No entanto, vai ser o responsável pelo maior programa-quadro de sempre de investigação e inovação da União Europeia – o Horizonte 2020 – com um orçamento de quase 80 mil milhões de euros para os próximos sete anos e considerado como vital para o futuro da Europa.

Juncker espera que Carlos Moedas, no seu novo cargo, se foque na Investigação aplicada, com uma maior participação do sector privado. O que significa que todas as áreas importantes da C&T sem uma componente aplicada, como sejam as humanidades, ciências sociais e humanas e qualquer tipo de investigação fundamental, serão prejudicadas e negligenciadas a favor de ciência aplicada e que dê "lucro" a curto prazo.

A expectativa de Juncker é coerente com o plano que o Horizonte 2020 colocará em prática, no sentido da divisão geopolítica do investimento em C&T na Europa. Como já sabemos, aos pequeninos e instrumentais países do sul cabe o saber tecnocientífico e aos grandes do centro e norte a ciência fundamental. Neste sentido, colocar um português a gerir o investimento com este critério cumpre também outro objectivo: conseguir legitimação pela auto-flagelação. Além disso, escolher um tecnocrata neoliberal sem qualquer conhecimento ou sensibilidade para tudo o que não seja uma folha de excel, é um golpe de mestre.

Depois de vários atentados à Ciência e Tecnologia no nosso país – com avaliações desastrosas dos centros de ciência, com o maior corte no número de bolsas atribuído nas últimas 2 décadas e concursos envoltos em polémicas – também a Europa terá de ficar à mercê das políticas de excelência e rigor que tanto têm prejudicado a C&T em Portugal nos últimos anos.