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syriaSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O governo sírio de al-Assad se encontra numa posição estritamente defensiva, sofrendo ataques provenientes de várias direções, de vários grupos armados que têm elevado a capacidade militar e imposto serias derrotas ao exército.


Foto: Stephen Melkisethian (CC BY-NC-ND 2.0)

Frente única contra o Estado Islâmico?

O leste da Síria já se encontra sobre o controle do Estado Islâmico e dos curdos. O Estado Islâmico controla as regiões fronteiriças da Síria e do Iraque, a partir de onde controla o chamado Califado do Iraque e do Levante do Estado Islâmico. Além de ter tomado Ramadi, a capital da província de Anbar, no Iraque, que faz fronteira com a Síria, também tomou Palmyra, a capital do distrito de Palmyra, que faz parte da província de Homs, na Síria.

O exército sírio tem conseguido algumas vitórias com a ajuda do Hizbollah libanês, do governo dos aiatolás iranianos e do governo russo. No dia 7 de junho, conteve uma grande ofensiva do Estado Islâmico na cidade de al-Hasaka, localizada no nordeste do país. Mas essas vitórias, em grande medida, se devem às guerras internas entre os próprios grupos guerrilheiros, que representam interesses e potências diversas.

A "libianização" da Síria avança a passos largos, em direção à "somalização". A Líbia e a Somália desapareceram quanto estados centralizados e se encontram esfaceladas entre grupos tribais e milícias.

O problema de fundo da frente única contra o Estado Islâmico, impulsionada pelo imperialismo e pela Rússia, é que ela é extremamente instável e contraditória, algo assim como uma frente única composta por cobras contra outra cobra.

Negociar com o Exército Sírio Livre pode ser relativamente fácil. Negociar com os grupos islâmicos, como Ahrar al-Sham e Jabhat al-Nusra já é muito mais complicado. Já negociar com o Estado Islâmico equivaleria a negociar com um cachorro louco.

A briga pelo espólio de al-Assad

No futuro, a luta pelo controle da região e pelo espólio de al-Assad levará inevitavelmente ao aumento das contradições e dos enfrentamentos entre as várias facções envolvidas.

Os avanços do Estado islâmico e a derrota do governo na província de Idlib, em março, mostrou as crescentes dificuldades que o governo enfrenta para segurar a cidade de Aleppo, a segunda mais importante do país. Em Aleppo se enfrentam o Estado Islâmico e os grupos liderados pela al-Nusra, o que dá um certo fôlego para o governo.

A conquista de Idlib foi fruto de uma convergência entre a Arábia Saudita, a Turquia e o Catar. Jabhat al-Nusra liderou mais de 10 mil guerrilheiros de 40 grupos, numa operação que foi denominada "A Batalha da Vitória". Al-Nusra é a representação da al-Qaeda na Síria, e Ahrar al-Sham é apoiada pela Turquia e o Catar, com o imperialismo europeu nos bastidores.

As tentativas do exército para recuperar o terreno perdido enfrenta enormes dificuldades, apesar do envolvimento militar do Hizbollah com milhares de milicianos. Mas a cada avanço dos guerrilheiros islâmicos, se fortalecem as contradições com as outras minorias, como os druzos na Síria, tribos sunitas, cristãos e milícias xiitas no Iraque. Ao mesmo tempo, quando uma destas forças avança o efeito é exatamente o mesmo. Trata-se de uma espécie de caldeirão, onde se aplica a máxima de que "sempre poderia ser pior".

A desestabilização da Síria e do Iraque é produto das revoluções árabes que tiveram como origem o colapso capitalista de 2008. A crise avança em direção ao coração do Oriente Médio, a Arábia Saudita, e ameaça arrastar ao olho do furação toda a região.

Para o próximo período, um novo colapso capitalista está previsto, e de proporções ainda maiores que todos os anteriores, o que joga ainda mais combustível à crise no Oriente Médio, que impulsiona a crise mundial e é retroalimentada por ela.


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