1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (4 Votos)

yemenYémen - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Nos últimos dias, a chamada Resistência do Sudeste, apoiada pela Arábia Saudita, conseguiu tomar a base aérea de al-Anad, localizada ao norte da cidade de Lahj, a apenas 40 quilômetros do estratégico porto de Aden. Os Houthis e as tropas aliadas ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh foram expulsas do porto de Aden, finalizando o avanço que parecia que iria dominar o país.


Ataque saudita próximo à capital iemenita, Sanaa, em abril. Foto: Tjebbe van Tijen/Flickr (CC BY-ND 2.0) 

Al-Anad é a maior base militar do Iêmen. Ela foi ampliada pelos Estados Unidos que a usaram como ponto de partida das operações contra a al-Qaeda. No mês de março deste ano, quando os Houthis avançaram sobre a região, a base foi abandonada e, desde então, mudou de dono em várias ocasiões.

Os sauditas colocaram em solo 1.500 soldados, aos que se somaram mais 1.500 dos Emirados Árabes Unidos, com tanques e artilharia pesada, além do apoio da aviação. O suprimento de equipamento militar tem crescido de maneira muito considerável e acompanhado pelos especialistas sauditas. Mas os Houthis estão muito longe de terem sido derrotados.

A derrota maior foi sofrida pela 39a Brigada Blindada, ligada ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, que acabou se rendendo à Resistência do Sudeste, ligada aos sauditas. Mas boa parte dos milicianos Houthis se retiraram de Aden com o objetivo de se reagrupar na província de Abyan.

Nas últimas semanas, tem acontecido incursões dos milicianos Houthis em território saudita.

Por que os sauditas se envolveram diretamente no conflito?

Os sauditas se envolveram nos combates em terra após terem avaliado que a coalisão dos Hadis, ligada ao presidente Abd Rabboh Mansour Hadi, marionete dos sauditas, teria condições de derrotar os Houthis.

O avanço dos sauditas até a base de al-Anad foi uma espécie de passeio. Mas, os problemas começam, justamente, após a tomada da base. Além de al-Anad o terreno é montanhoso, o que aumenta exponencialmente as dificuldades para enfrentar os Houthis e as tropas ligadas a Saleh.

A destruição da infraestrutura provocada pelos bombardeios sauditas também aumenta as dificuldades para manter o controle da própria região sul do Iêmen e enfrentar o desgaste da guerra de guerrilhas.

A história ensina, mas a burguesia em crise tem encontrado crescentes dificuldades para enfrentá-la, por causa da política do “salve-se quem puder” impulsionada pelo aprofundamento da crise capitalista. Em 2009, a monarquia saudita empreendeu ataques contra os Houthis se adentrando nas regiões montanhosas do Iêmen. Os resultados foram catastróficos.

Hoje, os Houthis estão muito mais fortes que em 2009 e muito mais experimentados, após os combates contra as forças de Hadi e a al-Qaeda. Após a tomada da capital do Iêmen, Sanaa, grandes estoques militares foram deslocados para as montanhas com o objetivo de preparar-se contra ataques sauditas de maior envergadura.

É evidente que uma vitória militar contra os Houthis não é viável no presente momento. O mais provável é que a política saudita busque uma contenção da pressão desestabilizadora sobre a Arábia Saudita que force um acordo político favorável. A desestabilização tem se acentuado com os acordos que a Administração Obama tem buscado junto ao regime dos aiatolás iranianos. O Irã é a principal potência regional rival da monarquia saudita no Oriente Médio.

A cenoura e o cassetete saudita

A Arábia Saudita representa um dos principais bastiões da reação mundial, uma monarquia absolutista e ultra conservadora, aliada de primeira ordem dos sionistas israelenses e da ala direita do imperialismo norte-americano.

Após o colapso capitalista de 2008, a monarquia começou a ser atingida pelo contágio das revoluções árabes. Revoltas começaram a crescer na Província Oriental, habitada majoritariamente por xiitas (a monarquia e a maioria da população é sunita), onde estão localizadas as principais reservas de petróleo.

A política saudita de contenção foi aplicada sobre a direção do príncipe Bin Sultan, o ex-embaixador nos Estados Unidos, por mais de 20 anos, e um dos mentores da al-Qaeda e da guerra contra os soviéticos no Afeganistão. Aliados à ala direita do imperialismo, os sauditas se opuseram à política da Administração Obama, a chamada “contrarrevolução democrática”, e passaram a impulsionar golpes de estado no Oriente Médio (Egito e Qatar) e a armar os “próprios” grupos guerrilheiros. Essa política entrou em colapso no ano passado, quando ficou evidente que a Síria e o Iraque estavam entrando em colapso e que o Egito iria pelo mesmo caminho.

Os sauditas têm buscado impulsionar um acordo em relação à Síria se aproximando dos russos. As reuniões, viagens, declarações e contratos comerciais têm sido frequentes. Mas a desestabilização do Oriente Médio alcançou um grau tal que agora fica muito difícil contê-la.

A trégua que os sauditas tentaram colocar em pé, no inicio de julho, não saiu do papel e viu seu fim com a retomada dos bombardeios, pela aviação no dia 28 de julho, no porto de Aden e na província de Lahj. A direção dos Houthis declarou que essa trégua somente beneficiava a al-Qaeda e o Estado Islâmico. O Estado Islâmico local, o Wilayat Sanaa, tem detonado carros-bomba em Sanaa, a capital do Iêmen, enquanto o presidente reconhecido pela Arábia Saudita declarava que incorporará as milícias da Resistência Popular anti-Houthi no exército.

A crise no Oriente Médio avança sobre o coração da região, a Arábia Saudita. A desestabilização do principal centro fornecedor de petróleo para o mercado mundial, e, portanto, uma das principais bases da especulação financeira, o coração do capitalismo, tem o potencial de desestabilizar os países desenvolvidos e impulsionar um novo colapso capitalista. O aprofundamento da crise é a base que colocará em movimento a classe operária mundial.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.