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Marcos Paino: ''Escuitaria Pimpinela para contemplar a hecatombe da civilizaçom ocidental''

240211_painoGaliza - - [Antom Papaqueijos, para o Diário Liberdade] Marcos Otero Paino nasce e medra na Estrada mas agora mesmo mora em Compostela. Marcos é um tipo musicalmente rebuldeiro, já que passou por vários grupos históricos do rock galego.


Nos dias de hoje, compagina os trabalhos de compositor de bandas sonoras com grupos como Galegoz, Le Glamour Grotesque ou o seu último ataque musical que anda maquinar com o cantor de Matamá, Leo i Arremecaghoná e o poeta monterrossino Daniel Salgado. O seu nome "Das Kapital". Daqui a pouco saberemos mais deles.

[Antom Papaqueijos] - Xenreira, Nen@s da Revolta, A Matraca Perversa, Galegoz, Le Glamour Grotesque.... A cabeça nom para?

[Marcos Paino] - Bem, tenho que dizer que eu toquei em todos esses grupos e mais algum, mas nengum deles foi ideia minha, excepto GalegoZ, que foi umha ocorrência que tivemos Denís Mutante, Alex Salgueiro, Manu Paino e mais eu.

Em Nenos da revolta, por exemplo, entrei no último ano do grupo, junto com Xan dos Papaqueixos e meu irmao Manu, mas nom participamos em nengum dos discos e muito menos na sua composiçom. Quando entramos no grupo já tínhamos até as partituras do que havia que tocar, mas guardo grandes lembranças das digressons polos Paísos Cataláns com esse grupo.

Como dizedes os Galegoz, estamos em plena Apocalipse Agora?

Isso parece... mas o sistema capitalista é um poço sem fundo. Acho que isto vai para pior, só há que pôr os olhos nos sindicatos, trabalhando para o capital. A apocalipse está só começando.

Conta-nos como uns rapazes da Estrada decidem fundar o "Rock Irmandinho"

Pois suponho que igual que qualquer rapaz de 16 anos que tenciona montar um grupo, isto é, com muitas dificuldades.

Ensaiávamos num 2º andar da rua Marim, na Estrada. Começamos a ensaiar sem bateria... tocando umhas caixas de cartom a modo de timbais e caixa.

Escuitei, pola primeira vez, a voz de Senén (o vocalista) na nossa estreia num concerto do Burgo das Naçons em Compostela já que nom tínhamos microfones no local.

Que podias fazer nessa altura se tinhas 20 anos? Como era a vila da Estrada por aquele tempo?

Pois eu com 20 anos só ia à Estrada aos fins de semana, já que na altura estava eu matriculado na faculdade de História, Geografia e Arte, e vivia em Compostela. Digo matriculado, e digo bem, já que eu nom era muito de visitar as aulas...

Na Estrada tínhamos umha associaçom cultural que se chamava "Colectivo Estadea" que tivo bastante atividade a meados dos 90. Organizamos muitos concertos e atividades na vila, assim como actos reivindicativos.

De todos os modos, na Estrada nom havia muito que fazer um dia normal. Olha se eram aborrecidos que os pares vinham passear e tomar refrigerantes ao centro comercial Área Central de Santiago.

Como vivestes o do Bravu?

Pois escuitei os Diplomáticos de Monte Alto no ano 91 e, junto com os Ressentidos, foi um referente para todos os que naqueles anos montamos um grupo de rock em galego.

Eu tivem o prazer de compartir palco com os Papaqueijos, Skornabois, Túzaros, Diplomáticos ou Rastreros, e isso para um rapaz de 17 anos é emocionante. Da paparota de Chantada só recordo que acabamos num centro de saúde às 5 da manhá.

Pensas que noutro contexto musical o grupo Xenreira teria alcançado mais anos de vida?

Nom sei. Se calhar noutro contexto nom eram necessários grupos como Xenreira. Nom tenho nem ideia.

240211_paino2Que é isso de Galegoz? Quem sodes? Que queredes? Aonde ides?

GalegoZ é um invento que figemos em 2005. Nele estamos meu irmao Manu Paino, Pulpiño Viascón, Denís Mutante, Dr Chou, Tomás Ageitos, Matías Olazábal, Alex Salgueiro e David Ageitos.

A verdade é que nom queremos nada, tocamos 5 concertos por ano. Levamos assim desde o 2006 e parece que nom vai mudar muito a cousa. A verdade é que vivemos num país onde continua a resultar difícil tocar em directo. Temos ideia de gravar um último disco, mas nom descartamos montar outra cousa.

Como GalegoZ pouco mais havemos de picar... Todos andamos noutras historias como komunikando.net e outros projectos. Contodo, temos direto para um par de anos.

Já levades editados 3 trabalhos com Galegoz. Que tendes agora em mente nas vossas cabecinhas?

Pois andamos em muitas histórias como Komunikando.net, que é umha ladra de tempo e dinheiro, ainda que deva reconhecer que se umha pessoa trabalha lá, essa é o Cholo, o encarregado do web. Os outros vamos fazendo o que podemos nos momentos livres.

Depois, cada um tem os seus projetos. Eu estou agora com um grupo novo, ainda em processo de gestaçom. Em março ou abril se calhar já andamos por aí, pedindo para tocar nos bares.

Vamos gravar dentro de um par de meses um outro disco de GalegoZ que se intitulará "Vinhérom da Galiza interior II", e que realmente é umha continuaçom do anterior trabalho que só levava 5 temas. Este novo disco serám outros 5 temas.

Di-nos o que é o Aranhoto, que haverá muitos que nom saibam!

Aranhoto era umha palavra muito usada em certos bares da Estrada nos anos 90, quando era a moda da 'rota do bacalhau'. Todo o que tivesse umha base eletrónica era aranhoto, que em baralhete significa bacalhau.

Nesses anos pugérom-se na moda certo tipo de expressons, já que em vários locais da zona dos vinhos pugérom os dicionários com a traduçom galego-baralhete. Outra que recordo é "mangar o pico", mas nom vou dizer o que significava.

Os vossos grupos sempre tivérom dum modo ou doutro umha implicaçom ou umba veia social, política... como vos influência todo isto nas letras, nos concertos...?

Nos grupos em que toquei das letras sempre se encarregárom outros. Eu como muito retoco algumha palavra para que calhe melhor com a música. Em GalegoZ, é Denís quem se ocupa disso. Meu irmao, Alex Salgueiro e mais eu compomos e arranjamos os temas.

Que precisaria o rock galego para ter mais força quanto a discos, distribuiçons ou concertos?

I don´t know bwana, I was sitting here eating my banana. Suponho que o mais importante seria que houvesse um público mais amplo e mais locais para tocar. Eu já há tempo que acho que o de vender discos tem os dias contados.

Agora um grupo pode fazer um disco, promoçom e distribuiçom sem se mover do computador. O CD é já um formato obsoleto.

Nós estamos a avaliar lançar o próximo disco em vinil, todo dependerá do dinheiro, que nom sobra.

240211_paino3Também andas a argalhar na página www.komunikando.net e em kk-tv. Como vês o projeto de dentro? E o futuro da página?

Pois komunikando é um projecto do que estamos muito orgulhosos porque levamos 6 anos funcionando e estamos contentes com o resultado já que nom recebemos subvençons de qualquer tipo e o projecto tira para adiante dignamente. Activamente non trabalhamos mais de 7 pessoas, mas os grupos e os festivais mandam muita informaçom e a página tem milheiros de visitas por mês.

Agora estamos preparando umha zona de descargas para pôr discos em Creative Commons, assim que os grupos que queiram pôr a descarregar os seus discos na página que se ponham em contacto connosco. Fazemos muitas actividades por ano, mas em todas contamos com a colaboraçom e com a participaçom doutras organizaçons.

Assim, figemos o Caminho a Teu (Caminho ateu) com Sei o que nos figestes, Musicando Carvalho Calero com a AGAL, Cantalingua com a gente do Correlingua etc.

Ainda, contamos com umha série de colaboradores que nos ajudam muito. Aí estám gente como Xurxo Souto, Vituco Neira e outra gente que sempre está disposta a dar umha mao.

Vês muita diferença entre a qualidade dos grupos galegos e os de fora? O quê precisamos para medrar?

As diferenças entre o rock galego e o rock catalám, para pôr um exemplo, estám nos meios técnicos e numha série de factores que nom tenhem nada que ver com atitudes musicais.

Para medrar, necessitam-se oportunidades, sítios onde tocar e certo impulso institucional. Esta Junta é claro que nom aposta em nada que cheirar a cultura galega.

As tuas três propostas musicais favoritas?

Madness, Os resentidos, The clash, Siniestro Total ou Negu Gorriak som os grupos que mais me marcárom quando tinha 16 anos, mas atualmente nom poderia dizer-che.

Tenho muita música no disco rígido e há grupos dos que gosto, mas nem sequer lembro o nome deles... Também gosto muito de LCD Soundsystem mas, infelizmente, separárom-se.

Que grupos galegos che prestam mais?

Pois há muitos de que gosto. O mais interessante da música galega atual é a variedade de estilos, que nunca antes houvo. Podemos encontrar grupos de Hip-hop como Dios ke te Krew, Fluzo ou os Trasnos de Moscoso. O pop de Ataque Escampe, Fanny e Alexander, Proxecto Mourente. O punk de Novedades Carminha, Skacha ou Leo arremecaghoná... e poderia seguir dando nomes durante muito tempo. Ah... e há uns freaks da Corunha que se chamam Ulträqäns de que também gosto.

No caso dumha guerra total declarada com governo de Coreia do Norte, que música proporias para contemplar a hecatombe da civilizaçom ocidental?

Seguramente algumha de Pimpinela.

Além de tocar em todos estes grupos, fás também trabalho de misturas, gravaçom de bandas sonoras etc. Neste país é possível viver da música? E viver da música sem ajudas?

Viver de tocar num grupo determinado é impossível, mas conheço muita gente que toca em vários grupos, dá aulas de música, fai trabalhos para produtoras audiovisuais etc.

Há muitas maneiras de ganhar o pam no mundo da música. Eu também fago trabalhos de produçom e o que sair para ir indo, mas onde mais trabalho, junto com o meu sócio Alex Salgueiro, é para as produtoras Filmanova e Filmax.

O tema dos direitos de autor, do pirateio de discos, da rede... preocupa-vos algo?

Pois nom me preocupa demasiado. Nós, pessoalmente, já tiramos os nossos dous últimos discos em Creative Commons. Nom é rendível, mas tampouco é tirá-lo com umha discográfica e polo menos, desta maneira, temos o controlo sobre aquilo que fazemos.

Como vês os meios de difusom galegos? É possível a normalizaçom cultural deste país?

Seria possível com outros meios de difusom galegos.

Feijóo ou Fraga, quem che dá mais asco?

Fraga tinha no populismo a sua base, Feijóo incorporou agora o landismo ao PPdeG, como vimos na famosa ceia de Boqueixom. Contodo, a mim o que me dá asco de verdade é Tonhito Miranda.

Que farias se che deixassem o Gaiás para ti durante só umha semana...

Um filme de Zombies.


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