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130215 moMoçambique - MovFemme - O Movimento de Mulheres Feministas de Moçambique (MovFemme), saiu em defesa da nova Governadora de Gaza na sequência das críticas que surgiram contra a sua pessoa depois de ter sido nomeada para uma região conhecida por ser "machista".


O cenário político em Moçambique nos lembra muito o “chapa”[1] na cidade de Maputo. É governado e fiscalizados por indivíduos do sexo masculino e as mulheres servem apenas como passageiras, quase sempre importunas por não se adequarem devidamente a frenética e abarrotada corrida que antecipa a entrada neste transporte. Isso, não é novidade para ninguém. Somos percebidas como “aquelas que vão na boleia” ocupando espaços políticos não merecidos só para fazer de capa positiva para uma agenda internacional: a equidade de género. Mas, quando o machismo dissimulado dá lugar para a falta de respeito, o “chapa” se transforma no “my love”[2] e na política, as mulheres passam de um incômodo para ser um objecto!

É desta forma que, agentes do patriarcado se dirigiram para com Stella da Graça Pinto, a recém  Governadora da Província de Gaza. Como forma de contestar a sua nomeação foi feito uso deliberado e maquiavélico da democratização dos meios de comunicação para veicular videos e imagens algumas visivelmente clonadas, onde é exposta a imagem de uma mulher nua e em posição sexual que caluniosamente é apontada como sendo a referida Governadora. Constatou-se que, o objectivo incoerente de tal contra-campanha seria então, provar a falta de competência e moral da Governadora para dirigir a Província. Tudo isto, senhoras e senhores deve-se ao simples facto de a  nomeada Governadora ser mulher e principalmente por ser jovem, uma vez que, a Província de Gaza tem sido governada exclusivamente por homens desde a proclamação da independência nacional a Junho de 1975. É, portanto, uma clara acção para reforçar e prepetuar o esteriótipo de que as mulheres são naturalmente incapacitadas para ocupar posições de decisão e acedem a qualquer emprego ou cargo de poder a partir de favores sexuais . Crime cibernético, calúnia e difamação, no final o que se questiona mesmo é a integridade de quem praticou.

130215 gaza mPosto isto, questionamos em primeiro lugar os meios utilizados para comprovar a incompetência da Governadora. Mas desde quando é que competência e honra de um indivíduo  se classifica apartir de sua sexualidade?! Se assim for, porque motivo nunca houveram testes de competências idênticos aplicados aos homens que são parte do cenário político deste país?. Em segundo lugar, dizer que estamos cépticas em relação ao real carácter de uma sociedade que rejeite a eleição de uma representante de dois segmentos (mulher e juventude) que constituem a maioria populacional neste País. E que ainda por cima, foram sendo excluídos dos processos de decisão durante longos anos. Assim, consideramos imperioso que seja colocada à mão na consciência e se pare com actos desta natureza para que não seja preciso que se exigija uma prova pública de maturidade e coerência.

Não nos intimidaremos e seguiremos reforçando nossas competências para aceder aos cargos políticos com base em mérito e confiança sem que a nossa moral seja questionada e nossa sexualidade seja o mote de representação pública. A rejeição da jovem Governadora Stella Zeca representa uma flagrante desvalorização de toda a força feminina jovem deste País. As competências de liderança devem ser postas a prova em exercício dos cargos pelos quais os (as) dirigentes foram /são nomeados e não através de artifícios machistas e retrógrados que em nada se coadunam com a perspectiva de direitos humanos e da igualdade de género de que exigimos e a lei mãe desta pátria apregoa. Não mudaremos de sexo nem esperaremos mais tempo para agir, exigimos o nosso espaço na condução dos destinos do país AGORA. Porque existimos, somos parte e temos opiniões e contribuições a fazer. A nossa participação na sociedade não pode ser resumida a de objecto doméstico e sexual.

Nenhuma cultura está a cima dos Direitos Humanos.

Somos mulheres sim, somos jovens sim e vamos dirigir!

[1] Nome designado ao que seria o transporte público em Moçambique, se não fosse uma agressão aos direitos das (os) cidadãos;

[2] Nome designado ao que seria transporte público complementar no mesmo País, se as mulheres não fossem nele sexualmente objectizadas;

 


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