Manifestação popular em Sanaa. Foto: Sallam/Wikimedia Commons (CC BY-SA 2.0)
A Arábia Saudita, e a Resistência do Sul, que atua como subordinada, conseguiu reverter a situação há pouco mais de um mês, retomando Áden e lançando uma ofensiva na região sul do país. Após ter dominado as planícies começou uma nova ofensiva na tentativa de recuperar a cidade de Sanna, que enfrenta fortes bombardeiros indiscriminados. Uma grande concentração de tropas está acontecendo na cidade de Marib, com o reforço de soldados do Egito, dos Emirados Árabes Unidos, do Sudão, do Marrocos e do Catar.
O controle total do país pelos sauditas é praticamente impossível e deve leva-los a um pântano. Os Houthis estão fortemente armados, inclusive com mísseis, têm longa experiência militar e dominam as regiões montanhosas e as regiões que fazem fronteira com a Arábia Saudita, inclusive já promoveram várias ofensivas território adentro. Nos últimos dias dezenas de soldados da coalisão invasoras têm sido mortos, inclusive um general saudita.
O uso de tropas em solo e material bélico moderno possibilitou as vitórias do sauditas. Mas o problema será sustenta-las posteriormente. Para isso precisará manter tropas no território do Iêmen, o que ainda abre caminho para retaliações no próprio território, principalmente em regiões muito sensíveis como a Província Oriental, habitada majoritariamente por xiitas, onde aconteceram maciços protestos m 2011.
As guerras entre os sauditas e os iemenies datam desde que foi estabelecida a moderna Arábia Saudita em 1932. As províncias petrolíferas de Najran, Jizan e Asir sempre estiveram em disputa. Apesar dos sauditas terem vencido a Guerra, muitos iemenies não reconhecem a nova fronteira.
Ao mesmo tempo a região oriental do Iêmen é controlada pela al-Qaeda. Conforme forem se abrindo vácuos de poder, a al-Qaeda poderá ocupa-los, abrindo caminho para a atuação do Estado Islâmico e de outros grupos guerrilheiros.
Os Houthis são apoiados pelo Irã e pelo Hizbollah, a milícia libanesa. É provável que haja integrantes dos Quds (a elite da Guarda Revolucionária) e do Hizbollah atuando em solo no Iêmen. As atrocidades contra a população civil tende a reforçar a guerra sectária e amplia-la em escala regional.
A guerra civil no Iêmen volta a colocar, na prática, a possibilidade de um exército invasor vencer uma guerra de guerrilhas como tratando-se de uma guerra regular. Essa é justamente a política da ala direita do imperialismo. Nos próximos meses, provavelmente veremos o Iêmen convertido em mais uma Síria nas barbas do coração do Oriente Médio, a Arábia Saudita, a obscurantista monarquia que é um dos pilares do domínio imperialista na região.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.