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btcDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] Nas últimas semanas, a priorização da política dos Estados Unidos no Oriente Médio tem ficado evidente.


Terminal Sangachal, complexo industrial no Azerbaijão, do qual o petróleo é exportado pelo oleoduto BTC (Baku, Tbilisi, Ceyhan). Foto: Salvatore Freni Jr (CC BY-ND 2.0)

Estabilização desestabilizante, ou como estabilizar o Oriente Médio ao custo de aumentar o fogo na Europa Oriental e o Cáucaso?

Nas últimas semanas, a priorização da política dos Estados Unidos no Oriente Médio tem ficado evidente. Após a recente visita de John Kerry a Sochi, na Rússia, além de ter buscado o apoio do governo russo em troca da adesão à redução do conflito na Ucrânia, a Administração Obama tem relaxado o apoio à Geórgia, que esteve, nos últimos anos, na linha de frente do cerco da OTAN contra a Rússia, a partir do Cáucaso. A mesma movimentação pode ser vista no Azerbaijão, que esteva colocado na linha de frente para implodir o fornecimento de gás pelo gigante russo Gazprom à Europa, por meio do gasoduto BTC (Baku, Tbilisi, Ceyhan).

Baku é a capital do Azerbaijão, Tbilisi a capital da Geórgia, e, junto com a Armênia e a Geórgia, faz parte do coração do Cáucaso, uma região que, nos últimos séculos, tem se encontrado no centro da disputa do petróleo e do gás.

O ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Elmar Mammadyarov esteve em Moscou entre os dias 24 e 26 de maio, onde se encontrou com o ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, Serguéi Lavrov, e autoridades do primeiro escalação da Duma, o parlamento. Mammadyarov também esteve presente na reunião de cúpula da Parceria da Europa Oriental da União Europeia, que aconteceu, nos dias 22 a 23 de maio em Riga, a capital da Letônia. É uma política de pêndulo, onde agora começa a pesar mais a política russa, que aparece como a ponta de lança do Novo Caminho da Seda, impulsionado pelos chineses, e do qual a União Europeia é um dos pilares.

O círculo se fecha com a "guerra ao terror" no Oriente Médio. Os avanços do Estado Islâmico, que é subsidiado pelo próprio imperialismo, são usados como justificativa da disparada das compras de armas pela Arábia Saudita e as demais monarquias reacionárias do CG (Conselho do Golfo), além de Israel, Egito e o Iraque. O Irã aplica uma política defensiva contra a Arábia Saudita e os sionistas israelenses. Da mesma maneira que a Rússia, tem feito sucessivos acordos com o imperialismo para estabilizar a região. Agora, trata-se da mesma política de contenção aplicada em 2007, com o acordo para facilitar uma saída "honrosa" dos norte-americanos do Iraque, da mesma maneira que, no início da década passada, tinha apoiado a invasão norte-americana do Afeganistão.

O governo de al-Assad, na Síria, é sustentado pela Rússia e pelo Irã, em primeira linha, e pelos chineses por trás.

Cáucaso: crise dos mecanismos de controle

O Azerbaijão tem sido contido pela Rússia, como instrumento da OTAN, em grande medida, por meio do território de Nagorno-Karabakh, encravado no país e controlado pela Armênia, um aliado de primeira ordem dos russos e membro fundador da União Euroasiática, da qual também fazem parte a Bielorrússia, o Cazaquistão e o Quirquistão. No último período, a Rússia tem se tornado numa espécie de árbitro da escalada do conflito militar entre o Azerbaijão e a Armênia, principalmente a partir da recente escalada do confronto militar em Nagorno-Karabakh. A Rússia tem vendido armas para o Azerbaijão e também para a Armênia, onde mantém estacionados cinco mil soldados. Ao mesmo tempo, devido ao aprofundamento da crise capitalista, tem sido adiada a construção do gasoduto BTC, que, agora, com o desvio do South Stream para a Turquia, fica, inclusive, comprometido.

O Novo Caminho da Seda aparece como uma alternativa mais viável para escoar os hidrocarbonetos da região, principalmente em relação ao corredor de energia do Sul, que envolve também os megacampos de gás do Turcomenistão e do Irã.

A integração de Ucrânia, Moldávia e Geórgia à União Europeia tem sido adiada, devido aos custos envolvidos e ao potencial de desestabilização. A integração na OTAN (Organização do Atlântico Norte) também tem sido adiada. Esse é justamente o sinal vermelho da política russa, que busca a distensão para favorecer os negócios. A visita de Angela Merkel a Moscou, logo após as comemorações do dia 9 de maio (Dia da Vitória contra o nazismo), a festa nacional mais importante do país, teve, justamente, como objetivo buscar essa aproximação, que é impulsionada pelos industriais alemães, perante a abrupta queda do comércio entre os dois países.

O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, esteve presente nas comemorações do Dia da Vitória, não aderindo ao boicote generalizado da União Europeia, dos Estados Unidos e do Japão. Em contrapartida, Vladimir Putin anunciou que estará presente nos Jogos Europeus que acontecerão em Baku em junho. Aliyev não compareceu à reunião de cúpula da União Europeia em Riga. A União Europeia escalou uma campanha contra o governo, sobre as caraterísticas ditatoriais.

Alejandro Acosta está na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos da região como jornalista independente.


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