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tsiprasGrécia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O primeiro-ministro grego do Syriza (espécie de Psol ou Podemos grego) deverá convocar eleições gerais em setembro. O governo sofreu o racha de 32 deputados do Syriza e a abstenção de seis outros partidos. Para impor o terceiro “resgate”, precisou do apoio da base do governo direitista anterior.


Primeiro-ministro grego Alexis Tsipras (o terceiro da esquerda para a direita [sem trocadilhos]). Foto: Die Linke (CC BY-NC 2.0) 

Charles Darwin realizou o grosso das investigações para o célebre livro "A origem das espécies" na Ilha equatoriana de Galápagos. Por quê? Devido à formação vulcânica, as espécies evoluíam em velocidade surpreendente.

O Syriza grego é uma espécie de Galápagos. Evolui a velocidade surpreendente em direção à direita. Neste sentido, a evolução política na Grécia deve ser observada de perto como "laboratório" ou como prenúncio do que irá acontecer no Brasil e no mundo no próximo período.

A esquerda oportunista e o inevitável ascenso operário

A Grécia representa uma economia esquálida, com apenas 0,4% da zona do euro, mas com o potencial de irradiar o contágio até a Alemanha, passando pela Espanha, a Itália e a França. Tal a fragilidade da economia capitalista ultra parasitária.

O governo do Syriza (o PSOL grego) tenta achar mecanismos e acordos para manter os mecanismos especulativos funcionando, sem implodir o próprio governo. Muito pouco sobrou das bandeiras democráticas do próprio programa do partido e do governo.

Nada, absolutamente nada, sobre o que seria o óbvio para um partido minimamente democrático tem sido colocado em prática. Em primeiro lugar, a dívida pública ultra parasitária, deveria ser cancelada; no mínimo, deveria ser auditada, o que já seria bastante conservador. O bancos deveriam ser estatizados. A União Europeia deveria ser denunciada como um instrumento do imperialismo contra os trabalhadores. Imediatamente, deveria ser chamada uma assembleia constituinte, com amplo poder de participação popular.

A pressão do imperialismo europeu e o oportunismo da esquerda têm paralisado a classe operária grega, a mesma que liderou as revoluções de 1941-1944 contra o nazismo, e a de 1946-1949 contra o governo fantoche apoiado pelo imperialismo.

Mas o aprofundamento da crise capitalista coloca à ordem do dia o ascenso da classe operária no coração do capitalismo europeu, o que impulsionará a classe operária grega, da mesma maneira que a crise e o ascenso popular na periferia impulsiona a luta nos países centrais.

Por que a esquerda oportunista inevitavelmente cai nos braços da direita?

A esquerda oportunista grega, brasileira e mundial não consegue entender que é impossível chegar a um acordo com a burguesia imperialista em questões estruturais, das quais depende a própria sobrevivência. Aliás, com o aprofundamento da crise capitalista tem ficado cada vez mais difícil chegar a quase qualquer acordo. Há um problema econômico que direciona o comportamento dos indivíduos, mesmo sem eles quererem ou perceberem. E ainda mais. Não se trata de um problema de indivíduos, mas de classes sociais.

Os monopólios precisam salvar os lucros a qualquer custo. Está colocado um novo colapso capitalista de larguíssimas proporções. E agora os Estados burgueses ficaram com pouca bala na agulha, depois de terem gastado dezenas de trilhões para resgatar os parasitas capitalistas da bancarrota de 2008.

A queda dos lucros impõe a necessidade de que a crise seja paga pelos trabalhadores, principalmente da periferia e dos países atrasados.

Se a Grécia deixar a zona do euro, o rombo imediato para os bancos alemães será de 48 bilhões de euros. Isso sem contar o dinheiro que o BCE (Banco Central Europeu), que é controlado pelo Bundesbank (o banco central alemão) deixará de receber.

Os repasses do BCE para a Grécia não chegam ao bolso dos gregos. Muito pelo contrário. Eles são enviados diretamente para os bancos imperialistas e ainda potencializados na especulação financeira, que representa o coração do capitalismo parasitário que tem transformado o mundo num verdadeiro cassino especulativo.

As ilusões da esquerda oportunista sobre a “democracia imperialista” se devem ao próprio caráter de classe. Essa esquerda representa os interesses das camadas médias da população.

Uma das caraterísticas da classe média, ou pequena burguesia, é a ilusão com o capitalismo, a “democracia” e o regime burguês no geral. Por quê? Devido a que ela tem como objetivo “subir na vida”, “galgar a pirâmide social”, se tornar, ela própria, a classe burguesa. O “pequeno” problema é que o capitalismo se encontra em crise terminal e não comporta essa mobilidade social. Inclusive, o que está colocado para o próximo período, é um novo colapso capitalista, muito pior que os anteriores, onde as condições de vida dos trabalhadores, e das camadas médias, serão colocados em xeque. A disparada da inflação e do desemprego, que se acumularam após a crise mundial de 1974, e que somente foi controlada, a duras penas, com as políticas neoliberais, estará colocada novamente para o próximo período. E com mais força do que nunca. E, conforme disse Vladimir I. Lenin, não existe nada mais revolucionário que a inflação.

A esquerda pequeno-burguesa não consegue romper com as ilusões sobre o capitalismo. Na Grécia, fica evidente que a política aplicada pelo governo do Syriza não tem a mínima condição de ir em frente. Há contradições de classe irreconciliáveis em jogo. E as opções são muito poucas: ou submeter-se ao imperialismo ou mobilizar as massas para romper com o imperialismo.


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