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xinhuaChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Qual foi o significado das comemorações de 03/09/2015?


Desfile militar em Pequim no último dia 3 de setembro. Foto: Agência Xinhua

No dia 3 de setembro, o impressionante desfile militar realizado na Praça de Tiananmen, em Beijing, chamou a atenção do mundo. Foi a comemoração dos 70 anos da derrota do fascismo japonês, da mesma maneira que a Rússia comemorou, no dia 9 de maio, os 70 anos da derrota do nazismo. Mais de 12 mil soldados perfeitamente sincronizados, 500 veículos blindados, mais de 200 aviões e, principalmente, uma enorme quantidade de mísseis que, na grande maioria, ainda não tinham sido apresentados publicamente. O caça J-15 pode decolar de um porta-aviões e o bombardeio de meio alcance H6-K pode transportar e lançar bombas nucleares.

Foram apresentados sete tipos de mísseis, quatro deles com a capacidade balística nuclear. Além dos mísseis balísticos de curto (DF-15), os de médio alcance (DF-21D e DF-26) contam com a possibilidade de atingir as principais bases norte-americanas na região, Okinawa e Guam. Os mísseis anti-navios DF-21D contam com muito maior manobrabilidade que os mísseis balísticos e maior capacidade para afundar um porta-aviões. Atualmente, é o único míssil balístico capaz de operar contra um alvo móvel em alto mar.

A China conta com a capacidade de atingir satélites, com o potencial de deixar o sistema de ICBM (mísseis balísticos intercontinentais) norte-americano, por exemplo, fora de combate.

Recentemente, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos reportou que cinco navios de guerra chineses operaram perto das Ilhas Aleutian. Foi a primeira vez que a marinha chinesa estendeu o alcance no Mar de Bering.

A China não faz parte do Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado pelos Estados Unidos e a Rússia, que envolve a proibição do desenvolvimento de mísseis com alcance entre 500 e 5.500 quilômetros. A grande imprensa norte-americana já começou a campanha sobre a necessidade de abandonar o Tratado.

Qual foi o objetivo do desfile?

A política geral do Desfile foi colocada pelo presidente Xi Jinping: “A guerra [a Segunda Guerra Mundial] causou mais de 100 milhões de mortos entre civis e militares. A China sofreu 35 milhões de mortos e a União Soviética 27 milhões. A guerra é como um espelho. Olhar para ela nos ajuda a compreendermos melhor o valor da paz”.

A vitória contra o Japão somente foi possível devido ao apoio das massas. A China era então um país camponês e muito atrasado. O governo nacionalista de Chiang Kai-Shek tentou estabelecer acordos com os fascistas japoneses com o objetivo de combater o avanço da revolução dirigida pelo Partido Comunista. Um dos gigantescos erros do estalinismo, na segunda metade da década de 1920, esteve relacionado, justamente, com a China. A Comintern, Internacional Comunista, pressionou para que o Partido Comunista ingressasse e se dissolvesse no Kuomintang, a frente nacionalista burguesa liderada por Chiang Kai-Shek. O erro custou caro. Em 1927, mais de cinco mil comunistas foram assassinados na cidade de Xangai e Chiang Kai-shek desencadeou uma caça às bruxas contras os comunistas. Esta foi a origem da “teoria” maoísta de que as cidades deveriam ser cercadas pelo campo.

O desfile buscou mostrar a necessidade da unidade nacional perante as eventuais agressões externas, uma China forte que não será facilmente invadida e, principalmente, “as grandes vitórias obtidas sobre a direção do Partido” Comunista Chinês que é controlado pela burocracia chinesa. Conforme a crise capitalista continua se aprofundando o regime chinês busca manter e fortalecer a unidade nacional perante as políticas que está implementando, e, principalmente, as políticas que irá implementar, com o objetivo de manter os lucros dos capitalistas e os privilégios da camada burocrática burguesa que controla o país. A queda das exportações colocou a necessidade de aumentar o consumo interno. Trilhões têm sido injetados em repasses, diretos e indiretos, para as grandes empresas. Enormes bolhas financeiras se desenvolvem e o aumento do consumo interno tem sido acompanhado do rápido aumento dos salários, o que dificulta as exportações. Uma nova ascensão do movimento grevista e dos protestos sociais está colocada para o próximo período conforme as pressões inflacionárias, o desemprego e a carestia da vida acelerarem.

Quem é o inimigo?

O desfile não teve como alvo principal mostrar o poderio militar chinês contra o Japão, apesar deste ter entrado numa nova etapa que passa pelo desenvolvimento como uma potência militar. O alvo, em primeiro lugar, foram os Estados Unidos, que têm direcionado para a região Pacífico da Ásia nada menos que a metade do orçamento do Pentágono com o objetivo de conter o “expansionismo chinês”.

A imprensa capitalista mundial tenta apresentar a China como a segunda potência mundial. Na realidade, a China é uma potência regional que se encontra sufocada pela pressão do imperialismo norte-americano e que tenta colocar em pé uma série de políticas para quebrar ou enfraquecer o cerco de contenção.

A política militar tem avançado em relação à etapa anterior, abrindo a possibilidade de atuar além das regiões fronteiriças, mas sempre no sentido defensivo. A China não tem condições de se envolver em aventuras militares longe das fronteiras e, em vários aspectos, se encontra muito longe do desenvolvimento militar dos Estados Unidos, como por exemplo em relação a porta-aviões, a guerra submarina, a logística de suprimentos e a estruturação da rede de alianças que possibilita colocar em movimento vários recursos para controlar a região. Esses mecanismos são controlados, na região Pacífico da Ásia, pelos Estados Unidos, apesar de estarem se enfraquecendo por causa da redução do orçamento.

Além da agressividade militar do imperialismo, a China enfrenta a possibilidade de estrangulamento militar e econômica, tanto no Mar Meridional quanto no Estreito de Malaca, que é controlado pelos Estados Unidos, por onde circula a terceira parte do comércio chinês.

Um dos principais fatores colocados para o próximo período é a entrada em cena das massas trabalhadoras como fator ativo do desenvolvimento da situação política em escala mundial. Enquanto a burguesia busca colocar em pé a saída militar, de força, para conter o aprofundamento da crise capitalista e salvar os lucros, os mesmos fatores tendem a colocar a classe operária em movimento.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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