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petro1Ucrânia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] Continuam as movimentações na tentativa de conter a escalada da guerra civil no leste da Ucrânia.


O governo golpista de Kiev se encontra sobre pressão da extrema-direita, mas, ao mesmo tempo, a desestabilização vem, em primeiro lugar, do aprofundamento da crise capitalista no país. Petro Poroshenko, presidente da Ucrânia. Foto: Wikimedia Commons (CC BY 3.0)

Desde a visita do chefe do Departamento de Estado norte-americano a Sochi, no sul da Rússia, os governos da França, da Alemanha, da Rússia e da Ucrânia têm aumentado as movimentações na tentativa de conter a escalada do conflito. No dia 12 de setembro, os ministros das Relações Exteriores se reuniram na Normandia (França). Para o dia 2 de outubro, está agendada uma reunião presidencial em Paris.

Um novo cessar-fogo foi implementado no dia 1 de setembro. Os conflitos, que tinham se tornado cada vez mais frequentes, agora se tornaram cada vez mais raros.

Essa nova política foi impulsionada pela Administração Obama, com o apoio das principais potências europeias. A Ucrânia representa um dos três principais pontos de confrontos militares no mundo com o potencial de escalar para conflitos em larga escala, junto com o Oriente Médio e o Mar da China.

A perda de controle em vários países do Oriente Médio, principalmente na Síria, junto com as eleições presidenciais que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano, levou a “ala centrista” do imperialismo norte-americano, encabeçada pela Administração Obama, a buscar “triunfos” que consigam mantê-la como uma alternativa no cenário político.

Dos Acordos de Minsk à nova trégua

O primeiro Acordo de Minsk, implementado no mês de setembro de 2014, não se manteve em pé nem um mês. Em janeiro e fevereiro deste ano, as forças das repúblicas separatistas de Donetsk e do Donbass acabaram recuperando a região de Debaltsevo, o que lhes permitiu conectar fisicamente as duas repúblicas. Quase cem tanques ucranianos foram capturados após combates cruéis.

O segundo Acordo de Minsk, de fevereiro deste ano, conseguiu desescalar os combates, em termos relativos, principalmente por causa da retirada da artilharia pesada da linha de frente da guerra. Mas os enfrentamentos, mesmo esporádicos, continuaram no Aeroporto de Donetsk e na região costeira de Mariupol, localizada ao sul do país.

O acordo do dia 1 de setembro deveria ter sido apenas um mecanismo para facilitar o retorno dos estudantes às aulas já que o mês de agosto foi um dos quais os conflitos militares escalaram. Essa trégua acabou se transformando num dos períodos onde a calma relativa mais predominou desde o início dos confrontos.

O governo golpista de Kiev se encontra sobre pressão da extrema-direita, mas, ao mesmo tempo, a desestabilização vem, em primeiro lugar, do aprofundamento da crise capitalista no país. O governo Poroshensko enfrenta as tentativas golpistas dos setores da extrema-direita, de grupos paramilitares e de partidos que têm força no parlamento como o Svoboda (Liberdade).

A extrema-direita tem promovido manifestações nas ruas contra a “ação fraca” do governo contra os separatistas do leste. Recentemente, vários manifestantes morreram nos choques com a polícia. Por esse motivo, as movimentações no sentido do acordo tem sido utilizadas pela extrema-direita como concessões à Rússia e aos separatistas.

Alguns grupos, os mais “cachorros loucos”, foram cooptados no Exército, como o Batalhão Azov. Outros, como o Pravy Sektor (Setor de Direita), têm entrado em confrontos armados com o Exército. Mas o ponto central relacionado com a extrema-direita ucraniana é que existem inúmeros grupos desses, os mesmos que estiveram na linha de frente do golpe contra o governo do presidente Ianukovich e outros que surgiram posteriormente. Esses grupos são impulsionados por setores dos chamados oligarcas com o objetivo de manter interesses locais, como aconteceu recentemente com a disputa pelo controle da venda ilegal de cigarros com o Pravy Sektor. A extrema-direita europeia e a direita que governa a Polônia e a Lituânia também tentam ganhar influência no país.

Eleições e desescalação do conflito

No dia 25 de outubro, acontecerão eleições nacionais na Ucrânia. Mas as repúblicas de Donetsk e Lugansk também agendaram eleições, para os dias 18 de outubro e 1 de novembro. Este fato desestabiliza o regime golpista de Kiev que tenta se legitimar e se perpetuar. O governo Putin busca que sejam convocadas eleições gerais envolvendo as repúblicas separatistas e que as próximas eleições sejam reconhecidas por Kiev. O objetivo é que Donetsk e Lugansk tenham um status parecido com o que anteriormente tinha a República Autônoma da Crimeia, inclusive com o direito ao veto do ingresso na União Europeia e principalmente do direito ao veto do ingresso na OTAN (Organização do Atlântico Norte).

O governo russo tem aumentado a pressão para desescalar o conflito. Um dos fatos que o demostra claramente é a demissão de Andrei Purgin como porta-voz dos deputados da República Popular de Donetsk. Purgin tem sido um dos principais representantes da política da anexação de Donestk à Federação Russa. Anteriormente, os líderes da ala dos milicianos que não queriam se enquadrar no novo exército popular, no fundamental controlado pelos russos, foram isolados ou assassinados, como foi o caso do conhecido comandante Mozgovoy.

O aumento das sanções imperialistas contra a Rússia aconteceu em agosto, antes do novo acordo. O levantamento das sanções daria um importante fôlego à economia russa. Mas há linhas vermelhas que o governo Putin não pode permitir que sejam ultrapassadas. A principal delas é o aperto do cerco do imperialismo contra o país. Principalmente a presença de tropas permanentes ou mísseis da OTAN nos países fronteiriços.

Perante o aprofundamento da crise capitalista na Rússia, o governo Putin busca desesperadamente o acesso aos mercados creditícios. A aliança com a China tem fechado uma série de acordos. Mas se tratam de acordos a longo prazo, muitos dos quais não têm saído ainda do papel ou têm acontecido em ritmo mais lento que as previsões da Rússia.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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