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4538104178 72ea7bc370 zBrasil - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O governo do PT e os grupos políticos que o apoiam tentam apresentar a crise econômica no Brasil como se estivesse sob controle. Há grupos que chegam a dizer que o ajuste econômico não é aplicado pelo governo federal, mas pelos governos estaduais.


Produção industrial sofreu contração de 17%, em relação a 2010, apesar do governo ter repassado para o setor R$ 130 bilhões, desde novembro de 2013, apenas em renúncia fiscal. Foto: Manu Dias/AGECOM/GOVBA (CC BY 2.0)

A direita, por sua vez, tenta apresentar a crise econômica no Brasil como a pior desde o início do século XX, deixando de lado, de maneira grotesca, a crise de 1929 e a dos anos de 1980. O que realmente está acontecendo?

Na realidade, a crise capitalista no Brasil evolui a passos largos e o país caminha rapidamente para a implosão das contas públicas, das quais dependem todas as grandes empresas, o que deverá acontecer no máximo em dois ou três anos, numa previsão até conservadora. A escalada do endividamento público, da inflação, do desemprego e da recessão deverá se intensificar no próximo período e o Brasil deverá colapsar, na linha de frente, conforme os países centrais enfrentarem um novo colapso no próximo período, que deverá ser muito mais profundo que todos os anteriores. Isso é inevitável e o desenvolvimento da situação econômica e política internacional o evidenciam. Só não enxerga quem não quer. Basta ver o que está acontecendo no Oriente Médio, na Europa, nos Estados Unidos, no Japão, na China, na Rússia, na América Latina e no Brasil.

A direita e o imperialismo tentam aplicar o “ajuste econômico” contra as massas à Macri, ou à Peña Nieto (o presidente imposto do México). No Brasil, essa política tem nome e sobrenome: “reformas” trabalhista, fiscal e da previdência. O governo do PT enfrenta enormes dificuldades para avançar nesse sentido, capitula à direita, faz concessões, mas enfrenta crescentes dificuldades para manter a base de apoio.

A economia brasileira em recessão

De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o IBC-BR, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, a economia brasileira sofreu contração de -4,08%, em 2015, e de 0,52% em janeiro. A previsão da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para 2016 é de mais uma contração de -4%.

A produção industrial sofreu contração de 17%, em relação a 2010, apesar do governo ter repassado para o setor R$ 130 bilhões, desde o mês de novembro de 2013, apenas em renúncia fiscal.

As vendas do comércio varejista caíram 2,7% no mês de dezembro, e 7,1% no acumulado do ano. A inflação medida pelo IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor), da FGV (Faculdade Getúlio Vargas), subiu para 1,42% somente no último mês de janeiro. O aumento da inflação, acompanhado da paralisia da produção e do comércio, está na base da chamada “estagflação”, ou paralisia econômica com inflação.

O endividamento da população não para de subir, pressionado pela alta dos juros e pela carestia da vida. O chamado estoque de crédito rotativo, que mede o não pagamento da totalidade da conta do cartão de crédito, cresceu 21% em 2015, o dobro de 2014. Os juros usurários cobrados pelas operadoras dos cartões de crédito atingiram 7,67% ao mês, e 142,74% ao ano, em janeiro. O aumento do desemprego tende a pressionar a inadimplência.

Várias empresas que foram beneficiárias das políticas do governo entraram em situação falimentar. Na linha branca, a Mabe, a Continental e a Dako, beneficiadas por enormes isenções fiscais desde novembro de 2013, faliram. Houve ocupação das fábricas.

A Usiminas negocia dívidas bancárias de R$ 4,3 bilhões com vencimento até 2018, e precisa levantar R$ 900 milhões este ano.

As exportações brasileiras conseguiram um superávit de quase US$ 20 bilhões, no ano passado, por causa da redução das importações, em primeiro lugar. O chamado “modelo de desenvolvimento Lula”, que, de fato, foi uma imposição do imperialismo e que direcionou a economia do país para a produção e exportação especulativas de meia dúzia de matérias-primas, entrou em colapso. O aprofundamento da crise na China provocou a forte queda no consumo de matérias-primas e colocou contra as cordas todos os países latino-americanos.

A queda dos preços das matérias-primas pressiona a balança comercial. A enorme queda do preços do minério de ferro e do petróleo nos mercados internacionais são os dois principais vilões no caso brasileiro, que acabou ficando dependente da agricultura e da pecuária. Uma espécie de retorno à época colonial. Mas também esses setores não vivem uma bonança. Em janeiro, a venda de carne bovina registrou uma queda de 13,5%, apesar das vendas terem aumentado em 1%.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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