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051214 pcmMéxico - PCM - Intervenção do camarada Pável Blanco Cabrera, Primeiro Secretário do Partido Comunista Mexicano, no II Festival do "El Comunista".


"Camaradas:

Estamos aqui, no Festival de nosso órgão central, para proclamar com alegria e otimismo os 20 anos de luta de nosso Partido, o Partido Comunista do México.

A atmosfera dos primeiros anos da construção partidária foi de contracorrente, em um mar de dificuldades. Em avalanche e massivamente ocorria a limitação das ideias revolucionárias e o abandono do marxismo-leninismo. As filas de ex-comunistas nutriam o projeto populista e socialdemocrata do PRD. Já então, nós comunistas advertíamos a natureza de classe desse partido e seu papel funcional à dominação burguesa e à ordem capitalista. Recordamos, eram apresentados o "partido do 6 de julho", a "nova unidade da esquerda", "o partido dos movimentos sociais" e a "transição democrática" como o objetivo crucial. Hoje é possível fazer o balanço, pois são os mesmos rostos de ontem: Jesús Ortega, Pablo Gómez, Amalia García, Carlos Navarrete entre muitos outros, que figuram como corresponsáveis de governos repressores, genocidas e colabradores das políticas de choque de Peña Nieto, das reformas estruturais e do maior atentado contra a classe operária, a reforma trabalhista.

Então, nos diziam não fazer falta um instrumento da classe trabalhadora, mas uma casa comum para todos os cidadãos, esquecendo o princípio marxista de que a anatomia da sociedade civil precisa encontrá-la na luta de classes.

O TINA (There Is Not Alternative) reaganiano e thatcherista era tão sufocante que, dos escombros do Muro de Berlim, surgia a renúncia às ideias, às identidades, às histórias, aos princípios, aos nomes. Em nome da democracia, declaravam-se superadas e arcaicas as propostas justas e emancipacionistas. Em coro renunciava-se ao comunismo.

E nós decidimos caminhar em uma direção contrária. Não era um ato de fé. Não era somente a insubordinação frente aos novos inquisidores. Era a convicção fundada na crítica marxista ao capitalismo, na cosmovisão científica do mundo e da vida que nos proporciona a ideologia do proletariado, e a determinação da XI tese sobre Feuerbach: Transformar o mundo.

Então, decidimos nos empenhar em três tarefas: a crítica ao capitalismo, a crítica à ideologia da Revolução Mexicana e a crítica científica às causas que levaram à derrota temporária da construção socialista.

E começamos a construir o Partido, contra o vento e o mar. Com pequenas reuniões, em condições complexas, com debates profundos, muito autocríticos. Rodeava o "marxismo crítico", o "marxismo ocidental", a absolutização da democracia, a hermenêutica. Por um Marx sem "ismos", afirmavam alguns que hoje já não estão aqui, mas que hoje andam no MORENA ou outras opções de gestão gatopardistas do capitalismo.

O PCM foi fortalecendo suas características e sua identidade comunista, as quais se expressaram vigorosamente em nosso IV e V Congresso, após sairmos desse pântano que significou a tentativa de unidade com o PRS, um gravíssimo erro que faz 4 anos ficou no passado.

O PCM tem uma resposta às causas que possibilitaram a derrocada contrarrevolucionária da construção socialista na URSS, que se relaciona com a pretensão de fazer coexistirem relações socialistas com relações mercantis. Socialismo e mercado são incompatíveis, de tal modo que ou se escolhe o caminho da revolução ou o da contrarrevolução.

Armados com esse enfoque, nós não caímos na vergonhosa tábula rasa que se exime da construção socialista no século XX. Nós assumimos como positivas as experiências do poder trabalhador na URSS e no campo socialista e as revindicamos. É tangível e irrefutável que se construía um mundo novo, onde a classe operária decidia, com um nível de vida superior, com ritmos de desenvolvimento impressionantes, com passos concretos para a emancipação da mulher, com grandes melhorias na educação, na cultura, no lazer, no tempo livre, como direitos sociais. A construção socialista na URSS é nosso norte.

Marx, em O Capital, fala muito pouco do valor do uso e se concentra no valor de troca. Não porque considera o primeiro com pouca importância. Pelo contrário, ele é fundamental na nova sociedade. Em nossa proposta, os comunistas devem apresentar férrea oposição às relações mercantis.

O assunto do poder foi assumido pelo PCM quando ainda era considerado inviável. Essa questão foi abarcada pela reflexão partidária durante vários anos e se faz permanente. O socialismo-comunismo não é visto à distância, no horizonte histórico, mas como o elemento em torno do qual articulamos nossa estratégia e metas objetivas. Vivemos a época da revolução social, da transição do capitalismo para o socialismo aberta pela Grande Revolução Socialista de Outubro. O capitalismo se esgotou, chegou a seus limites históricos. Hoje, a barbárie capitalista com uma crise econômica sem precedentes, com o desemprego, a precariedade trabalhista, a pauperização da família operária, se compara aos flagelos da decomposição civilizatória e, como resultado natural, com a possibilidade latente de uma guerra generalizada em curto prazo.

Camaradas:

Há dois meses concluímos o V Congresso do PCM, onde aprovamos um novo Programa que situa a Revolução socialista como tarefa imediata da classe trabalhadora em nosso país, e também defendemos que existe uma tendência crescente à insubmissão, com dados duros que constatam nossa avaliação. Previmos um cenário de aprofundamento do conflito socioclassista e indicamos que estávamos atrasados em matéria organizativa.

Onze dias depois de concluído o Congresso do Partido, ocorreu o genocídio de Iguala, o assassinato de vários normalistas e o desparecimento de outros 43. Isso gerou uma resposta popular massiva, como nunca na história dos últimos 70 anos do México.

É um ato de terrorismo de Estado contra o povo trabalhador, em que estão envolvidos todos os mecanismos de controle social, assim como todos os partidos registrados. Estão claramente comprometidos com esse crime o PRD, o PRI e o MORENA. Todo o sistema político mexicano está desacreditado e existe uma crise do conjunto do Estado. As correias da dominação burguesa se tornaram obsoletas. Encontramo-nos frente a uma situação política nova, que confirma antecipadamente nosso diagnóstico congressual.

Ayotzinapa é a gota que transborda o copo. Não apenas frente às repressões estatais e à violência cotidiana vivida pelo povo. É a soma de todo o assalto do capital contra a classe operária e os interesses populares. Ou, por acaso, alguém acreditava no mito da ideologia burguesa de que este é o país do nunca-passa-nada, dos ajoelhados? Por acaso se pensava que os ataques aos direitos trabalhistas e sindicais, aos direitos sociais, às liberdades democráticas, às condições de vida do povo não terminariam por expressar-se como conflito de classe? Ou, por acaso, alguém pensa que este é apenas um problema de direitos humanos, de justiça?

O desprezo do poder dos monopólios pelos explorados os levou a supor que sua rentabilidade estava assegurada e que podiam agir com total impunidade.

Em todas as partes do país, nas grandes cidades, os povos em todas as universidades, faculdades e até escolas secundaristas se levantam os setores populares.

O nível de confrontação cresce em Guerrero. E aumenta o clamor popular acerca da reivindicação pela saída de Peña Nieto da Presidência da República.

Defendemos que, em torno desta conjuntura, a aposta da classe dominante é garantir sua recomposição, com uma solução nas alturas, uma reacomodação, onde a mudança do titular do Executivo é o de menos se nada muda.

Por isso, o PCM deve defender a palavra de ordem: Abaixo Peña Nieto, pelo poder trabalhador e popular!, e trabalhar em meio a este movimento para implantar nosso Programa. Nós discordamos sobre a possibilidade de reduzi-lo a demandas democráticas ou de colocar limites acerca do nível desigual da consciência. Ou Revolução socialista ou continuidade da barbárie do capital, continuidade da exploração, da repressão. Existe, camaradas, meio termo entre o capitalismo e o socialismo?

Devemos trabalhar, e já o estamos fazendo, para buscar a confluência sob esta perspectiva dos trabalhadores e setores populares que estão emergindo à luta, as novas forças das quais falamos.

Nós comunistas devemos trabalhar por uma Assembleia Popular, a fim de potencializar a luta.

Porém, também devemos combater ideologicamente aqueles que querem reduzir isto a uma questão de direitos humanos; aqueles que buscam apresentar-se como os guardiões do pacifismo, mas expressam a tendência desmobilizadora.

O conflito social em curso tem caráter de classe, apesar do espontaneísmo. Cabe a nós comunistas desvelá-los aos olhos da classe trabalhadora e dos setores populares, assim como qualificá-lo para a luta.

Em meio a esta luta, devemos fortalecer o Partido Comunista.

Peña Nieto está em seus últimos dias, lançando o ultimato e brandindo novamente a repressão. Não tem todos consigo. É sua segunda intentona para desmobilizar esta força social.

Erraríamos se disséssemos que é o prelúdio da Revolução, nisso não podemos perder o norte. Porém, qualquer que seja o resultado, devemos contribuir para alterar a correlação de forças que, até setembro, mostrava saldo totalmente favorável ao Estado.

Camaradas do PCM e da FJC:

Chegamos aos 20 anos como uma organização jovem, porém com experiência. O partido comunista é a força insubstituível das mudanças revolucionárias. Continuaremos trabalhando para isso a cada dia, com o trabalho simples, planejado, coerente, permanente. É nossa melhor contribuição e, além disso, uma homenagem a todos aqueles que ofereceram a vida pela causa do comunismo.

Viva os 20 anos de luta do PCM!

Viva o marxismo-leninismo!

Viva o internacionalismo proletário!"

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB).


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