso, por ali passará uma das rotas do Novo Caminho da Seda que conectará, pela via marítima, Pequim até a Europa.

Enquanto a crise capitalista se aprofunda, aumenta a corrida por lucros fáceis em regiões ricas em reservas naturais, que somente podem ser viabilizados por meio de métodos de exploração altamente depredatórios.

A corrida na direção do Ártico

O governo russo avança na tentativa de controlar uma parte do Ártico, de olho nos outros sete países que também o reivindicam. Cinco desses países participam na OTAN. A corrida armamentista na região levou à escalada das contradições entre a Rússia e os países nórdicos.

Às manobras da OTAN na região e no Báltico, a Rússia tem respondido por meio da reativação de antigas bases da época da União Soviética, por exercícios militares e pelo reforço militar na região. Os últimos exercícios militares do Exército russo colocaram em movimento dezenas de milhares de soldados e marinheiros, além de mísseis anti-aéreos e balísticos, como os Iskander-M.

A nova doutrina militar, aprovada no mês de dezembro do ano passado, colocou o Ártico dentro das prioridades, junto com o controle do Mar Negro.

A Frota do Norte já representa mais da metade do poderio naval russo. Conta com quebra-gelos movidos a energia nuclear. Mísseis S400 foram movidos para a região. Serão estacionados seis mil soldados a mais em Murmansk e em Yamal Nenets, que se somarão às dezenas de aviões de combate, caças, helicópteros, navios, submarinos e mísseis. Tudo é controlado a partir de um comando unificado. O Mar de Barents é vigiado de perto pela aviação russa.

A Noruega passou a apoiar as movimentações da OTAN no Ártico e as sanções contra a Rússia por causa do aumento das pressões do imperialismo. A política mantida durante o século passado está mudando para uma política mais agressiva. O governo chegou a anunciar que realizará manobras militares em larga escala em Finnmark, na fronteira com a Rússia. O país, além de disputar em termos geográficos o controle da região, possui o comando do exército acima do Círculo Polar.

A China e a Índia também buscam controlar a região, principalmente a China que é o principal mentor do Novo Caminho da Seda.

A política dos EUA no Ártico

A mudança climática, contra a propaganda da imprensa capitalista, provocará que, no ano de 2030, o Ártico veja regiões inteiras entrar em desgelo, deixando acessíveis as riquezas naturais, além de liberar rotas para a navegação comercial e militar. Há abundantes reservas de petróleo e gás. Os Estados Unidos reivindicam a quinta parte do território.

A disputa tem se tornado acirrada. Além dos países que teriam acesso direto ao Ártico foi criado um Conselho do Ártico do qual, desde 2013, também fazem parte a China, o Japão, a Coreia do Sul, Singapura, a Itália e a Índia. No mês de maio do mesmo ano, os Estados Unidos lançaram a estratégia nacional para o Ártico.

Com o objetivo de conter o crescente controle da região pela Rússia, a Administração Obama solicitou o encaminhamento da construção de novos submarinos quebra-gelo, alegando que a frota somente conta com três unidades enquanto os russos contam com 41.

A Frota russa do Norte, estacionada na cidade de Murmansk, patrulha a região seguida de perto pelos submarinos nucleares de ataque norte-americanos.

Os Estados Unidos não contam com nenhum porto no Estreito de Bering. Na tentativa de recuperar o terreno perdido também tentam envolver outros países por meio de acordos bilaterais.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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