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270316 mexMéxico - Esquerda Diário - [Sulem Estrada] É uma das cidades mais hostis, sem dúvida, para ser mulher. Desde o assédio cotidiano até o flagelo do feminicidio e tráfico, que cerceiam a vida de trabalhadoras, estudantes e jovens.


Se é trabalhadora, estudante e vive na periferia, tem de levantar-se às 4h da manhã. Mais ainda, se vive no Estado do México e trabalha ou estuda no Distrito Federal, a viagem é um verdadeiro perigo. No bairro estão estragadas as luminárias, o asfalto, tem que esperar o transporte no escuro, absolutamente alerta para que não a cerque por nenhum lado. Com o cabelo molhado e ainda o sono no rosto, sabe que enfrenta o monstro chilango e que está a muitos quilômetros de seu destino.

Subir no transporte não é garantia de nada, sempre tem de se garantir para que não sejam somente homens - porque todas sabemos dos estupros coletivos em caminhões e carros públicos - mas às vezes não tem outra opção porque já está tarde. Novamente alerta, com um leve medo sulcando a espinha dorsal. Sente alívio quando chega ao metrô, porém ainda ali, além dos rios intermináveis de gente com pressa e que se pisa e se empurra, tem que assegura-se em tomar o vagão de mulheres. Se não o fizer, já sabe que pode enfrentar uma situação desagradável e novamente aguça os sentidos.

Se tem sorte, chega em seu destino sem contratempos, mas ainda nos dias de sorte alguém te tocou, te disse algo agressivo, te olhou de maneira lasciva. Na volta, às 22h, tem de enfrentar a mesma situação, mas com o cansaço nas costas. Nas linhas maiores, como a que vai da Cidade do México a Indios Verdes, sempre emana o sono e tomamos todas (e todos) grandes e pesadas cochiladas enroscadas em algum dos tubos metálicos que nossas mãos seguram.

Quando nos escravizam

A Cidade do México segue sendo uma das entidades do país com maiores taxas de exploração sexual e tráfico de pessoas. Junto com o Estado do México, que é já o estado número 1 em feminicídio e tráfico, assim que compartilhamos esse flagelo que é particularmente grave nas periferias que unem a mancha urbana da zona metropolitana.

Segundo a Promotoria Especial para os delitos de Violência contra as Mulheres, são registrados oficialmente mais de uma centena de casos de escravidão sexual na cidade, sem mencionar o grande buraco negro dos casos que não são denunciados.

As vítimas mais comuns do tráfico são mulheres jovens, pobres, ainda na adolescência entre 12 e 18 anos. Porém a escravidão sexual passa também por meninas, meninos e pela comunidade LGBT.

Como é segredo a vocês, a polícia está associada com as redes de tráfico. Nas operações “antitráfico”, as vítimas são feitas de vítimas novamente por policiais e funcionários que as golpeiam e intimidam para obter declarações, abusam delas sexualmente ou as maltratam, como tem denunciado inclusive a Secretaria de Trabalho da capital.

A cidade da desesperança

Mas nem o assédio nem a escravidão sexual são o pior dos pesadelos. A sombra do feminicídio, tão extenso no país que a cada 3 horas uma mulher é assassinada, paira sobre as cabeças das mulheres da capital.

No meio do ano passado, começaram a aparecer notícias assinalando a Cidade do México como um foco vermelho da luta contra o feminicídio.

Mais ou menos, são estimados 10 homicídios contra mulheres ao mês, mas não existem números oficiais sobre feminicídio na capital. O que temos denunciado incansavelmente é a responsabilidade e associação da polícia e dos governos com o feminicídio e com o tráfico, seja por associação direta ou por omissão.

Para a Constituinte e como parte da aspirância de uma candidatura independente de Sergio Moissen, as companheiras do Pão o Rosas estamos apresentando que é a voz das mulheres que tem de se escutar contra o abuso sexual, o tráfico e o feminicídio.


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