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reuniaoSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A posição da Administração Obama entrou numa espécie de limbo na Síria. Os aliados tradicionais dos Estados Unidos, a Arábia Saudita, com Israel por baixo do pano, o Catar, a Turquia e a Jordânia, tentam impulsionar os próprios “rebeldes”. Se trata de um jogo de esconde-esconde às avessas, onde não se sabe ao certo quem é o amigo e quem é o inimigo.


EUA tenta conter crise no Oriente Médio por meio de aliança com a Rússia e o Irã. Foto: Secretário de Estado John Kerry se reúne com representantes do Irã e da Rússia. Por: Serviço Europeu de Ação Externa (CC BY-NC-ND 2.0)

A desestabilização generalizada do Oriente Médio foi impulsionada pela falida invasão ao Iraque em 2003. O que deveria ter sido um passeio e um grande saque do petróleo, se tornou um pesadelo para o imperialismo. Os gastos militares nas guerras do Iraque e do Afeganistão estiveram na base do colapso capitalista de 2008 que, por sua vez, esteve na base das revoluções árabes que estouraram em 2011.

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A política preferencial de Obama foi a chamada “contrarrevolução democrática”. Mas os golpes de estado pinochetistas no Egito, na Ucrânia e na Tailândia jogaram uma pá de cal sobre essa política. A tentativa de conter o aprofundamento da crise no Oriente Médio por meio do fortalecimento da aliança com a Rússia e o Irã representa uma política de crise. Ela aparece como uma das cartas que o Partido Democrata apresentará nas eleições presidenciais que acontecerão no próximo ano. Contra essa política, vem se fortalecendo a saída de força impulsionada pela ala mais direitista do Partido Republicano e que conta com o apoio da Arábia Saudita e dos sionistas israelenses. O problema será colocá-la em prática sem incendiar o Oriente Médio e o mundo inteiro.

Derrotar o Estado Islâmico com os "próprios" rebeldes?

Os ataques aéreos podem ter ajudado a conter parcialmente o Estado Islâmico e a al-Nusra (a al-Qaeda na Síria), mas todos os exemplos recentes mostram que é impossível ganhar a guerra e controlar os territórios sem atuar em campo.

Enquanto a ala direita do imperialismo pressiona pela solução militar da crise, a Administração Obama busca colocar em campo os próprios “rebeldes”.

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A primeira tentativa, que mobilizou apenas 54 “rebeldes”, foi implodida pela al-Nusra que não permitiu que a Nova Força Síria atuasse nas regiões que ela controla. Agora tenta colocar em campo uma segunda leva.

O grande problema que o imperialismo enfrenta é como conter a brutal crise nas fronteiras da Síria. O primeiro passo seria derrotar o Estado Islâmico. Mas isso é impossível por meio de “truques”. O Estado Islâmico é fruto do processo de desagregação política no Oriente Médio, onde uma crescente parte dos integrantes tem migrado de outras organizações que têm sido superadas pelo desenvolvimento da situação política, como a Irmandade Muçulmana, os partidos Baath, a semi paralisia da al-Qaeda após 2001 e até o apoio de algumas tribos sunitas marginalizadas do poder na Síria, no Iraque e em outros países.

Mesmo uma eventual derrota do Estado Islâmico levaria à imediata desestabilização por meio da luta entre a miríade de milícias armadas, muitas delas anti-imperialistas, além da necessidade de enfrentar os gastos da reconstrução do país. O exemplo da Líbia, que é um país muito rico em petróleo, está aí. Se o Estado Islâmico conseguir ser eliminado por meio da derrota militar, outros estados islâmicos surgirão.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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