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131015 ptPortugal - Jornal Mudar de Vida - [Pedro Goulart] No rescaldo e na continuação de algumas ilusões


Em 4 de Outubro votaram menos de 5 milhões e 400 mil dos mais de 9 milhões e 400 mil eleitores inscritos, isto é, votaram apenas cerca de 57% do total dos inscritos. Mais uma vez aumentou a abstenção. E, daqueles que votaram, à volta de 200 mil optaram pelo voto branco ou nulo. De referir ainda que os partidos de Coelho e Portas, que concorreram como PAF, obtiveram apenas pouco mais de 21% dos eleitores inscritos. É neste contexto que, sem consulta a quaisquer outros partidos, Passos Coelho foi encarregado pelo PR de encontrar uma solução governativa “estável”, certamente a pensar num governo do PSD/CDS, com o apoio do PS. Esta ideia de Cavaco Silva é, aliás, característica de um pensamento autoritário e arrogante, assim como um bom indicador do tipo de representatividade exigível aos governantes em democracia burguesa.

De salientar, contudo, que desta representatividade de um futuro governo PSD/CDS (menos de 2 milhões de votos num total de mais de 9 milhões de inscritos) e destes partidos terem perdido cerca de 700 mil votos em relação às legislativas anteriores, mesmo assim, depois das malfeitorias praticadas por esta gente contra a esmagadora maioria dos trabalhadores e do povo português, uma tal votação (2 milhões) não pode ser explicada apenas pela defesa dos interesses de classe burguesa desses votantes, mas deve-se em grande medida à habitual manipulação levada a cabo pelos média do sistema, ao medo e à mentalidade de escravo de alguns, assim como à ignorância de muitos.

Por outro lado, e apesar de mais de 50% dos votantes (PS, PCP, BE e outros) terem expresso um voto claramente contrário à nefasta política, dita de austeridade, deste governo dos patrões, é de sublinhar como as classes dominantes portuguesas, a Comissão Europeia, o FMI, as agências de notação, os analistas políticos a soldo – toda uma corja de instituições e mercenários ao serviço do capital – lhes procuram impor um governo de continuidade da criminosa política praticada nos últimos anos contra os trabalhadores e o povo. A direita perde as estribeiras e recorre mesmo a um argumentário nojento e ridículo quando lhe cheira a hipótese de um qualquer outro governo que escape aos seus gizados planos de rapina.

O afastamento do governo PSD/CDS, que nos últimos anos tem feito a vida negra às classes trabalhadoras e ao povo, seria hoje um facto bastante positivo, aliviando por agora o enorme sofrimento imposto aos explorados e aos pobres. Mas não podem ser alimentadas ilusões sobre os objectivos e alcance de um eventual governo dirigido pelo PS , mesmo com o beneplácito do PCP e do BE. Embora estes sejam partidos que se situam na ala esquerda do regime. E admitindo que António Costa não está apenas a ganhar tempo e margem de manobra com as negociações à esquerda para depois melhor negociar à direita e que a corja direitista que já se manifesta de dentro do PS o deixa fazer tal aliança à sua esquerda.
Na certeza, porém, de que uma (necessária) mudança profunda da actual situação económica, política e social que se vive em Portugal só poderá ser levada a cabo por um forte movimento de massas e de classe. Daí, a necessidade urgente da construção de uma forte alternativa de classe proletária.


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