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russia.chinaRússia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O fator mais importante da evolução política mundial, no último período, tem sido a aproximação da Rússia com a China, e, sobre esta base, a implementação da política denominada o Novo Caminho da Seda, que inclui o imperialismo europeu.


Durante a visita do presidente Xi Jinping a Moscou, para participar das comemorações dos 70 anos da derrota do nazismo, foram assinados diversos acordos nas áreas de energia, comércio, finanças e do setor militar. Ao mesmo tempo, ambos os governos se comprometeram a desenvolver a União Econômica Euroasiática no sentido de integrá-la ao Novo Caminho da Seda.

Os chineses investirão quase US$ 6 bilhões no trem-bala Moscou-Kazan, que será posteriormente estendido até Pequim, através do Cazaquistão.

Enquanto os Estados Unidos pressionam a Grécia para abandonar o gasoduto turco, que fornecerá gás à Europa, a Gazprom e a CNPC (China's National Petroleum Corporation) acordaram ampliar a parceria para o fornecimento de gás à China.

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A expectativa é que os investimentos chineses na Rússia passem de 20% para 40% do total no curto prazo. As operações comerciais entre os dois países realizadas em yuan aumentaram em 800% no ano passado. A expectativa é que o comércio bilateral, em 2020, duplique, para US$ 200 bilhões.

A aproximação militar da China com a Rússia

No setor militar, o fornecimento do sistema de mísseis S-400 pela Rússia à China permitirá aumentar o raio de ação. Todas as principais capitais da região Pacífico e do Sul da Ásia podem ser atingidas pelos chineses. Esse fato representa um dos fatores do acirramento das contradições da China com o Japão, que por sua vez tenta impulsionar o armamentismo como uma das saídas para o aprofundamento da crise econômica.

A tecnologia eletrônica russa já é usada pelo exército chinês. O sistema russo de guerra radioeletrônica Krasuja 2, que foi apresentado oficialmente no mês de outubro de 2014, também está sendo negociado. Esse aparato conta com a possibilidade de bloquear as frequências AWACS, o radar aerotransportado norte-americano. No momento, os mísseis balísticos marinhos norte-americanos Trident demoram pouco mais de 15 minutos para atingir Moscou. E os mísseis terrestres Minuteman-3 mais de 25 minutos, o que os torna rastreáveis e interceptáveis. O novo míssil S-500, que será lançado em 2017, pode destruir alvos a 900 quilômetros.

A resposta do imperialismo tem sido elaborada em cima da criação do chamado escudo de mísseis e do cerco da China. O desenvolvimento de vários mísseis hipersônicos pelos Estados Unidos impõe uma pressão enorme sobre o orçamento das potências regionais ao mesmo tempo que sustenta os lucros parasitários do complexo industrial militar. O aumento das contradições tem como base o aprofundamento da crise capitalista, mas, ao mesmo tempo, é um fator que conduz a novas implosões e explosões, na base da política do "salve-se quem puder".

Economia: o pé de barro da Rússia

A economia russa é altamente dependente das matérias primas energéticas. A queda dos preços no mercado internacional tem afundado a economia e o orçamento público, o que tem se tornado crítico por causa das sanções impostas a partir da crise na Ucrânia. O acesso à tecnologia de ponta, necessária para a exploração de hidrocarbonetos em águas profundas e no Ártico, foi afetada já que essas importações representam a terceira parte do total envolvido nas operações.

No último dia 29 de abril, várias empresas russas do setor de energia, incluindo a Rosneft, a Gazprom, a Lukoil e a Novatek enviaram um documento, endereçado ao próprio Putin, em protesto contra a nova lei que requer que o plano de compras deva ser aprovado por um conselho especial, que deverá priorizar as compras domésticas e impactar os custos. Somente a Rosneft pressiona o governo para obter o repasse de recursos para enfrentar o vencimento de dívidas por US$ 42 bilhões nos próximos dois anos.

O lucro da Gazprom em 2014 foi de US$ 3,1 bilhões, 86% a menos que no ano anterior, por causa da redução dos preços do gás vendido à Europa.

A maior empresa mineradora russa, a Mechel, grande produtora de minério de ferro, carvão e aço, perdeu 75% do valor de mercado.

No setor financeiro, a crise também acelerou. O banco Sberbank registou uma queda de 30% no varejo, por causa da alta da taxa de juros, que hoje está em 12,5% (taxa básica).

Os preços dos alimentos continuam em disparada. Calcula-se que compromete perto da metade do orçamento familiar médio. A renúncia do ministro da Agricultura, Nikolai Fyodorov, no dia 22 de abril, teve como pano de fundo a disparada dos preços dos alimentos.

Uma certa estabilização da economia deu um certo alívio às finanças públicas, que estavam sendo comprometidas para cobrir o orçamento e estabilizar o rublo. As compras de títulos públicos do governo russo têm aumentado. O aumento das dificuldades para acessar o crédito tem impactado a economia em cheio. Mas a recuperação da economia russa depende de fatores externos que o governo russo não controla. A economia mundial é controlada pelo imperialismo, principalmente o coração, que é o setor financeiro. A crise capitalista avança a passos largos. Estão se esgotando todos os mecanismos de contenção colocados em pé em 2009. A inflação, segundo Lenin, é um fator altamente revolucionário; esteve na base das revoluções de 1917 e da queda posterior de todos os governos na União Soviética e na Rússia. Para o próximo ano, está previsto um novo colapso de proporções ainda maiores.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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