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chinaChina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O Novo Banco de Desenvolvimento Econômico, o Banco de Investimento de Infraestrutura da Ásia e a crise dos petrodólares ameaçam pilares da dominação hegemônica dos Estados Unidos e abrem caminho para o maior enfraquecimento dos mecanismos de controle. Esses fatores estão na base do Novo Caminho da Seda.


A agonia de Bretton Woods e a ditadura do dólar em xeque?

A ideia de mecanismos de estabilização por fora do controle dos norte-americanos e dos europeus não é nova. A ASEAN (Associação dos Países do Sudeste Asiático) mais o Japão, a China e a Coreia do Sul mantêm um mecanismo de controle das moedas da região por meio da Iniciativa Chiang Mai, desenvolvida a partir da crise de 1997.

O NBD (Novo Banco de Desenvolvimento) tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento dos países do bloco, como uma alternativa ao FMI (Fundo Monetário Internacional) ou o Banco Mundial, que são controlados diretamente pelo imperialismo. O capital inicial é de US$ 100 bilhões, além de um fundo anti-crise de US$ 100 bilhões, e representa uma reação ao aprofundamento da crise capitalista aberta em 2008. O aprofundamento da crise e a queda do preço das matérias primas (commodities) estão deixando os membros sem fôlego para sustentá-los, com a exceção, em certa medida, da China.

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O BIIA (Banco de Investimento de Infraestrutura da Ásia), com US$ 100 bilhões, representa mais uma iniciativa da China para enfrentar a pressão dos norte-americanos e dos japoneses na região, que atuam por meio do Banco de Desenvolvimento da Ásia. A expectativa é que os empréstimos até 2020 somem US$ 20 bilhões, não muito longe dos US$ 30 bilhões do Banco Mundial.

Os Estados Unidos pressionaram para que as potências europeias não aderissem ao BIIA. Apesar disso, até aliados de primeira ordem, como a Grã Bretanha e a Austrália, assinaram como membros fundadores.

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A China está tentando desviar uma parte significativa dos US$ 4 trilhões que detém em títulos do Tesouro norte-americano. Essa política de aumentar a pressão sobre a "maquininha de imprimir dólares" é que está na base do financiamento dos monopólios norte-americanos e da ditadura do dólar em escala mundial.

Potências regionais e imperialismo em crise

A ditadura do dólar imposta em 1944, em Brettons Woods, tinha como base que as reservas internacionais passariam a ser feitas em dólares norte-americanos. Os Estados Unidos passaram a garantir a conversibilidade por ouro. Em 1971, sufocado pelos gastos da Guerra do Vietnã, a Administração Nixon aplicou um calote, eliminou a garantia da conversibilidade e passou a emitir moeda em largas quantidades para equilibrar a economia. Não adiantou. Em 1974, explodiu a crise mundial, denominada crise do petróleo, que esteve na base da Revolução Iraniana e da queda das ditaduras que os norte-americanos tinham imposto em quase todos os países atrasados.

A imprensa burguesa considera a China como a segunda economia mundial. Mas isso está longe da realidade. Na China, existem mais de 700 milhões de camponeses pobres. A produtividade per capita é muito inferior à dos Estados Unidos. Os setores de ponta da indústria são controlados pelos monopólios. Os capitais nacionais se concentram no setor de armamentos, energia e construção civil. Onde o controle dos capitais imperialistas aparece de maneira mais gritante é no setor financeiro. O yuan é usado em pouco mais de 2% das transações internacionais e, apesar de estar crescente, está muito longe dos 45% do dólar norte-americano e dos 30% do euro.

Com o avanço da crise capitalista, aumentam as contradições entre o imperialismo e as potências regionais. Além da criação dos bancos, uma série de países começaram a praticar o comércio em moedas alternativas ao dólar norte-americano. China e Rússia fecharam um acordo de US$ 400 bilhões para a venda do gás russo aos chineses, e pretendem aumentar o comércio entre si em moedas locais.

A China vem fazendo também comércio em moedas locais com a Arábia Saudita, aliada de primeira ordem do imperialismo norte-americano no Oriente Médio. A China importa o petróleo e exporta produtos manufaturados para o país árabe, em moedas locais, desafiando a ditadura do dólar.

Diante disso, aumentam as tendências golpistas, impulsionadas pelo imperialismo, contra os países atrasados que tentem ter alguma independência em sua política. O golpe na Ucrânia veio logo depois de um acordo entre o governo deposto e a Rússia. Na Tailândia, o imperialismo derrubou um governo nacionalista burguês para colocar mais uma ditadura militar fantoche, buscando cercar a China cada vez mais. No Egito, o imperialismo derrubou Mohammed Morsi para tentar manter alguma estabilidade por meio da força. Em todos esses países, os governos buscam repassar o peso da crise sobre os trabalhadores com o objetivo de manter o lucro dos capitalistas.

O aumento do comércio pelas rotas do Novo Caminho da Seda implica no fortalecimento e expansão da força naval chinesa e do aumento da influência militar chinesa e russa na região sul da Ásia, nas repúblicas da Ásia Central e no Oriente Médio.

A China permitirá a entrada da Rússia no BIIA com status de membro "asiático", com direitos maiores que as demais nações não asiáticas. Em contrapartida, a Rússia permitirá um maior investimento chinês nas empresas de energia e o repassará (aliás, já começou a repassar) tecnologia militar de ponta. Os mísseis balísticos S400, nos quais os chineses tinham extremo interesse há muito tempo, fazem parte da primeira rodada dos acordos.

No Banco Mundial e no Banco Asiático de Desenvolvimento a Rússia é considerada um país europeu. Os países asiáticos deverão manter 75% dos votos no BIIA.

Conforme a crise capitalista continua se aprofundando, com previsões de um novo gigantesco colapso para o próximo ano, ao mesmo tempo que as potências regionais e imperialistas se realinham, as contradições avançam a passos largos.

Alejandro Acosta está atualmente na Rússia cobrindo os acontecimentos geopolíticos na região como jornalista independente.


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