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120527 lassauxCiência hoje - As pinturas do Paleolítico Superior estão em risco com a proliferação de microorganismos


Um estudo levado a cabo por cientistas do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) espanhol concluiu que os biocidas utilizados na gruta de Lascaux (França) foram ineficazes e podem ter favorecido o aparecimento de novos fungos e bactérias. O objectivo deste tratamento era travar o surto do fungo 'Fusarium solani' que apareceu em 2001.

Os resultados do estudo estão publicado na revista «Environmental Science and Tecnhnology», informa hoje a CSIC em comunicado de imprensa. A gruta, descoberta em 1940, conserva um conjunto de pinturas rupestres e gravuras composto por mais de 1900 imagens de animais e figuras geométricas do Paleolítico Superior.

Em 1963, a gruta foi encerrada ao público. Isto porque se descobriu que as paredes, devido à utilização de luz artificial, estavam a ser colonizadas por um tipo de alga unicelular chamada Bracteacoccus. Em 2001, o fungo Fusarium solani começou a espalhar por toda a gruta, voltando a pôr em perigo as pinturas.

Para travar a infestação, foi decidida a aplicação de tratamentos muito agressivos, com cloreto de benzalcónio, antibióticos e cal. Depois das primeiras aplicações aparecerem, em Dezembro desse mesmo ano, as primeiras manchas escuras nas paredes, explica o investigador do CSIC Cesáreo Sáiz, coordenador da equipa encarregada de avaliar a ecologia microbiana da gruta.

A partir de 2006, o surto ganhou maiores proporções: houve um crescimento 'explosivo' de fungos. A gravidade do problema fez com que, em 2008, se voltasse a aplicar um tratamento baseado em biocidas semelhantes aos anteriores.

Os resultados do trabalho coordenado pelo CSIC indicam que o uso continuado, entre 2001 e 2004, de cloreto de benzalcónio não foi eficaz na eliminação dos fungos, tendo mesmo favorecido a proliferação de diversos fungos. Os que colonizam agora as paredes da gruta são, na sua maioria, leveduras pretas da família Herpotrichiellaceae e da espécie Acremonium nepalense, diferentes dos que se encontravam em 2007 e 2008.

Conservação preventiva

Em meados de 2009, o Ministério da Cultura e Comunicação francês concedeu um projecto à equipa de investigação liderada por Sáiz que, em colaboração com os cientistas do Institut National pour la Recherche Agronomique francês, começou a analisar a ecologia microbiana da gruta, mais concretamente, as comunidades fúngicas associadas ao aparecimento de manchas negras.

Os resultados mostram que foi errado utilizar os biocidas em vez de se optar por uma conservação preventiva como a que faz nas grutas espanholas de Altamira ou Castaña de Ibor. Entre as medidas desenhadas para Altamira, que está encerrada ao público desde 2012 (ver notícia do «Ciência Hoje» aqui), encontram-se, além da proibição das visitas, o acompanhamento meticuloso do microclima e da microbiologia do espaço. Faz-se também a eliminação, a partir do controlo da vegetação exterior, de matéria orgânica dissolvida na água que penetra nas camadas profundas do solo.

Os diversos estudos realizados em Lascaux permitiram isolar e descrever duas novas espécies de fungos: Ochroconis lascauxensis e Ochroconis anomala, responsáveis pelas manchas pretas que invadiram as paredes e o tecto da gruta. Estes resultados foram recentemente publicados na revista «Fungal Biology».

Outra investigação, publicada no «Journal of Raman Spectroscopy», demonstrou o envolvimento da melanina produzida pela espécie predominante, a Ochroconis lascauxensis, na formação de manchas e o papel dos Collembola na sua dispersão.


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