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373px Vladimir Putin 5 editRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O Parlamento russo aprovou, no dia 10 de setembro, o início das discussões sobre o orçamento para o próximo ano.


A Rússia enfrenta a segunda recessão em seis anos. O Governo Putin tem reduzido os gastos sociais de maneira parcial, principalmente nos setores da saúde e educação. Foto: Kremlin/Wikimedia Commons (CC BY 3.0)

As propostas do ministro das Finanças, Anton Siluanov, deverão contemplar, conforme já aconteceu no passado, o aumento da abertura para o capital estrangeiro. Siluanov também tem sido um opositor do uso das reservas soberanas para resgatar as grandes empresas públicas em crise. Mas as alas mais nacionalistas, ligadas às grandes empresas, contra-atacaram. O Conselho de Segurança da Rússia, que é controlado pela FSB (Serviço Federal de Segurança, o sucessor da antiga KGB), lhe pediu ao conselheiro presidencial Sergei Glazyev, que é um elemento próximo ao Conselho, que apresentasse uma estratégia econômica em separado. Glazyev tem sido um dos mais fervorosos apoiadores da anexação da Península de Crimeia e da oposição ao governo golpista de Kiev.

O Conselho de Segurança busca implantar políticas que diminuam a dependência do imperialismo em prol da maior aproximação com as demais potências regionais. Entre elas estariam a proibição das empresas russas fazerem transações em moedas estrangeiras, a taxação da conversão do rublo a moedas estrangeiras, a proibição da captação de empréstimos em moedas estrangeiras por empresas russas e a obrigatoriedade de que as empresas que contraíram empréstimos no ocidente declarem “default”.

O aumento das contradições entre os vários setores da burocracia russa mostra que, apesar de alguns acordos com a Administração Obama, as expectativas para o futuro são o aumento das pressões do imperialismo. As sanções não têm sido aliviadas apesar da distensão no leste da Ucrânia. As eleições nos Estados Unidos, que acontecerão no próximo ano, deverão levar o regime ainda mais à direita. Conforme acabou de ser revelado pelas votações sobre o acordo nuclear com o Irã, a maioria belicista domina ambas câmaras do Congresso norte-americano.

Déficit público, gastos sociais, orçamento militar e "regime change"

A Rússia enfrenta a segunda recessão em seis anos. Os gastos sociais têm sido reduzidos de maneira parcial, principalmente nos setores da saúde e educação. As aposentadorias não foram cortadas, em grande medida, por causa do temor à irrupção de protestos, como os que estouraram em 1998 e 2004. Para isso se valeu de mais de US$ 12 bilhões do banco estatal Vnesheconombank. O ministro das Finanças, Anton Siluanov, tenta que a idade da aposentadoria passe de 55 anos (mulheres) e 60 anos (homens) para os 65 anos.

O governo colocou em pé um fundo para resgates e ajudas por US$ 44 bilhões.

O orçamento direcionado à defesa é o único que, além de não ter sido cortado, tem sido mantido. Apesar disso, o plano de rearmamento em 10 anos, avaliado em US$ 770 bilhões, foi adiado.

O déficit público previsto para este ano é de US$ 40 bilhões ou 3% do PIB oficial. Além disso as dívidas das empresas que vencem neste ano somam US$ 100 bilhões, as dívidas dos bancos em dólares somam US$ 77 bilhões e as dívidas do setor militar somam US$ 13 bilhões. As reservas soberanas somam pouco mais de US$ 500 bilhões, o que representa US$ 100 bilhões a menos que no início deste ano.

O governo russo tem apostado as fichas principalmente na aliança com a China.

A política do imperialismo norte-americano de derrocar o governo liderado por Vladimir Putin e impor um regime marionete não aparece com força neste momento. Mas o imperialismo tentará capitalizar a desestabilização e a crise política que será inevitavelmente gerada com o aprofundamento da crise capitalista. Foi exatamente o que aconteceu após as eleições presidenciais anteriores. É a política que está aplicando na América Latina e que pode ser vista muito claramente na Venezuela, no Equador e no Brasil.

Putin tem se mostrado um conciliador muito hábil entre as várias correntes do governo, mas conforme o orçamento público começa a se esgotar já começam a aparecer sinais de afastamento de várias das províncias (oblast). O endividamento dos governos locais tem se generalizado, principalmente com o governo federal. A soma dessas dívidas passaram de US$ 35 bilhões em 2010 para mais de US$ 100 bilhões.

A crise das grandes empresas russas

No dia 30 de abril, as taxas de juros foram reduzidas de 14% para 12,5% pelo Banco Central da Rússia. Os principais figurões do governo têm se esforçado para impulsionar a propaganda de que o pior já teria passado. A desvalorização do rublo conseguiu ser estabilizada, mas se trata de uma estabilidade em areia movediça.

Mas no centro da questão se encontra o fato de que os principais componentes da economia russa, principalmente o petróleo, o gás e os minerais, têm visto os preços despencarem nos mercados internacionais. As sanções imperialistas têm criado dificuldades, principalmente, no acesso ao crédito. O crédito chinês não é suficiente e está chegando com muita lentidão por causa do aprofundamento da crise na própria China e à necessidade de investir em outros países com o objetivo de aliviar a crescente pressão do imperialismo. Somente no Paquistão, que é um dos componentes importantes do chamado Caminho da Seda, foram investidos mais de US$ 90 bilhões com o objetivo de criar uma via alternativa ao Estreito de Malaca, localizado entre a Malásia e a Indonésia, e controlado pelos Estados Unidos, e por onde circula 80% do consumo de petróleo e 35% de gás pela China.

As explorações de petróleo e gás em águas profundas e do xisto estão sendo afetadas, pois dependem na terceira parte em equipamentos e insumos do exterior, principalmente sondas e equipamento de perfuração.

O governo está tentando impulsionar o desenvolvimento da indústria local, mas enfrenta a resistência de setores ligados às grandes empresas, como a Gazprom, a Rosneft, a Lukoil e a Novatek.

A Rosneft necessita mais de US$ 40 bilhões até o final do ano para enfrentar os pagamentos das dívidas. O chineses tinham se comprometido a adiantar pagamentos, mas não têm chegado.

Os lucros da Gazprom caíram quase pela metade no ano passado, na comparação com o ano anterior. O mesmo aconteceu com a Mechel, a gigante do setor de mineração.

As vendas de veículos caíram em 50% desde a metade do ano passado. A GM anunciou o fechamento da fábrica em São Petersburgo. A Citröen e a Mitsubishi deixaram de produzir vários modelos.

A concessão de empréstimos também tem caído por causa das altas taxas de juros. O preço dos alimentos tem aumentado, em parte por causa das sanções que a Rússia impôs sobre as importações.

Os governos liderados pela Rússia Unida, que é liderada por Vladimir Putin, conseguiram estabilizar o caos que tinha sido gerado pelos governos de Boris Ieltsin e que tinham estourado na crise de 1998. Mas a economia foi direcionada à produção de energia e de armas. A economia russa está longe da economia da antiga União Soviética que, mesmo com vários problemas endêmicos, principalmente no setor de consumo, tinha desenvolvido a produção industrial de maneira ampla.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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