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041014 kinshasaRepública do Congo - Prensa Latina - [Roberto Correa Wilson] A República do Congo e a República Democrática do Congo são dois países situados na África Central que estão fraternizados na história por seu confronto na exploração colonial ainda que seus algozes foram duas nações europeias diferentes.


Tribos de pigmeus habitaram o território congolês nos primeiros anos de nossa era, justamente na época em que começou o predomínio de dois importantes impérios de origem bantú, os anzicos e os betekes, associados à evolução socioeconômica da região.

O primeiro europeu a aportar na região foi o navegante português Diego Cao, que chegou em 1482 ao desemboque do rio Congo, o mais caudaloso da África, e posteriormente toda a área se converteu em uma das principais zonas provedoras de escravos para trabalhar em plantações agrícolas e minas na América e Caribe.

O intenso tráfico humano foi mantido até o século XIX, quando em 1834 a Coroa britânica dispôs a proibição do comércio de escravos em suas colônias. Grã-Bretanha, imersa na revolução industrial, já não estava interessada no tráfico escravista que havia lhe proporcionado amplos benefícios econômicos.

REPÚBLICA DO CONGO

Já no princípio do século XIX os colonos franceses haviam expulsado os portugueses de onde atualmente constitui a República do Congo. Os galeses presentes no Congo e no vizinho Gabão, construíram fábricas na costa e depois iniciaram expedições para o interior.

O francês Savorgnan de Brazza realizou sua primeira missão pelo rio Oggore, atravessando em 1878 o rio Congo. Em sua segunda expedição 1979-1833 assinaram tratados com o rei Makoko, soberano dos tekes, com o objetivo de afirmar o domínio nessa parte da África Central.

Essa ação esteve dirigida a impedir semelhantes tentativas da parte do inglês Stanley pela outra orla do rio, entre 1874 e 1877. Os acordos efetuados entre os nativos analfabetos em alguns casos e semi analfabetos em outros, com as metrópoles eram sistematicamente descumpridos por estas últimas.

Brazza impôs uma espécie de protetorado. Em 1881 o governo de Paris designou-o Comissário deixando sob sua autoridade todas as terras desde o Gabão até o Congo.

Durante a partilha da África na Conferência de Berlim (1884-1885), as potências europeias afirmaram a posse colonial da França sobre o país, dentro da África Equatorial Francesa.

O Congo francês foi submetido a uma brutal exploração. França repartiu-o entre 40 firmas concessionárias, às quais garantiu por 30 anos os direitos de propriedade da terra e sua exploração em troca de um imposto de 15% sobre os ganhos anuais.

A metrópole também estabeleceu um imposto para a população nativa que agravou sua situação, explorada e alijada dos enormes ganhos dos europeus. A arrogância da França igualmente desconhecia os direitos políticos dos nativos.

A construção da ferrovia Congo Ocean que unia a cidade de Brazzaville no centro do país com o porto de Ponta Negra no extremo sul, durou dez anos durante os quais milhares de africanos perderam a vida devido às subumanas condições alimentares e trabalhistas.

Em 1944, pela primeira vez, a metrópole admitiu nativos no governo local ante o crescente descontentamento popular, caracterizado por grandes revoltas nas principais áreas urbanas.

Após prolongadas manobras dilatórias, o país obteve a independência em 1960, não sem antes experimentar um extenso período de agitação política.

O OUTRO CONGO

No século XIX começaram as explorações sistemáticas do continente, nas quais se destacou o missionário escocês David Livingstone. A notoriedade que atingiu este em suas explorações fez com que o proprietário de um jornal estadunidense enviasse o jovem correspondente Henri Morton Stanley para encontrar Livingstone.

Stanley partiu em busca do missionário em Zanzibar, em 17 de novembro de 1874, e reuniu-se com ele em Boma sobre o rio Congo em 1877. Em seu retorno à Europa, Stone reuniu-se com um representante de Leopoldo II, rei da Bélgica, a quem falou sobre os recursos do país.

Leopoldo II constituiu a Associação Internacional Africana com a participação de vários capitalistas, que tinha como prioridade o estudo e a exploração das enormes riquezas da atual República Democrática do Congo sob sua égide. O soberano belga convocou a Conferência de Berlim que acelerou a partilha da África.

A presença colonial belga no país foi considerada como uma das páginas mais sombrias de sua história, pelo roubo de seus recursos naturais por companhias concessionárias, a aplicação em massa do trabalho forçado e a excessiva fiscalização dos africanos.

Durante a construção de 1890 a 1898 dos 308 quilômetros da ferrovia que une Kinshasa (então Leopolville) com o porto de Matade no sul morreram milhares de africanos. Os métodos da administração colonial conduziram à fuga ou à resistência das populações nativas, entre estas esteve a grande Revolta dos Betetela.

Para perpetuar a dominação no país, o soberano criou um exército denominado Força Pública comandado por oficiais belgas.

Uma comissão investigadora reconheceu em 1904 que durante os primeiros 15 anos de domínio colonial três milhões de congoleses morreram devido a doenças e maus tratos.

Ao longo de várias décadas do século XX o povo congolês protagonizou numerosas rebeliões que foram reprimidas com extrema crueldade. A falta de um órgão de decisão e uma direção política provocou que esses movimentos não fossem considerados e conquistassem a vitória.

Não obstante, a repressão não pode impedir o auge do sentimento anticolonialista e o crescimento do movimento emancipador. A independência foi proclamada em 1960. Os dois Congos puderam ao fim se libertar da escravidão colonialista após imensos sacrifícios.


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