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9687541342 9e28b19fdb zChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Conforme a crise capitalista tem se aprofundado e a pressão do imperialismo sobre as potências regionais têm aumentado, a aproximação da China e da Rússia tem deixado de lado disputas e contradições históricas.


Os investimentos chineses com os quais o governo de Vladimir Putin contava para superar o estancamento da economia russa estão acontecendo em doses muito mais homeopáticas que o esperado. Foto: Conselho Europeu (CC BY-NC-ND 2.0)

Durante a visita de Vladimir Putin a Beijing, nos dias 2 e 3 de setembro, com motivo das comemorações dos 70 anos da derrota do fascismo japonês, os governos de ambos países assinaram duas dúzias de grandes novos negócios avaliados em dezenas de bilhões de dólares. Mas vários dos mega projetos assinados no período anterior ainda não têm decolado. Os investimentos chineses com os quais o governo de Vladimir Putin contava para superar o estancamento da economia russa estão acontecendo em doses muito mais homeopáticas que o esperado.

Os investimentos chineses diretos na Rússia, apesar de terem aumentado, ainda continuam modestos. Somaram apenas US$ 1,27 bilhões em 2014. Os investimentos diretos totais na Rússia despencaram de US$ 70 bilhões para US$ 21 bilhões. Ao mesmo tempo, os bancos chineses concederam US$ 13,6 bilhões em empréstimos às empresas russas.

Em relação ao comércio bilateral, a expectativa é que dobre até 2020, para US$ 200 bilhões, apesar de, neste ano, ter caído 30%.

No trem de alta velocidade Moscou – Beijing, avaliado em US$ 242 bilhões, foram investidos apenas US$ 5 bilhões. O gasoduto da Gazprom que deverá levar gás da Sibéria à China, avaliado em US$ 55 bilhões, ainda não saiu do papel. O mesmo aconteceu com vários projetos industriais do extremo oriente da Rússia e com o terminal de gás líquido em Yamal, projetos que, em conjunto, estão avaliados em US$ 45 bilhões.

A desaceleração da economia chinesa tem reduzido a sede por energia. A queda dos preços da energia e a volatilidade do rublo também representam fatores negativos já que os projetos estão sendo negociados a preços fixos. Até certo ponto, a demora joga pressão sobre os russos que estão precisando desesperadamente de investimentos na busca de condições ainda mais favoráveis. Nada mais que a tradicional política burguesa da busca pelos maiores lucros.

A China pode resgatar a Rússia?

A economia russa é altamente dependente das matérias primas energéticas. A queda dos preços no mercado internacional tem afundado a economia e o orçamento público, o que tem se tornado crítico por causa das sanções impostas a partir da crise na Ucrânia. O acesso à tecnologia de ponta, necessária para a exploração de hidrocarbonetos em águas profundas e no Ártico, foi afetada já que essas importações representam a terceira parte do total envolvido nas operações.

A Rosneft, a gigante russa do setor do petróleo, se encontra em situação delicada. Com dívidas em dólar e a restrição no acesso ao crédito por causa das sanções, os chineses tinham acordado adiantar parte dos recursos do projeto do oleoduto que deverá fornecer petróleo por US$ 270 bilhões. Mas esses recursos ainda não foram repassados. A Rosneft pressiona o governo para obter o repasse de recursos para enfrentar o vencimento de dívidas por US$ 42 bilhões nos próximos dois anos.

O lucro da Gazprom em 2014 foi de US$ 3,1 bilhões, 86% a menos que no ano anterior, por causa da redução dos preços do gás vendido à Europa.

A maior empresa mineradora russa, a Mechel, grande produtora de minério de ferro, carvão e aço, perdeu 75% do valor de mercado.

No setor financeiro, a crise também acelerou. O banco Sberbank registou uma queda de 30% no varejo, por causa da alta da taxa de juros, que hoje está em 12,5% (taxa básica).

Os preços dos alimentos continuam em disparada.

Em Yamal, o projeto de gás liquefeito é uma parceria entre a francesa Total, a russa Novatek e a China National Petroleum. Esta ainda não forneceu os US$ 20 bilhões, de um total de US$ 27 bilhões, de financiamento.

A construção do porto de Pimorsky, pela Russian Technologies e a Shenhua, avaliada em US$ 10 bilhões, ainda não saiu do papel.

Uma certa estabilização da economia deu um certo alívio às finanças públicas, que estavam sendo comprometidas para cobrir o orçamento e estabilizar o rublo. As compras de títulos públicos do governo russo têm aumentado. O aumento das dificuldades para acessar o crédito tem impactado a economia em cheio.

A recuperação da economia russa depende de fatores externos que o governo russo não controla. A China enfrenta os próprios problemas conforme o deixaram evidente as sucessivas crises da Bolsa de Xangai e a desvalorização do iuan.

A economia mundial é controlada pelo imperialismo, principalmente o coração, que é o setor financeiro. As economias das potências regionais jogam um papel coadjuvante em relação ao sistema de conjunto.

A crise capitalista avança a passos largos. Estão se esgotando todos os mecanismos de contenção colocados em pé em 2009 em escala mundial.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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