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aiatoláIrão - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Revolução Iraniana de 1979 foi o principal acontecimento político logo após o colapso capitalista mundial de 1974. A chamada crise mundial do petróleo foi a lápide para a política que tinha conseguido manter a estabilidade do capitalismo mundial após a Segunda Guerra Mundial. O chamado keynesianismo começou a dar sinais de esgotamento já na década de 1960.


Após a Revolução, o Aiatolá Khamenei (esquerda) estabeleceu negociações com elementos da burguesia local, como Mehdi Bazargan (direita), que foi nomeado primeiro-ministro do Irã. Foto: Wikimedia Commons (Domínio Público)

A Guerra do Vietnã elevou os gastos do governo norte-americano e levou ao calote de 1971, quando o governo de Richard Nixon decretou o fim dos Tratados de Bretton Woods que estipulavam a conversibilidade do dólar ao padrão ouro.

As tendências inflacionárias e o desemprego dispararam após 1974. A desestabilização política teve como sinal de largada a Revolução Iraniana de 1979, no país que era o principal e mais forte aliado do imperialismo norte-americano no Oriente Médio. A partir daí todas as ditaduras militares colapsaram no mundo inteiro. Era o final de uma etapa em que os Estados Unidos colocaram em pé ditaduras ferozes, em praticamente todos os países atrasados, dignas de dar inveja ao próprio Adolf Hitler.

Do golpe de Estado de 1953 à brutal ditadura do xá Reza Pahlevi

Em 1953, o golpe de estado promovido pela CIA contra o governo nacionalista de Mohammad Moussadegh abria caminho para os golpes militares semi fascistas que passaram a predominar em todo o mundo. O xá Reza Pahlevi, que na época vivia na França, encabeçou o novo governo. A primeira medida foi devolver a Persian Oil, que tinha sido nacionalizada por Moussadegh, para os britânicos, apesar de os norte-americanos terem ficado com 55% do total.

A CIA colocou em pé uma das mais sanguinárias polícias políticas do planeta, a Savak. O Irã foi armado até os dentes e passou a garantir o consumo de petróleo por Israel.

Todos os partidos políticos e organizações sociais e sindicais foram perseguidas. Houve massacres dos curdos e de outras minorias.

O xá esteve na linha de frente do choque do petróleo de 1973, incentivado pelo então secretário do Departamento de Estado Henry Kissinger, quando ficou evidente que os Estados Unidos seriam derrotados no Irã. O objetivo era garantir recursos extras, por meio do aumento dos preços do petróleo, para possibilitar o aumento das compras de armas que agora não poderiam ser enviadas para o Vietnã. O complexo industrial-militar já tinha se consolidado.

Cinco das sete maiores petrolíferas eram norte-americanas, três delas controladas diretamente pela família Rockefeller (Exxon, Mobil e Socal). Os lucros foram obscenos ao mesmo tempo em que o desenvolvimento industrial europeu e japonês foi colocado em xeque.

No Irã, a população era majoritariamente agrária. Devido à falta de uma reforma agrária, as periferias das grandes cidades passaram a ser habitadas por um proletariado empobrecido e inculto que acabou sendo um dos principais combustíveis da mão de obra barata, semi escrava, mas também da Revolução de 1979.

A Revolução de 1979

Durante a década de 1970, os Estados Unidos começaram a impulsionar um programa nuclear no Irã com o objetivo de intimidar o nacionalismo árabe. O regime do xá parecia todo poderoso, da mesma maneira que hoje parecem ser os sionistas israelenses ou as potências imperialistas.

A desestabilização do regime do xá começou no mês de setembro de 1978 por causa do aumento da carestia da vida. O movimento de massas crescia enquanto a repressão assassinava alguns dos manifestantes. O regime chegou a propor ao aiatolá Khamenei, que se encontrava em Paris, a criação de uma espécie de Vaticano na cidade de Qom, o centro religioso xiita localizado a duas horas de Teerã. A situação política se desenvolveu rapidamente e o regime desabou como um castelo de cartas, em apenas uma semana, no início de 1979.

Khamenei contava com uma força organizada que não tinha sido atingida pela repressão da Savak, 160 mil mullahs que mobilizaram as camadas mais pobres da população.

No início, Khamenei estabeleceu negociações com elementos da burguesia local, como Mehdi Bazargan, que foi nomeado primeiro-ministro, e Bani Sadr, que foi nomeado presidente. Em pouco tempo, Saddam Hussein, impulsionado pelo imperialismo norte-americano, os sauditas, os sionistas israelenses e a União Soviética, invadiam o Irã declarando que em cinco dias estariam tomando café da manhã em Teerã. A situação política se radicalizou. Khamenei buscou fortalecer a unidade nacional com o objetivo de enfrentar a agressão. O exército foi remontado, junto com a Guarda Republicana e as milícias. A política interna foi endurecida e uma enorme repressão se sucedeu contra todos os grupos de oposição ao regime.

A guerra do Iraque contra o Irã se estendeu de 1980 a 1988. O Iraque foi derrotado e as tropas de Saddam Hussein foram expulsas do país persa.

As potências imperialistas aplicaram sanções contra o novo regime na tentativa de sufocá-lo e de impedir o contágio na região. US$ 60 bilhões que o xá havia roubado dos cofres públicos não foram devolvidos até hoje.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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