Trem que liga Pequim a Xangai. Trem bala Pequim-Berlim já está sendo construído e diminuirá a rota em 40% do tempo. Foto: gmoorenator/Flickr (CC BY-ND 2.0)
Na realidade, as sanções são uma imposição da ala direita do imperialismo, principalmente do imperialismo norte-americano, que busca aplicar a política militarista do Full Spectrum Dominance de 2001: o domínio total do mundo por terra, ar, mar e cyberespaço.
O aprofundamento da crise capitalista mundial e a perspectiva de um novo colapso de larguíssimas proporções está levando os capitalistas ao desespero, na tentativa de salvar os lucros a qualquer custo. As contratações russas e a queda do comércio têm provocado perdas bilionárias em todos os setores. Os industriais alemães têm perdido muito dinheiro nas exportações à Rússia. O governo francês deixou de fornecer os dois navios de classe Mistral, por US$ 1,2 bilhões. As sanções contra os produtos agropecuários provocaram perdas em vários países, e alguns deles, os mais fracos, correm o risco de colapsar. Este é o caso por exemplo, da Moldávia, o país mais pobre da Europa, onde a queda abrupta das exportações de vinho colocaram em xeque a balança comercial.
Os europeus querem o Caminho da Seda; os norte-americanos querem implodi-lo
O objetivo do governo alemão e dos franceses, com a Itália por trás, na primeira linha, alimentam muito interesse no chamado Novo Caminho da Seda, impulsionado pelos chineses. Trata-se da facilitação do comércio desde Pequim a Berlim, por meio da criação de linhas rápidas e a incorporação de vários países.
O trem bala de Pequim a Berlim já está sendo construído e diminuirá a rota em 40% do tempo. A incorporação do Paquistão, do Irã e das Repúblicas da Ásia Central facilitam (e muito!) o acesso às fontes de matérias primas. A rota do Ártico abre caminho para a exploração de riquíssimas fontes de petróleo, gás e de vários minerais que agora começam a ficar acessíveis por causa do aquecimento global e pelas "novas" tecnologias, baratas, como a ultra parasitária exploração de petróleo e gás por meio da chamada fratura hidráulica e fratura horizontal.
Mas o ponto central do Novo Caminho da Seda é que o pivô da incorporação da Europa passa pela Rússia. Por esse motivo, Angela Merkel esteve em Moscou um dia após as comemorações do Dia da Vitória, no dia 9 de maio. Por isso, centenas de empresários alemães estiveram em São Petersburgo.
O calcanhar de Aquiles do Novo Caminho da Seda é que não resolve a crise estrutural do capitalismo, mas a aprofunda. A crise está muito longe de ser uma mera crise financeira. Se trata de uma clássica crise de superprodução, onde a crise financeira a potencializa. Facilitar a entrada de mais produtos no mercado mundial equivale a empurrar o problema com a barriga, para o futuro, às custas de novas e muito maiores implosões.
As leis do capitalismo e a roda da história não podem ser mudadas!