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militarchinaChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A política militar da China e dos Estados Unidos.


Desfile militar pela comemoração dos 70 anos da vitória chinesa contra o fascismo japonês, em Pequim no último dia 3. Foto: Agência Xinhua

A política militar chinesa anterior era conhecida como “Negativa de Acesso”. O objetivo era impedir o acesso a regiões próximas às fronteiras, principalmente nas regiões costeiras. Essa política foi mudada há alguns meses.

De acordo com o chamado “Livro Branco”, onde está documentada a nova política militar da China, o objetivo é realizar uma ampla reforma das forças armadas, focada no fortalecimento da Força Aérea e da Marinha, com a possibilidade de atuar em águas profundas “de maneira competitiva e com novas tecnologias”, mas com o objetivo fundamental de defender as fronteiras.

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Em outras palavras, a política chinesa é defensiva, mas a China não ficará aguardando passivamente até ser atacada. Está aberta a possibilidade dos chineses atacarem os navios norte-americanos que se posicionarem de maneira agressiva na região, antes mesmo de uma declaração formal de guerra, principalmente no Estreito de Taiwan e nos mares do Leste e do Sul da China.

A marinha de guerra norte-americana representa um grande perigo para a China não somente sobre o ponto de vista de um enfrentamento militar em larga escala, mas também devido à possibilidade de um estrangulamento econômico. Hoje, a terceira parte do comércio chinês passa pelo Estreito de Malacca, localizado entre a Malásia e a Indonésia. Com apenas 30 quilômetros de largura é presa fácil para os modernos porta-aviões norte-americanos. Os chineses estão realizando um mega investimento no Paquistão com o objetivo de garantir que o suprimento de energia, proveniente do Oriente Médio, possa chegar por terra, por uma das vias do chamado Novo Caminho da Seda. O suprimento de gás e petróleo pela Rússia segue o mesmo objetivo, assim como o suprimento de gás a partir do Turcomenistão, uma das repúblicas da Ásia Central.

A ascensão da extrema-direita nos EUA

Nos Estados Unidos, o Partido Republicano controla as duas câmaras do Congresso, em grande medida impulsionada pela extrema-direita agrupada no Tea Party. No próximo ano, acontecerão eleições gerais. Nas últimas eleições presidenciais, o candidato do Partido Republicano, derrotado por Barack Obama, Mitt Romney, empurrado pela ala direita, chegou a declarar que a solução das contradições com o Irã e com a China somente seriam resolvidas por meio da guerra.

O aumento da pressão do imperialismo norte-americano foi colocado em pé, como política, a partir de 2001 por meio da chamada Full Spectrum Dominance (ou domínio total do espectro, por terra, ar, água e ciberespaço). Nos anos seguintes, as guerras do Afeganistão e do Iraque impediram avançar, rapidamente, na aplicação desta política, o que resultou num certo fôlego que permitiu a recuperação do poderio da Rússia, que tinha ficado extremamente enfraquecida após o colapso da União Soviética, e o expansionismo chinês nas regiões vizinhas e na África. Após a derrota dos Estados Unidos no Iraque, em 2007, um foco maior foi colocado na contenção da Rússia e da China, principalmente após a Guerra da Geórgia de 2008.

As bases da OTAN, o chamado “escudo anti-mísseis” na Europa e o direcionamento da metade do orçamento do Pentágono para a região Pacífico da Ásia são os componentes principais da tentativa de conter o desenvolvimento da Rússia e da China como potências com capacidade de colocar em xeque a hegemonia mundial do imperialismo norte-americano.

China: segunda potência mundial?

A China está muito longe de ser a segunda potência mundial propagandeada pela imprensa burguesa. A China é uma potência regional. O papel no mercado financeiro mundial e, especificamente, na especulação financeira, é de subordinação aos bancos imperialistas. Os pilares da “locomotiva asiática” são as grandes empresas públicas, principalmente as construtoras, o petróleo e a indústria de armas.

A Exército de Libertação Popular se encontra limitado, na atuação em larga escala, a operações locais. A Marinha se encontra limitada basicamente a atuar no Mar do Sul da China e no Mar do Leste da China, onde ainda enfrenta a pressão da marinha norte-americana que, além do poderio próprio, tenta envolver os demais países da região, sob a liderança do Japão.

Os mísseis anti-navios chineses podem causar um grande estrago, mas uma guerra em larga escala requer outros componentes, principalmente quando levada a cabo como uma guerra ofensiva. Num enfrentamento aberto, longe das fronteiras, envolvendo porta-aviões, submarinos, aviação e logística em larga escala, a China não é páreo para os Estados Unidos e a rede de aliados.

A única política efetiva que a China e as demais potências regionais podem colocar em pé contra o imperialismo é uma política defensiva. Essa política tem como efeito colateral a necessidade da camada burguesa que domina o país de se apoiar nas massas, o que representa uma tarefa muito mais difícil que nos países imperialistas, onde a exploração dos países atrasados lhe permite manter melhores condições de vida das massas.

Na China, há mais de 700 milhões de camponeses pobres. Os trabalhadores nas cidades precisam contar com um cadastro nos respectivos municípios para terem o acesso aos serviços públicos, inclusive educação e saúde. Desta maneira, a mobilidade interna no país fica muito restrita e provoca que os bolsões de desenvolvimento da costa leste convivam com a grande pobreza das regiões ocidentais.

Para enfrentar o imperialismo, as potências regionais, e especificamente a China, precisam manter a unidade nacional. Trata-se de uma tarefa complicada devido às próprias contradições sociais internas, à pobreza, ao aprofundamento da crise capitalista e às limitações da burguesia nacional, como a inconsequência ao se apoiar nas massas devido ao temor delas saírem do controle e se fortalecerem as tendências revolucionárias.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.

 


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