Kristian Dahl Thulesen, líder do partido de extrema-direita. Durante a campanha, partido prometeu a suspensão completa de asilo e a reintrodução de controles nas fronteiras. Foto: Johan Wessman/News Øresund (CC BY 2.0)
Na realidade, não há uma vitória real. O novo governo será formado por meio da aliança com o direitista Partido Liberal que obteve 19,5% dos votos.
O grande derrotado foi o Partido Social-democrata que, apesar de manter um número grande de cadeiras, com 26,3% dos votos, ficou excluído do governo.
Por que a "população mais feliz do planeta" seria, supostamente, a favor do fascismo?
O resultado das eleições dinamarquesas mostra a preocupação da burguesia europeia com o aprofundamento da crise capitalista. O chamado "estado de bem estar social" tem se transformado no alvo das políticas de austeridade que têm como objetivo garantir os lucros dos monopólios a qualquer custo, contra a esmagadora maioria da população.
Os programas sociais se encontram no alvo dos ataques. Na Suécia e na Finlândia, já representam a sombra do que foram no passado. Na Islândia, a população foi atingida em cheio pelo colapso capitalista de 2008. Na Noruega, ainda são mantidos em pé sobre os recursos obtidos do petróleo e minerais. Na Dinamarca, "a nação mais feliz do mundo", está sendo atingida pela crescente deterioração das contas públicas atingidas em cheio pela crise na Europa.
O resultado das eleições na Dinamarca, assim como a recente eleição do representante da extrema-direita, Andrezj Duda, como presidente da república na Polônia, representa a crescente preocupação dos capitalistas perante o aprofundamento da crise. Ainda não se trata de um impulso generalizado e maciço da extrema-direita. No entanto, se trata do fortalecimento da tropa de choque fascista que tem como primeiro alvo os imigrantes. A mesma política pode ser observada em escala mundial. Aconteceu no Japão há dois anos; nos Estados Unidos, com o fortalecimento do Tea Party e na Grã-Bretanha com o fortalecimento do UKIP. Na França, onde a crise é a mais profunda dentre as cinco grandes potências mundiais, a Frente Nacional de Marine Le Penn foi transformada no terceiro partido em escala nacional.
As políticas da social-democracia europeia estão esgotadas. Elas representam o período de contenção da revolução, que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, por meio das chamadas políticas neokeynesianas e que implicavam em maciços investimentos públicos em obras de infraestrutura e programas sociais. Essas políticas começaram a se esgotar no final da década de 1960 e agora apresentam o "canto do cisne" nos países nórdicos.
A especulação financeira, o coração do capitalismo, conduz a gigantescas implosões
A extrema-direita europeia tem como denominador comum o repúdio à União Europeia, o que implica em contradições com a ala do imperialismo aglutinada em torno da Alemanha e da França. Em 1992, a Dinamarca, e, em 1993, a Grã-Bretanha, votaram contra o Tratado de Maastricht que deu lugar à União Europeia, da qual dependem, em grande medida, os lucros dos monopólios alemães e franceses.
A especulação financeira, que representa o coração do capitalismo mundial, transformou o mundo num cassino especulativo, uma espécie de buraco negro que absorve o grosso dos recursos da sociedade para manter os privilégios de um punhado de parasitas. As centenas de "veículos financeiros" representam os meios das apostas e contra-apostas que, conforme está sendo revelado por algumas das "descobertas" sobre a dívida pública grega, deixam a roleta ou o bacará como aplicações seguras. Mas o ponto central é que os lucros são garantidos a qualquer custo por meio do saque dos recursos públicos.
O extremo parasitismo financeiro somente pode ser mantido por meio de "mais política neoliberais". Já se foi o tempo em que os capitalistas abriam uma fábrica para ganhar dinheiro.
Para o próximo período, está colocado um novo colapso capitalista de proporções colossais. A burguesia mobiliza a sua tropa de choque, o fascismo, na tentativa de garantir os lucros, jogando o peso da crise sobre as massas, e de conter o inevitável ascenso operário.