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300810_trafico_crianasMoçambique - Canalmoz - A partir de Outubro próximo os transportes inter-provinciais de passageiros, escolas, serviços hoteleiros e migratórios, passam a estar envolvidos na denúncia de casos de tráfico e abuso de menores que ocorrem no país.


A iniciativa revelada na última sexta-feira, em Maputo, num seminário sobre a intensificação da cobertura jornalística na prevenção da violência e abuso sexual contra a criança, é do Ministério do Interior.

A chefe do Departamento da Mulher e Criança, no Comando-Geral da Polícia, Lurdes Mabunda, elucida que a colaboração com aqueles sectores surge do facto de se constatar um incremento do tráfico e abuso sexual de crianças no país.

Lurdes Mabunda não entrou em detalhes estatísticos sobre tal incremento, mas apontou, por exemplo, que, não poucas vezes, as crianças traficadas são transportadas em semi-colectivos de passageiros e em nenhum momento os passageiros se preocupam em percorrer 300 quilómetros com menores traficadas a dormirem mesmo ao lado.

Relativamente às casas de hospedagem, pensões e hotéis, Lurdes Mabunda indica que os seus gestores oferecem serviços, sem quaisquer questionamentos, a pessoas que se fazem acompanhar por menores de idade.

Lurdes Mabunda defende que "é importante que os transportadores semi-colectivos passem a exigir declarações dos pais das crianças que forem a transportar de uma província para outra" e que "nos locais de hospedagem também aconteça o mesmo". Reiterou o apelo aos serviços migratórios para que não deixem pessoas atravessarem fronteiras com menores a dormirem sem apresentarem os respectivos passaportes.

O gabinete de atendimento à Mulher e Criança diz que está igualmente preocupado com a instrumentalização de crianças. Lurdes Mabunda exemplifica que na província de Nampula, um pai surpreendeu a sua filha de 15 anos de idade numa pensão com um adulto. Quando a queixa deu entrada na Polícia, identificou o indivíduo com quem estava como seu namorado e negou que estivesse a ser violada.

"Quando se fala da violência doméstica, pensa-se na mulher, mas, muitas vezes, a criança também faz parte. Noutros casos, as crianças são interceptadas em situação deploráveis, mas sempre negam que estejam a ser traficadas. Elas alegam que vão às cidades ao encontro de familiares ou à procura de trabalho", refere Lurdes Mabunda.

Por seu turno, o presidente do MISA-Moçambique, Tomás Viera Mário, considera que reportar casos de violência doméstica mexe com muitas sensibilidades. "A notícia de audiência chama mais atenção quando se trata de casos de violência e rapto de crianças, mas nós como profissionais não devemos olhar os factos como um mero espectáculo. Na condição de comunicadores devemos encarar este assunto como um elemento dos direitos humanos", apela o jurista.

Todo o ser humano, afirma Tomás Viera Mário, tem o direito à dignidade que não pode ser trocada pelas audiências televisivas. "Qual é o valor que está por detrás destas notícias, porquê se reporta uma notícia sobre a violência doméstica", questiona e responde: "há termos próprios que devemos saber usar". Segundo ele, os jornalistas não devem explorar, de forma abusiva, o sofrimento dos outros. Devem reportar a saberem que a notícia traumatiza e piora a situação da vítima.


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